quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A importância da disciplina


As pessoas mais produtivas são aquelas que se organizam

O Papa João Paulo II disse – na Carta às Famílias, escrita em 1994 –, que “o ato de educar o filho é o prolongamento do ato de gerar”. O ser humano só pode atingir a sua plenitude, segundo a vontade de Deus, se for educado; e essa missão é, sobretudo, dos pais. É um direito e uma obrigação deles ao mesmo tempo. É pela educação que a criança aprende a disciplina, por isso os genitores não podem se descuidar dela, deixando-a abandonada a si mesma. Se isso ocorrer, essa criança será como um terreno baldio onde só nasce mato, sujeira, lixo e bichos venenosos. Sem disciplina não se consegue fazer nada de bom nesta vida.
Muitas pessoas não conseguem vencer os problemas e vícios pessoais porque não são disciplinadas. Muitas não conseguem ser perseverantes em seus bons propósitos porque lhes falta essa virtude [disciplina]. Para vencer um vício ou para dominar um mau hábito é preciso disciplina. É por ela que aprendemos a nos dominar. Vale mais um homem que se domina do que o que conquista uma cidade, diz a Bíblia.
A disciplina depende evidentemente da força de vontade; e esta é fortalecida pela graça de Deus. São Paulo diz que é Deus “ que opera em nós o querer e o fazer” (cf. Fil 2,13). As grandes organizações, fortes e duradouras, como, por exemplo, a Igreja, apoiam-se em uma rígida disciplina. É isso que lhes dá condições de superar os modismos e as ameaças de enfraquecimento. Também as grandes empresas fazem o mesmo.
Em primeiro lugar, é preciso organizar a sua vida. Defina e marque, com clareza, todas as suas atividades; sejam elas profissionais, religiosas ou de lazer. Deve haver um tempo definido para cada coisa; o improviso é a grande causa da perda de tempo e de insucesso. As pessoas mais produtivas são aquelas que se organizam. Essas fazem muitas coisas em pouco tempo. Não deixam para depois o que deve ser feito agora.
Não adianta você ter muitos livros se eles não estiverem arrumados por assunto, assim você não vai encontrar um livro que desejar. Não adianta você ter muitos artigos guardados se eles não estiverem classificados e indexados. No meio da bagunça não se pode achar nada, e perde-se muito tempo. Então, aprenda a arquivar tudo com capricho. O povo diz que um homem prevenido vale por dois. Então, seja prudente, cauteloso, previdente. Se você sabe que a sua memória falha, então carregue com você uma caneta e papel, e anote tudo o que deve fazer durante do seu dia, ou sua ida à cidade.
Muitos fracassam em seus projetos porque não sabem fazer um bom planejamento, com critérios, organização e método, porque não são disciplinados. A pressa atropela o planejamento, por falta de disciplina; é um perigo. Sem disciplina não se consegue fazer um bom planejamento. Muitas obras são construídas repletas de defeitos, e custam mais, porque faltou planejamento, disciplina e ordem. Lembre-se: é muito mais fácil, rápido e barato, fazer uma obra planejada, do que fazer tudo às pressas e depois ter que ficar remendando os erros cometidos.
Foi muito feliz quem escreveu em nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Disciplina significa você fazer tudo com ordem, critério, método e organização. Então, disciplina é uma virtude que se adquire desde a infância, em casa com os pais, na escola, na Igreja, no trabalho…
Sem disciplina gastamos muito mais tempo para fazer as coisas e pode-se ficar frustrado de ver o tempo passar sem acabar o que se pretendia fazer. Por isso, é preciso aprender a organizar a vida, o armário e a casa, arrumar a mesa de trabalho, a agenda de compromissos, etc. A disciplina se adquire com o hábito. Habitue-se a fazer tudo com planejamento, ordem, capricho, etapa por etapa, sem atropelos. Deus nos dá o tempo certo e suficiente para fazer o que precisamos fazer.
São Paulo disse aos coríntios que “os atletas se impõem todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguir uma coroa corruptível. Nós o fazemos por um coroa incorruptível”(1Cor 9,25).
Nenhum atleta vence uma competição sem muita disciplina, treinos, regimes, horários rígidos, etc. Ora, na vida espiritual, pela qual desejamos ganhar a “coroa incorruptível”, a disciplina é mais necessária ainda. Ninguém cresce na vida espiritual sem disciplina: horário para rezar, meditar, trabalhar, etc. Estabeleça para você uma rotina de exercícios espirituais diários, e cumpra isto rigorosamente.
Assim Deus vai lentamente ocupando o centro de sua vida, como deve ser com cada cristão. Sem isto você será um cristão inconstante e tíbio.
É preciso insistir e persistir no objetivo definido. Não recue e não abandone aquilo que decidiu fazer. Para isto, pense bem e planeje bem o que vai fazer; não faça nada de maneira afoita, atropelada, movido pelo sentimentalismo ou apenas pela emoção. Não. Só comece uma atividade, física ou espiritual, se tiver antes pensado bem e estiver convencido de que precisa e quer de fato realizá-la. Peça a graça de Deus antes de iniciar a atividade; e prometa a você mesmo não recuar e não desanimar. Cada vez que você começa uma atividade de maneira intempestiva, e logo desiste dela, enfraquece a sua vontade e deixa a indisciplina ganhar espaço em sua vida.
Sem disciplina não se pode chegar à santidade. São Paulo chegou a dizer: “Castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros” (I Cor 9,27).

Professor Felipe Aquino 

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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mais de 500 lideres nos Estados Unidos assinam declaração contra o mandato abortista de Obama


Mais de 500 lideres religiosos dos Estados Unidos assinaram a declaração com o título: “Inaceitável” (Unacceptable) na qual repulsam  o mandato abortista da administração Obama que obriga os empregadores a pagar planos de saúde que cobrem a anticoncepção, a esterilização e pílulas abortivas.
A declaração que leva a assinatura de líderes de todo o território norte americano, critica também a tentativa de Barack Obama de "remendar" o mandato para fazê-lo mais “adequado” à liberdade religiosa.
Dentre os líderes que assinaram está o, recentemente criado Cardeal Timothy Dolan, Arcebispo de Nova Iorque e o Presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), além de diversos líderes protestantes, ortodoxos, judeus, muçulmanos dentre outros, incluindo vários liberais e catedráticos.
O texto, divulgado pelo Fundo Becket para a Liberdade Religiosa, aponta, dentre outras coisas, que a tentativa de “remendo” de Obama “não muda o conteúdo moral da proposta em nada e fracassa ao tentar revogar o assalto à liberdade religiosa e ao direito à objeção de consciência que originaram essa controvérsia.”
Segundo a norma modificada, "o governo ainda obriga as instituições religiosas e seus indivíduos a comprarem planos de saúde que incluem os mesmos serviços” que promovem a cultura de morte.
Os líderes lembram a necessidade de reverter esse mandato e reiteram à administração que as instituições religiosas “estão comprometidas em sua missão religiosa e como tais, gozam das proteções da Primeira Ementa” que garante a liberdade de culto.
A declaração foi redigida pela professora Mary Ann Glendon, da Escola de Leis da universidade de Harvard, o professor Robert P. George da Universidade de Princeton; Yuval Levin e Hertog Fellow do Ethics and Public Policy Center; o professor O. Carter Snead de Notre Dame; e John Garvey, Presidente da Catholic University of America.
Entre os assinantes estão o rabino David Novak da Universidade de Toronto, o catedrático muçulmano Shaykh Hamza Yusuf; o catedrático da Universidade de Chicago, Jean Bethke Elshtain;o famoso catedrático em liberdade Religiosa e conhecido litigante,  Michael McConnell da Stanford Law School; e o Arcebispo Joseph Kurtz, Vice-presidente da USCCB.
Thomas Pangle da Universidade do Texas; o rabino Meir Soloveichik da Yeshiva University; o Arcebispo da Filadelfia, Dom Charles J. Chaput; o líder evangélico Charles Colson; o arcebispo  Peter Akinola, ex-primaz anglicano da Nigéria; Paige Patterson, ex-presidente da Southern Baptist Convention; entre muitos outros também figuram como assinantes no documento.
Para ler a declaracão (em inglês), visite:

Médico adverte que Obama usa falácias para impor lei de saúde abortista


O médico Luis Raez, considerado um dos 20 melhores oncologistas do mundo e autor de mais de 70 livros e revistas de medicina em inglês, espanhol e português, criticou o Governo de Barack Obama por usar uma série de falácias para dizer que sua controvertida lei de saúde pró-aborto não atenta contra a liberdade religiosa nos Estados Unidos.

Em seu artigo "O Fim da Liberdade Religiosa nos Estados Unidos", Raez se referiu ao mandato da Secretaria Geral de Saúde de obrigar a todas as instituições, incluindo religiosas, prover e facilitar serviços de contracepção e esterilização aos seus empregados.
"Isto é tão grave que inclusive outros grupos religiosos protestantes e ortodoxos que geralmente estão a favor da contracepção, vêem nesta lei um precedente terrível que atenta contra a liberdade religiosa e sob esse princípio, estas Igrejas também se opõem a esta lei", indicou no texto enviado ao grupo ACI.
Nesse sentido, o médico denunciou as falácias usadas pelo Governo americano para confundir os opositores, como quando diz que "as Igrejas estão exoneradas deste requerimento de oferecer contracepção".

"Isto é falso porque para poder exonerar as Igrejas elas têm que provar que só servem e possuem trabalhadores de sua própria fé, o que é totalmente ridículo: acaso a 
Igreja Católica só serve os seus paroquianos? O que acontece todas as obras de caridade que se oferece, por exemplo, com os pobres de qualquer fé?", perguntou.
Do mesmo modo, o Dr. Raez indicou que é falso o dado que os médicos católicos não serão forçados a prescrever contraceptivos e abortivos, pois se no sistema de saúde se aprova como um serviço regular o uso de contraceptivos, os médicos que não façam uso deles podem terminar "sendo excluídos dos planos de saúde já que não prestam todos os serviços ‘fundamentais’ ou ‘requeridos pela lei’".
Raez reconheceu que a pílula abortiva RU486 não está coberta por esta norma, mas advertiu que existe uma proposta de lei para considerá-la como "contraceptivo de emergência", e se isto for aprovado a pílula "seria automaticamente adicionada à nova lei".
"Além disso a RU486 não é a única pílula controvertida, por exemplo: a Ulipristal (HRP 2000 ou ‘Ela’) é um fármaco análogo à RU486 e estaria sendo incluída dentro do mandato", acrescentou.
O médico também qualificou de "ridículo" o argumento da administração Obama de que com as novas apólices que cobrem a anticoncepção o número de gravidezes não desejadas cairia e portanto isto diminuiria o custo do sistema de saúde. "O governo que mostre pelo menos UM estudo que prove que esta medida é eficaz para esse propósito. Ademais há um risco aqui de tratar a gravidez como uma doença que deve ser prevenida a todo custo", exigiu.
"O Presidente Obama não vê o que acontece na Europa? As sociedades envelhecem por falta de crianças e têm problemas gigantescos com imigrações não desejadas ou com falta de trabalhadores jovens para sustentar a sociedade", advertiu.
Entretanto, o Dr. Luis Raez afirma que esta norma de saúde não deve causar surpresa porque a posição do Presidente Obama a favor do aborto é bem conhecida. "Desde que Obama estava em campanha eleitoral prometeu à Planned Parenthood’ que a legislação sobre "direitos reprodutivos" (isto inclui contracepção e aborto), seria parte primordial de sua agenda de reforma da saúde".
Finalmente, destacou que "mais de 150 Bispos nos EUA já se pronunciaram contra esta lei", e exortou os católicos a "protestarem em todos os foros possíveis contra este tipo de violação".
"Essa é a única maneira que nossos direitos vão a ser respeitados e devemos rezar para que o Presidente Obama se converta de coração e mude uma agenda de governo liberal e anti-vida por uma na que se promova a dignidade e se respeite a vida da pessoa humana desde sua concepção até sua morte natural", afirmou.

Famoso ateu Richard Dawkins admite que não está seguro da inexistência de Deus


Um dos mais famosos ateus do mundo, o britânico Richard Dawkins, admitiu durante um debate na Universidade de Oxford, que não pode ter certeza de que Deus não existe.
No debate sobre a natureza e a origem do homem, Dawkins disse ao máximo líder anglicano, o arcebispo Rowan Williams, que prefere declarar-se agnóstico antes que ateu.
O debate, que fechou uma semana no qual se falou muito sobre a liberdade religiosa e a vida pública na Grã-Bretanha, realizou-se no Sir Christopher Wren’s Sheldonian Theatre e foi transmitido ao vivo através da Internet.
Em um momento do diálogo, o arcebispo disse ao catedrático que se sentia "inspirado pela elegância" de sua explicação sobre a origem da vida com a qual concordava em vários aspectos.
Conforme assinala o Daily Telegraph, o professor Dawkins disse ao arcebispo que "o que não posso entender é por que você não é capaz de ver a extraordinária beleza da idéia da vida começando de um nada. Isso é algo elegante, formoso. Por que quer poluí-lo com uma idéia confusa como Deus?"
Williams respondeu que estava "de acordo completamente com o elemento da beleza" no argumento de Dawkins mas precisou: "não estou falando de Deus como um extra mas como o centro disso".
Dawkins surpreendeu logo a todos afirmando que não estava 100% seguro de que não existisse um criador. Então o filósofo Sir Anthony Kenny, que mediu no debate perguntou: "por que você não diz então que é um agnóstico?", e Dawkins respondeu que era assim.
Incrédulo Anthony Kenny replicou: "Mas se diz que você é o ateu mais famoso do mundo...", ao qual Dawkins respondeu que está "6,9 de sete" seguro daquilo que acreditava.
"Acredito que a possibilidade de que exista um criador sobrenatural é muito, mas muito baixa", acrescentou Dawkins.
Logo o debate se deu em torno da possibilidade de que o homem tivesse evoluído de ancestrais não humanos, mas que chegaram à realidade atual de seres "à imagem e semelhança de Deus", conforme afirmou o arcebispo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O casamento é o unico "lugar" digno da procriação, afirma o Santo Padre


Como parte da 18 ª Assembléia Geral da Pontifícia Academia para a Vida no Vaticano, o Papa Bento XVIafirmou que "a união do homem e da mulher naquela comunidade de amor e vida que é o casamento, é o único “lugar” digno da vocação à existência de um novo ser humano, que é sempre um dom. 
"A dignidade humana e cristã da procriação, na verdade, não é um" produto", mas em relação ao ato conjugal, uma expressão de amor dos esposos, da sua união não só biológicas, mas também espiritual."
Em seu discurso para mais de 200 participantes na reunião, que este ano abordará o tema "Diagnóstico e tratamento da infertilidade," o Santo Padre observou que este, além de sua importância humana e social, "tem um valor científico único e expressa a possibilidade real
um diálogo fecundo entre ética e pesquisa biomédica ".
Bento XVI felicitou e alentou os presentes a "considerar cuidadosamente a dimensão moral, encontrar formas de avaliação diagnóstica adequada e terapia para corrigir as causas da infertilidade. "
O Papa falou aos  cientistas sobre o seu desejo de promover a honestidade intelectual de sua obra, que é "uma expressão de uma ciência que mantém desperto o espírito da busca da verdade no serviço do autêntico bem humano e que evita o risco de ser uma prática puramente funcioal .”
O Santo Padre lamentou que "o cientificismo e a lógica da ganância hoje parecem dominar o campo da infertilidade e da procriação humana, chegando a limitar muitas outras áreas de pesquisa."
"A Igreja presta muita atenção para a situação dos casais com infertilidade, cuida deles, e com razão, incentiva a pesquisa médica."
Bento XVI observou que "as legítimas aspirações de procriação de um casal que está em uma condição de infertilidade deve encontrar, com a ajuda da ciência, uma resposta que respeite plenamente sua dignidade como pessoas e esposos."
No entanto, o Santo Padre observou que a ciência nem sempre é capaz de responder aos desejos de muitos casais, por isso lembrou aqueles que têm uma condição de infertilidade que esta não é uma frustração para a sua vocação para o casamento.
"Onde a ciência ainda não encontrou uma resposta, a resposta dada pela luz vem de Cristo."
Finalmente, o Papa disse aos profissionais presentes que “a indiferença de consciência contra a verdade e o bem representa uma perigosa ameaça ao genuíno progresso científico". 
"As pessoas confiam em vocês para servir a vida, têm confiança no seu empenho e apoio para aqueles que precisam de consolo e esperança". 

Vaticano estuda infertilidade para dar soluções acessíveis e morais ao tema



Enquanto na Costa Rica a Corte Interamericana de Direitos humanos tenta impor a fecundação in vitro, durante uma semana, a Pontifícia Academia para a Vida no Vaticano reúne a peritos de todo o mundo para a 18º Assembléia Internacional. O objetivo deste ano refletir sobre o diagnóstico e as terapias da infertilidade.

Dom Ignacio Carrasco da Paula, Presidente da Academia Pontifícia para a Vida, explicou quais os objetivos que buscados neste encontro: "a Academia quer contribuir aos esforços de frear a proliferação da infertilidade, que freqüentemente destrói o justo desejo de paternidade e maternidade para muitos casais".

"Por outro lado, deseja proporcionar informação sobre os últimos avanços na prevenção e o tratamento deste problema com o fim de dar esperança aos casais inférteis", acrescentou.

Segundo as estatísticas mais recentes a infertilidade se converteu em um problema médico importante que afeta 15% da população dos países industrializados e 30,9% dos países em desenvolvimento.

Tendo em conta este fato e o sofrimento que causa a infertilidade nos casais, a Academia Pontifícia para a Vida deseja participar ativamente na busca de soluções novas e eficazes acessíveis ao público em geral.

Dado que os tratamentos atualmente disponíveis são limitados, o desafio exposto pela Academia pontifícia aos cientistas é compartilhar seus conhecimentos na busca de novas alternativas que dêem esperança aos casais e não promover aquelas que são incompatíveis com a moral católica como a fecundação in vitro.

Os estudiosos participantes escolhidos entre os melhores peritos internacionais e o desafio ir além da mera gestão dos sintomas até o tratamento real da infertilidade.

Entre os participantes se encontram os sacerdotes argentinos padre Alberto Bochatey OSA, reitor do Colégio Internacional Santa Mônica (Roma), e o presbítero Rubén Revello, diretor do Instituto da Bioética da Pontifícia Universidade Católica Argentina "Santa Maria de Buenos Aires".

A Academia pediu aos profissionais atribuir as opções atuais de diagnóstico e tratamento das verdadeiras causas da infertilidade, com o fim de criar um degrau no avanço rumo a soluções permanentes par ao problema.

A doutrina católica se opõe à fecundação in vitro por duas razões primitivas: primeiro, porque se trata de um procedimento contrário à ordem natural da sexualidade que atenta contra a dignidade dos esposos e do matrimônio; segundo, porque a técnica supõe a eliminação de seres humanos em estado embrionário tanto fora como dentro do ventre materno, implicando vários abortos em cada processo.

As sessões da Assembléia estão abertas ao público que poderão as seguir através da página Web da Academia Pontifícia: www.academiavita.org  

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Discurso do Papa ao Circulo de São Pedro - 24/02/2012

Discurso
Audiência dos sócios do Circulo de São Pedro
Sala dos Papas, Vaticano
Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Queridos Sócios do Circulo de São Pedro!

Tenho o prazer de recebê-los neste encontro que acontece próximo à Festa da Cátedra de São Pedro, circunstancia esta que lhes oferece a ocasião de manifestar a peculiar fidelidade à Sé Apostólica que, desde sempre, distingue o seu meritório Circulo. Saúdo todos vocês com viva cordialidade. Saúdo o Presidente Geral, o Duque Leopoldo Torlonia, agradecendo-o pelas afetuosas e devotas palavras a mim dirigidas, interpretando os sentimentos de todos vocês, e saúdo o assistente eclesial. 

Apenas iniciamos o caminho quaresmal, e como recordei em minha recente mensagem (publicada no dia 8 de fevereiro), este Tempo litúrgico nos convida a refletir sobre o coração da vida cristã: a caridade.

A Quaresma é um tempo propício a fim que, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, nos renovamos na fé e no amor, tanto a nível pessoa, quanto comunitário. 

É um percurso marcado pela oração e partilha, pelo silêncio e jejum, na espera de viver a alegria pascoal. A Carta aos Hebreus nos exorta com estas palavras: “Olhemos uns pelos outros para estímulo à caridade e às boas obras” (Heb 10,24).

Queridos amigos, hoje como ontem, o testemunho da caridade toca de modo particular o coração dos homens; a nova evangelização, especialmente numa cidade cosmopolita como Roma, requer grande abertura de espírito e sábia disponibilidade para com todos. 

Neste sentido, bem faz a rede de intervenção assistencial que vocês, todos os dias, realizam em favor de todos aqueles que se passam necessidade. Gosto de recordas a generosa obra que desenvolvem nas Cozinhas, nos abrigos noturnos, na Casa Familiar, no Centro multiuso, bem como o testemunho silencioso, além da eloquente oferta de apoio dos pacientes e suas famílias no Hospice Foundation Roma, sem esquecer os esforços missionários no Laos e nas doações à distância. 

Nós sabemos que a autenticidade da nossa fidelidade ao Evangelho se verifica também baseada na atenção e na solicitude concreta que nos esforçamos para manifestar para com nosso próximo, especialmente para com os mais necessitados e marginalizados. 

A atenção ao outro comporta desejar a ele o bem em todos os aspectos: físico, moral e espiritual. Mesmo se a cultura contemporânea parece ter perdido o sentido do bem e do mal, precisamos reafirmar vigorosamente que o bem existe e vence. A responsabilidade para com o próximo significa então querer e fazer o bem ao outro, desejando que ele se abra a lógica do bem; interessar-se pelo irmão significa abrir os olhos sobre suas necessidades, superando a dureza do coração que nos torna cegos para o sofrimento dos outros.

Assim, o serviço da caridade se torna uma forma privilegiada de evangelização, à luz do ensinamento de Jesus, que considera como feito a si mesmo o que fizemos aos nossos irmãos, especialmente aos menores e esquecidos (cfr Mt 25,40). 

Precisamos harmonizar nosso coração com o coração de Cristo, a fim que o sustento amoroso oferecido aos outros resulte em participação e partilha consciente dos seus sofrimentos e suas esperanças, tornando assim visível, por um lado a misericórdia infinita de Deus para com cada homem, que resplandece no rosto de Cristo, e de outra parte a nossa fé Nele.

O encontro com o outro e abrir o coração a sua necessidade são ocasiões de salvação e de bem-aventurança.

Queridos componentes do Circulo de São Pedro, como em todos os anos, vocês vieram este ano, conceder-me a oferta para a caridade do Papa, que vocês recolheram nas paróquias de Roma. Isso representa uma ajuda concreta oferecida ao Sucessor de Pedro, para que possa responder aos inúmeros pedidos que chegam de todas as partes do mundo, especialmente dos países mais pobres. 

Agradeço-lhes de coração por todas as atividades que generosamente desenvolveram e com o espírito de sacrifício e que nasce da fé de vocês, do relacionamento com Deus cultivado todos os dias. Que a fé, a caridade e o testemunho continuem a ser a linha que guia o apostolado de vocês; 

E depois, como não recordar a presença de vocês nas Celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro? Isso torna cada vez maior a honra de vocês, em quanto manifestam desta forma a constante dedicação e devota fidelidade que os unem a Se do Apóstolo Pedro. 

Que o Senhor lhes recompense e cubra de bênçãos o seu Circulo; que Ele ajude cada um de vocês a realizar a própria vocação cristã em família, no trabalho e no interior da sua Associação. 

Queridos amigos, ao renovar meu apreço pelo serviço que vocês prestam à Igreja, lhes confio, bem como suas famílias, à ajuda materna da Virgem Maria Salus Populi Romani e dos seus Santos Protetores.

Da minha parte, asseguro recordar de vocês em minhas orações, e aqueles que estão ao lado de vocês nas várias iniciativas e aqueles que vocês encontram no apostolado diário, enquanto carinhosamente concedo a todos uma especial Bênção Apostólica.

Analfabetismo religioso é um problema para a Igreja, diz Papa



O Papa Bento VXI se encontrou na manhã desta quinta-feira, 23, com os párocos de Roma, um encontro tradicional no inicio da Quaresma. Bento XVI apresentou uma lectio divina centrada no capitulo IV da Carta de São Paulo aos Efésios.
Para o Santo Padre, um grande problema para a Igreja atual é o analfabetismo religioso, enfatizou o Papa. Por isso a Igreja precisa apropriar-se novamente do conteúdo da fé.
“Não como pacote de dogmas, devemos fazer tudo, para nos renovarmos e fazer de maneira que Cristo seja conhecido”, salientou aos párocos.
Bento XVI deteve-se também sobre aqueles que se definem fiéis adultos, porque emancipados do Magistério da Igreja. Na realidade, o resultado não é uma fé adulta, mas uma dependência da opinião do mundo. 
“A verdadeira emancipação  é libertar-se desta ditadura das opiniões e acreditar no Filho de Deus. Só assim, concluiu, somos capazes de responder aos desafios do nosso tempo”, afirmou.

Segundo o Pontífice, o grande sofrimento na Europa, no Ocidente para a Igreja é a falta de vocações. “Mas o Senhor chama sempre. É preciso ouvir esta chamada”, disse ele destacando que os padres devem ser humildes, mansos e magnânimos. 

“Quando sou humilde tenho também a liberdade de estar em contraste com o pensamento dominante. Esta humildade dá-me a capacidade da verdade. E é por isso que na Igreja precisamos saber aceitar também mansões pequenas, mas grandes aos olhos de Deus”, ressaltou.Durante o encontro o Papa entregou aos párocos das várias dioceses de Roma o texto intitulado “Escolhido por Deus para os homens”. Trata-sede uma regra de vida, fruto do Ano Sacerdotal, um traçado espiritual, um guia ideal oferecido a todos os padres romanos para que cresçam na alegria da vocação comum e na unidade do sacerdócio.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Papa: Na Quaresma vemos que Deus nos dá a vitória apesar das agitações da vida


Vaticano, 22 Fev. 12 


No início da Quaresma hoje, Quarta-feira de Cinza, o Papa Bento XVI refletiu sobre este tempo de preparação para aPáscoa e exortou a ver que o Senhor dá aos fiéis a vitória apesar das agitações da vida.

Diante de quase 8 mil fiéis presentes na Sala Paulo VI no Vaticano, o Santo Padre exortou, falando em espanhol, a que "durante a Quaresma, a imitação do Senhor, sintamos como Deus fortalece nosso espírito e nos dá a vitória, face às naufraga da vida presente".

Bento XVI alentou ademais a que na Quaresma os fiéis encontrem "novo valor para aceitar com paciência e fé qualquer situação de dificuldade, aflição e de prova, sabendo que o Senhor fará surgir das trevas o novo dia".

"E se fiéis a Jesus seguindo-o pelo caminho da Cruz, o claro mundo de Deus, o mundo da luz, a verdade e a alegria, nos será dado de novo".

O Papa explicou que na Igreja antiga, a Quaresma era o tempo no que os catecúmenos iniciavam seu caminho de fé e conversão para receber o batismo.

Pouco a pouco, todos os fiéis convidados a viver este período de renovação espiritual. Deste modo, "a participação de toda a comunidade nas diversas passagens do itinerário quaresmal sublinha uma dimensão importante da espiritualidade cristã: graças à morte e ressurreição de Cristo, a redenção alcança não a uns poucos mas a todos".

O Papa explicou que "o tempo que precede a Páscoa um tempo de 'metanoia', o tempo da mudança, do arrependimento; o tempo que identifica nossa vida e toda nossa história com um processo de conversão que põe-se em marcha agora para encontrar o Senhor no final dos tempos".

A Igreja denomina este tempo "Quadragésima", tempo de quarenta dias, com uma referência precisa à Sagrada Escritura, já que "quarenta o número simbólico com o que o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos principais da experiência de fé do Povo de Deus".

"Uma cifra que expressa o tempo da espera, da purificação, do retorno ao Senhor, da consciência de que Deus é fiel a suas promessas, (…) um tempo dentro do qual é preciso decidir-se a assumir as próprias responsabilidades sem as postergar ulteriormente. O tempo das decisões amadurecidas".

Noé transcorre 40 dias na arca por causa do dilúvio, e logo tem que esperar outros 40 antes de poder descer à terra firme. Moisés permanece 40 dias no monte Sinai para recolher os Mandamentos. O povo hebreu peregrina 40 anos pelo deserto, e goza logo depois de outros 40 de paz sob o governo dos Juízes.

No Novo Testamento, Jesus se retira a orar ao deserto durante 40 dias antes de iniciar a vida pública, e, depois da ressurreição, instrui os discípulos durante 40 dias antes de subir ao Céu.

A liturgia da Quaresma, assinalou o Papa, "tem como fim favorecer um caminho de renovação espiritual –à luz desta longa experiência bíblica– e, sobre tudo, de imitação de Jesus, que nos 40 dias que passou no deserto nos ensinou a vencer a tentação com a Palavra de Deus".

"Jesus se dirige ao deserto para estar em profunda união com o Pai. Esta dinâmica é uma constante na vida terrena de Jesus, que busca sempre momentos de solidão a fim de rezar ao Pai e permanecer em íntima e exclusiva comunhão com Ele, para voltar logo em meio do povo".

Neste tempo de "deserto", continuou o Santo Padre, "Jesus assaltado pela tentação e as seduções do maligno, quem lhe propõe uma via messiânica afastada do projeto de Deus porque passa através do poder, do êxito, do domínio, em lugar de passar pelo amor e o dom total na Cruz".

Bento XVI assinalou que a Igreja peregrina pelo "deserto" do mundo e da história, formado pelo aspecto negativo da realidade: "a pobreza de palavras de vida e de valores, o secularismo e a cultura materialista, que confinam a pessoa no horizonte mundano da existência sem nenhuma referência ao transcendente".

"Neste ambiente, o céu sobre nós escuro, porque está coberto pelas nuvens do egoísmo, da incompreensão e do engano. Não obstante, também para a Igreja de hoje o tempo do deserto pode transformar-se em tempo de graça, já que temos a certeza de que, inclusive da rocha mais dura, Deus pode fazer brotar água viva que refresca e restaura".

Ao final da catequese, Bento XVI saudou em vários idiomas os peregrinos; falando em polonês, sublinhou que "o jejum e a oração, a penitência e as obras de misericórdia" os principais meios para preparar a celebração da Páscoa.

O Papa deu também umas especiais boas-vinda aos fiéis do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, erigido recentemente há mais de um ano, dentro do território da Inglaterra e Gales, para grupos de sacerdotes e fiéis anglicanos que desejem entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Catequese de Bento XVI - 22/02/2012


CATEQUESE
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Queridos irmãos e irmãs,

Nesta catequese gostaria de deter-me brevemente sobre o tempo da Quaresma, que inicia-se hoje com a liturgia da quarta-feira de cinzas. Se trata de um itinerário de quarenta dias que nos conduzirá ao Tríduo Pascal, memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor, o coração do mistério da nossa salvação. Nos primeiros séculos de vida da Igreja, este era o tempo no qual aqueles que tinha escutado e acolhido o anúncio de Cristo, iniciavam passo a passo, o caminho de fé e de conversão para chegar ao Sacramento do Batismo. Se tratava de uma aproximação ao Deus vivo e de uma iniciação à fé que deveria cumprir-se gradualmente, mediante uma mudança interior por parte dos catecúmenos, isto é, daqueles que desejavam tornarem-se cristãos e serem incorporados ao Cristo e à Igreja.
Sucessivamente, também os penitentes e depois todos os fiés foram convidados a viver este itinerário de renovação espiritual, para conformar sempre mais a própria existência àquela de Cristo. A participação de toda a comunidade nas diversas passagens do percurso quaresmal sublinha uma dimensão importante da espiritualidade cristã: é a redenção não de alguns, mas de todos graças à morte e ressurreição de Cristo. Portanto, caso fossem aqueles que percorriam um caminho de fé como catecúmenos para receber o Batismo, ou aqueles que estavam distantes de Deus e da comunidade de fé e procuravam a reconciliação, ou mesmo aqueles que viviam a fé em plena comunhão com a Igreja, todos juntos sabiam que o tempo que precede a Páscoa, é um tempo de Metanóia, isto é de mudança interior, do arrependimento, o tempo que identifica a nossa vida humana e toda a nossa história como um processo de conversão e coloca em movimento agora para encontrar o Senhor nos fins dos tempos.
Com uma expressão que se tornou típica na Liturgia, a Igreja denomina o período no qual entramos hoje “Quadragésima”, isto é tempo de quarenta dias e com uma clara referência à Sagrada Escritura, nos introduz assim em um precioso contexto espiritual. Quarenta é de fato, o numero simbólico com o qual o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos fortes da experiência de fé do Povo de Israel. È um numero que exprime o tempo de espera, da purificação, do retorno ao Senhor, da consciência que Deus é fiel às suas promessas. Este numero não representa um tempo cronologico exato, uma soma de dias. Indica mais que isso, uma paciente perseverança, uma longa prova, um período suficiente para ver as obras de Deus, um tempo no qual é necessario decidir-se e a assumir as próprias responsabilidades. È um tempo de decisões maduras.
O número quarenta aparece antes de tudo na história de Noé. Este homem justo, que por causa do dilúvio transcorre quarenta dias e quarenta noites na arca, junto à sua família e aos animais que Deus havia dito de leva-los consigo. E espera outros quarenta dias, depois do dilúvio, antes de tocar na terra firme, que foi salva da destruição (Gen 7,4.12;8,6). Depois, a próxima etapa: Moisés fica sobre o Monte Sinai, diante da presença do Senhor, quarenta dias e quarenta noites, para acolher a Lei. Em todo este tempo jejua (Ex 24,18). Quarenta são os anos de viagem do povo hebreu do Egito à Terra prometida, tempo de experimentar a fidelidade de Deus. “Recorda-te de todo o caminho que o Senhor, teu Deus, te fez percorrer nestes quarenta anos. O teu manto não se rasgou pelo seu uso nem os pés se incharam nestes quarenta anos” (Dt 8,2.4). Os anos de paz que Israel experimenta em Juízes são quarenta (Jz 3,11.30), mas transcorrido este tempo, inicia o esquecimento dos dons de Deus e o retorno ao pecado. O profeta Elias leva quarenta dias para atingir o Oreb, o monte onde encontra Deus (I Re 19,8). Quarenta são os dias durante os quais os cidadãos de Nínive fazem penitência para obterem o perdão de Deus. Quarenta também são os anos dos reinos de Saul, de Davi e de Salomão, os três primeiros reis de Israel. Também os Salmos refletem sobre o significado bíblico dos quarenta dias, como por exemplo o Salmo 95, do qual ouvimos o trecho: “Se escutásseis hoje a sua voz! “Nao endureceis o coração como em Meriba, como no dia de Massa no deserto, onde me tentaram os vossos pais: me colocaram à prova, mesmo tendo visto as minhas obras. Por quarenta anos me desgostou aquela geração e eu disse: são um povo de coração transviado, não conhecem as minhas vias” (v 7c-10).
No Novo Testamento, Jesus, antes de iniciar a vida pública, se retira no deserto por quarenta dias, sem comer, nem beber (Mt 4,2), se nutre da Palavra de Deus, que usa como arma para vencer o diabo. As tentações de Jesus fazem referência àquelas que o povo hebraico enfrentou no deserto, mas que não souberam vencer. Quarenta são os dias durante os quais Jesus Ressuscitado instruiu os seus, antes de ascender ao Céu e enviar o Espirito Santo (At 1,3).
Com este recorrente numero de quarenta é descrito um contexto espiritual que permanece atual e valido, e a Igreja, exatamente mediante os dias do período quaresmal, mantém o perdurante valor e os tornam a nós presente a eficácia. A liturgia cristã da Quaresma tem o objetivo de favorecer um caminho de renovação espiritual, à luz desta longa experiência bíblica e sobretudo para aprender a imitar Jesus, que nos quarenta dias transcorridos no deserto ensinou a vencer a tentação com a Palavra de Deus. Os quarenta dias da peregrinação de Israel no deserto apresentam atitudes e situações ambivalentes. De uma parte essas são a estação do primeiro amor com Deus e entre Deus e seu povo, quando Ele falava ao coração, indicando-lhes continuamente a estrada a ser percorrida. Deus havia tomado, por assim dizer, morada em meio a Israel, o precedia dentre de uma nuvem ou uma coluna de fogo, providenciava todos os dias o necessário fazendo descer o maná e fazendo brota a água da rocha. Portanto, os anos transcorridos por Israel no deserto se podem ver como o tempo da especial eleição de Deus e da adesão à Ele da parte do povo: tempo do primeiro amor. Por outro lado, a Bíblia mostra também uma outra imagem da peregrinação de Israel no deserto: é também o tempo das tentações e dos perigos maiores, quando Israel murmura contra o seu Deus e quer voltar ao paganismo e constroem os próprios idolos, diante da exigência de venerar um Deus mais próximo e tangível. E também um tempo da rebelião contra Deus grande e invisível.
Esta ambivalência, tempo de especial proximidade a Deus – tempo do primeiro amor - , e tempo da tentação – tentação do retorno ao paganismo - , a encontramos em modo surpreendente no caminho terreno de Jesus, naturalmente sem nenhum comprometimento com o pecado. Depois do batismo de penitência do Jordão, no qual assume sobre si o destino do Servo de Deus que renuncia a si mesmo e vive pelos outros e se coloca entre os pecadores para tomar sobre si o pecado do mundo, Jesus se refugia no deserto para estar quarenta dias em profunda união com o Pai, repetindo assim a história de Israel, todos aquelas sequências de quarenta dias ou anos os quais citei. Esta dinâmica é uma constante na vida terrena de Jesus, que procura sempre um momento de solidão para orar ao seu Pai e permanecer em intima comunhão, em intima solidão com Ele, em exclusiva comunhão com Ele, para depois retornar para o meio das pessoas. Mas neste tempo de “deserto” e de encontro especial com o Pai, Jesus se encontra exposto ao perigo e é invadido pela tentação e pela sedução do Maligno, o qual o propõe uma outra via messiânica, longe do projeto de Deus, porque passa através do poder, do sucesso, do dinheiro, do domînio e não através do dom total na cruz. Esta é a alternativa: um messinanismo de poder, de sucesso ou um messianismo de amor, de dom de si.
Esta situação de ambivalencia descreve também a condição da Igreja no caminho no "deserto' do mundo e da história. Neste deserto, nós cristãos temos certamente a oportunidade de fazer uma profunda experiência com Deus que faz forte o espirito, confirma a fé, nutre a esperança, anima a caridade; uma experiência que nos faz participantes da vitoria de Cristo sobre o pecado e sobre a morte mediate o sacrificio de amor na cruz. Mas o “deserto" É também o aspecto negativo da realidade que nos circunda: a aridez, a pobreza das palavras de vida e de valores, o secularismo e a cultura materialista, que fecham a pessoa no horizonte mundano do existir diminuindo toda referência à transcedência. É este também o ambiente no qual o céu que está sobre nós é obscuro, porque está coberto pelas nuves do egoísmo, da incompreessão e do engano. Apesar disso, também para a Igreja de hoje, o tempo do deserto pode transformar-se em tempo de graça, já que temos a certeza que também da rocha mais dura, Deus pode fazer brotar agua vida que mata a sede e restaura.
Queridos irmãos e irmãs, nestes quarenta dias que nos conduzirão à Pascoa podemos encontrar nova coragem para aceitar com paciência e com fé todas as situações de dificuldade, de aflições e de prova, na consciência que das trevas o Senhor faz surgir um dia novo. E se tivermos sido fiéis a Jesus seguindo-o na vida da Cruz, o claro mundo de Deus, o mundo da luz, da verdade e da alegria nos será restabelecido: será a aurora nova criada pelo próprio Deus. Bom caminho quaresmal a todos.

 

Ao fim da Audiência Geral, o Papa fez uma síntese da catequese em português e saudou os peregrinos 

Queridos irmãos e irmãs,
Nos próximos quarenta dias, que nos levarão até ao Tríduo Pascal – celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo –, somos convidados a viver um caminho de conversão e renovação espiritual, que nos faça sair de nós mesmos para ir ao encontro do Senhor.

Este período será um tempo propício para uma experiência mais profunda de Deus, que torne forte o espírito, confirme a fé, alimente a esperança e anime a caridade. Poderemos assim ver e recordar tudo aquilo que Ele fez por nós. Daí, concluiremos que só o Senhor nos merece; e, sem mais adiamentos nem hesitações, entregar-nos-emos nas suas mãos.

E Cristo tornar-nos-á participantes da vitória sobre o pecado e a morte, que Ele nos alcançou com o seu amor levado até ao extremo da imolação por nós na cruz. Seguindo o caminho da cruz com Jesus, ser-nos-á aberto o mundo luminoso de Deus, o mundo da luz, da verdade e da alegria. Inundados por esta luz, ganharemos nova coragem para aceitar, com fé e paciência, todas as dificuldades, aflições e provações da vida, sabendo que, das trevas, o Senhor fará surgir a alvorada nova da ressurreição.
A minha saudação amiga para o grupo escolar da Lourinhã e todos os peregrinos presentes de língua portuguesa. A Virgem Maria tome cada um pela mão e vos acompanhe durante os próximos quarenta dias que servem para vos conformar ao Senhor ressuscitado. A todos desejo uma boa e frutuosa Quaresma!