sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Agenda Católica mundial para 2012

A comemoração do 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II com um ‘Ano da Fé’ e a realização de um Sínodo dos Bispos sobre a ‘Nova Evangelização’ são pontos centrais da agenda católica mundial para 2012.
Para o teólogo João Duque, presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP), considera que estes são momentos que podem promover uma “redescoberta da identidade”.
“Penso que estes 50 anos de distância nos permitirão uma reflexão que conduza o Concílio aos seus núcleos fundamentais e permita compreender quais os seus contributos para a profunda transformação da Igreja, no permanente caminho de aproximação à sua identidade e aproximação ao mundo, para o qual existe”, sublinha o especialista, em texto publicado no semanário Agência ECCLESIA.
“Nessa redescoberta, considero fundamental a orientação da fé, pois é nela que se encontra a base da correta ou incorreta realização do que pretendeu o Concílio”, acrescenta.
Bento XVI anunciou, em outubro deste ano, a convocação de um ‘Ano da Fé’ entre outubro de 2012 e novembro de 2013, para assinalar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965).
Na carta apostólica ‘A porta da fé’, o Papa explica os objetivos da iniciativa: “Pareceu-me que fazer coincidir o início do ano da fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos padres conciliares”.
Também em 2012, de 7 a 28 de outubro, vai ter lugar a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
O texto preparatório desta reunião magna destaca que, desde o Concílio Vaticano II até hoje, “a nova evangelização se propôs, cada vez mais com maior lucidez, como o instrumento” para enfrentar “com os desafios de um mundo em acelerada transformação”.
Elias Couto, editor da revista digital ‘Cristo e a Cidade’  e colaborador habitual da Agência ECCLESIA, sublinha a “crise da fé”, na Europa, e diz que “a criação do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, por Bento XVI”, juntamente com a realização do próximo Sínodo, representam “uma tentativa de «forçar» o andamento”, dada a “urgência da situação”.
“Não se trata de uma estratégia, mas do regresso à originalidade da fé e à capacidade de síntese que fez das primeiras Igrejas poderosos focos geradores de cultura, uma cultura nova que reinventou o mundo antigo”, assinala,acrescentando que “a nova evangelização é um dever da Igreja face à antiga Europa cristã”.
Ainda no novo ano, Bento XVI vai deslocar-se pela primeira vez ao México e Cuba, acontecimento que para o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, será um dos “momentos-chave dos próximos meses”

Juventude é centro das atenções da Igreja

O pontificado de Bento XVI é marcado pela fé e por sua capacidade de anunciar com clareza, nos tempos de hoje, a palavra de Deus e Cristo Jesus na história. É isso que indica o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, segundo o qual, a juventude estará cada vez mais no centro das atenções da Igreja no mundo.

“A mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2012 (1º de janeiro) tem como tema 'Educar os jovens para a justiça e a paz', e os jovens levarão essa mensagem durante todo o ano. Nesse sentido, o Brasil se sente particularmente estimulado desde que os jovens receberam, em agosto passado, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora para preparar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, no Rio de Janeiro, em julho de 2013” – afirma, entrevistado pela Canção Nova.

A experiência dos mais de 2 milhões de jovens reunidos para a JMJ 2011 em Madri foi um sinal claro e uma garantia de que os jovens são o futuro da sociedade e da Igreja.
 

“Este ano, então, será dedicado a eles. Educar os jovens para a justiça e a paz significa que estes jovens levarão a todo o Brasil, a toda a parte, a mensagem da Cruz de Cristo, que é sinal de paz, apesar de todas as dificuldades que os cristãos hoje enfrentam em várias partes do mundo. A cruz não é sinal de morte e de tristeza, mas de triunfo. Através desta mensagem, podemos chegar à felicidade. E isso os jovens compreendem bem, pois têm facilidade para sonhar, ter grandes ideais, e são aqueles que efetivamente levam adiante a
humanidade” - destaca Dom Lorenzo.

A JMJ foi destaque no discurso em que o Santo Padre apresentou os votos de Feliz Natal à Cúria Romana e fez um balanço da atividade da Igreja ao longo deste ano.
 


Além disso, Bento XVI cumpriu uma série de viagens internacionais: Croácia, Madri, Alemanha e Benin. Na Itália, esteve em Veneza, San Marino, Ancona e Calábria. E convocou o Ano da Fé, que começa em outubro de 2012 e segue até outubro de 2013.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva: os caminhos de Bento XVI em 2011


Joseph Ratzinger caminha para concluir o sétimo ano de Pontificado. Eleito à Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, este ano Bento XVI beatificou seu antecessor, num evento que marcou a história da Igreja Católica este ano e reuniu cerca de 1 milhão de pessoas na Praça São Pedro, no dia 1º de maio.
– Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa, de modo especial aos Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e numerosos fiéis, bem como às Delegações oficiais dos países lusófonos vindos para a Beatificação do Papa João Paulo II. A todos desejo a abundância dos dons do Céu por intercessão do novo Beato, cujo testemunho deve continuar a ressoar nos vossos corações e nos vossos lábios, repetindo como ele no início do seu pontificado: “Não tenhais medo! Abri as portas, melhor, escancarai as portas a Cristo”.
Ainda na Itália, Bento XVI foi à Veneza, San Marino, Ancora, Lamezia Terme e Assis. No Vaticano, durante às quartas-feiras e nos domingos, dividiu com os peregrinos a Palavra nas audiências gerais e na oração do Angelus. Esses dois encontros são especiais para os brasileiros. É o momento em que eles podem ouvir o Papa em português.
Em 2011, o Bispo de Roma completou 84 anos de vida. Nascido em Marktl am Inn, na Alemanha, em 1927, Bento XVI também viveu seu aniversário de 60 anos de ordenação sacerdotal. Porém, a missão do Papa vai muito além de datas comemorativas. Bento XVI levou a Palavra de Cristo em diversas viagens apostólicas, à Itália e ao exterior, e fez história ao ser o primeiro Papa a discursar no Bundestag, o Parlamento Alemão.
– O convite para pronunciar este discurso foi-me dirigido como Papa, como Bispo de Roma, que carrega a responsabilidade suprema da Igreja Católica. Deste modo, vós reconheceis o papel que compete à Santa Sé como parceira no seio da Comunidade dos Povos e dos Estados. Na base desta minha responsabilidade internacional, quero propor-vos algumas considerações sobre os fundamentos do Estado liberal de direito.
Além da Alemanha, Bento XVI também foi à Croácia e ao Benim, sua última viagem apostólica em 2011. Na Croácia, incentivou a entrada do País balcânico na União Europeia. Já na África, entregou a Exortação Apostólica Africae Munus, o Compromisso da África. Um dos momentos mais envolventes dessa segunda viagem de Bento XVI à África foi o encontro com as crianças.
– E o que é a oração? É um grito de amor lançado para Deus, nosso Pai, com a vontade de imitar Jesus, nosso Irmão. Jesus retirava-Se sozinho para rezar. Como Jesus, posso também eu encontrar cada dia um lugar calmo onde me recolho diante duma cruz ou duma imagem sagrada para falar a Jesus e escutá-Lo”.
Em Madri, na Espanha, durante a Jornada Mundial da Juventude, enfrentou junto com os milhões de jovens as adversidades da natureza. Nem mesmo o vento e a chuva esfriaram a fé dos jovens, que em Madri ouviram o Papa anunciar aquele que será um momento histórico para o Brasil em 2013: a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho.
– Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão-de pô-la em marcha e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira.
Em 31 de outubro, durante a apresentação das credenciais do novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, Bento XVI recordou quando esteve no Brasil, em 2007
– Deixo aqui minhas orações pela prosperidade e bem-estar de todos os brasileiros, cujo carinho experimentado na minha visita pastoral de 2007 permanece indelével nas minhas lembranças. Registro com vivo apreço e profundo reconhecimento a disponibilidade manifestada pelas diversas esferas governamentais da Nação, bem como da sua Representação diplomática junto da Santa Sé, para apoiar a XXVIII Jornada Mundial da Juventude que se realizará, se Deus quiser, em 2013 no Rio de Janeiro.
Outro fato marcante - e inédito - foi a Missa presidida e requirida pelo Papa para a América Latina, celebrada na Basílica de São Pedro, em português e espanhol, no dia 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, a Padroeira da América.
– Atualmente, enquanto se comemora em diversos lugares da América Latina o Bicentenário da sua independência, o caminho da integração nesse querido continente progride, enquanto se sente o seu novo protagonismo emergente no cenário mundial.
Para 2012, já foram confirmadas duas viagens apostólicas internacionais: Cuba e México.
di Rafael Belincanta
papabentoretrospectiva2011Joseph Ratzinger caminha para concluir o sétimo ano de Pontificado. Eleito à Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, este ano Bento XVI beatificou seu antecessor, num evento que marcou a história da Igreja Católica este ano e reuniu cerca de 1 milhão de pessoas na Praça São Pedro, no dia 1º de maio.
– Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa, de modo especial aos Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e numerosos fiéis, bem como às Delegações oficiais dos países lusófonos vindos para a Beatificação do Papa João Paulo II. A todos desejo a abundância dos dons do Céu por intercessão do novo Beato, cujo testemunho deve continuar a ressoar nos vossos corações e nos vossos lábios, repetindo como ele no início do seu pontificado: “Não tenhais medo! Abri as portas, melhor, escancarai as portas a Cristo”.
Ainda na Itália, Bento XVI foi à Veneza, San Marino, Ancora, Lamezia Terme e Assis. No Vaticano, durante às quartas-feiras e nos domingos, dividiu com os peregrinos a Palavra nas audiências gerais e na oração do Angelus. Esses dois encontros são especiais para os brasileiros. É o momento em que eles podem ouvir o Papa em português.
Em 2011, o Bispo de Roma completou 84 anos de vida. Nascido em Marktl am Inn, na Alemanha, em 1927, Bento XVI também viveu seu aniversário de 60 anos de ordenação sacerdotal. Porém, a missão do Papa vai muito além de datas comemorativas. Bento XVI levou a Palavra de Cristo em diversas viagens apostólicas, à Itália e ao exterior, e fez história ao ser o primeiro Papa a discursar no Bundestag, o Parlamento Alemão.
– O convite para pronunciar este discurso foi-me dirigido como Papa, como Bispo de Roma, que carrega a responsabilidade suprema da Igreja Católica. Deste modo, vós reconheceis o papel que compete à Santa Sé como parceira no seio da Comunidade dos Povos e dos Estados. Na base desta minha responsabilidade internacional, quero propor-vos algumas considerações sobre os fundamentos do Estado liberal de direito.
Além da Alemanha, Bento XVI também foi à Croácia e ao Benim, sua última viagem apostólica em 2011. Na Croácia, incentivou a entrada do País balcânico na União Europeia. Já na África, entregou a Exortação Apostólica Africae Munus, o Compromisso da África. Um dos momentos mais envolventes dessa segunda viagem de Bento XVI à África foi o encontro com as crianças.
– E o que é a oração? É um grito de amor lançado para Deus, nosso Pai, com a vontade de imitar Jesus, nosso Irmão. Jesus retirava-Se sozinho para rezar. Como Jesus, posso também eu encontrar cada dia um lugar calmo onde me recolho diante duma cruz ou duma imagem sagrada para falar a Jesus e escutá-Lo”.
Em Madri, na Espanha, durante a Jornada Mundial da Juventude, enfrentou junto com os milhões de jovens as adversidades da natureza. Nem mesmo o vento e a chuva esfriaram a fé dos jovens, que em Madri ouviram o Papa anunciar aquele que será um momento histórico para o Brasil em 2013: a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho.
– Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão-de pô-la em marcha e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira.
Em 31 de outubro, durante a apresentação das credenciais do novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, Bento XVI recordou quando esteve no Brasil, em 2007 – Deixo aqui minhas orações pela prosperidade e bem-estar de todos os brasileiros, cujo carinho experimentado na minha visita pastoral de 2007 permanece indelével nas minhas lembranças. Registro com vivo apreço e profundo reconhecimento a disponibilidade manifestada pelas diversas esferas governamentais da Nação, bem como da sua Representação diplomática junto da Santa Sé, para apoiar a XXVIII Jornada Mundial da Juventude que se realizará, se Deus quiser, em 2013 no Rio de Janeiro.
Outro fato marcante - e inédito - foi a Missa presidida e requirida pelo Papa para a América Latina, celebrada na Basílica de São Pedro, em português e espanhol, no dia 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, a Padroeira da América.
– Atualmente, enquanto se comemora em diversos lugares da América Latina o Bicentenário da sua independência, o caminho da integração nesse querido continente progride, enquanto se sente o seu novo protagonismo emergente no cenário mundial.
Para 2012, já foram confirmadas duas viagens apostólicas internacionais: Cuba e México.
Fonte: CNBB

Catequese de Bento XVI - Oração na Sagrada Família - 28/12/2011


CATEQUESE
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


Queridos irmãos e irmãs,
Este nosso encontro desenvolve-se em um clima de Natal, inundado de íntima alegria devido ao nascimento do Salvador. Celebramos há pouco este mistério, cujo eco se expande na liturgia de todos estes dias. É um mistério de luz que os homens de todas as épocas podem reviver na fé e na oração. Exatamente através da oração nós nos tornamos capazes de aproximarmo-nos de Deus com intimidade e profundidade. Por isso, tendo presente o tema da oração, que estou desenvolvendo neste período nas Catequeses, hoje gostaria de convidar-vos a refletir sobre como a oração faz parte da vida da Sagrada Família de Nazaré. A Casa de Nazaré, de fato, é uma Escola de Oração, onde se aprende a escutar, a meditar, a penetrar o significado profundo da manifestação do Filho de Deus, através do exemplo de Maria, José e Jesus.
Permanece inesquecível o discurso do Servo de Deus Paulo VI por ocasião de sua visita a Nazaré. O Papa disse que, na Escola da Sagrada Família, nós "compreendemos porque devemos ter uma disciplina espiritual, se queremos chegar a ser alunos do Evangelho e discípulos de Cristo". E acrescenta: "Em primeiro lugar, a lição do silêncio. Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável condição do espírito; em nós, aturdidos por tantos ruídos, tantos rumores, tantas vozes de nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. O Silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a atitude de prestar ouvidos às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres" (Discurso em Nazaré, 5 de janeiro de 1964).
Podemos elencar alguns pontos sobre a oração, sobre a relação com Deus, da Sagrada Família, conforme as narrações evangélicas da infância de Jesus. Podemos partir do episódio da Apresentação de Jesus no templo. São Lucas narra que Maria e José, "concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor" (2,22). Como toda a família hebraica observante da Lei, os pais de Jesus dirigem-se ao templo para consagrar a Deus o primogênito e para oferecer o sacrifício. Movidos pela fidelidade à prescrição, partem de Belém e chegam a Jerusalém com Jesus, que tem, então, apenas quarenta dias; ao invés de um cordeiro de um ano, apresentam a oferta das famílias simples, isto é, duas pombas. Aquela da Sagrada Família é a peregrinação da fé, da oferta dos dons, símbolo da oração e do encontro com o Senhor, que Maria e José já veem no filho Jesus.
A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável.  O rosto do Filho lhe pertence a título especial, porque é no seu ventre que se formou, tomando dela também uma semelhança humana. À contemplação de Jesus, ninguém se dedicou com tanta assiduidade quanto Maria. O olhar do seu coração concentra-se sobre Ele já no momento da Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo. Nos meses sucessivos, adverte, pouco a pouco, a Sua presença, até o dia do nascimento, quando os seus olhos podem fixar, com ternura materna, o rosto do filho, enquanto o envolve em faixas e o coloca na manjedoura. As lembranças de Jesus, fixadas na sua mente e no seu coração, marcaram cada instante da existência de Maria. Ela vive com os olhos sobre Cristo e valoriza cada uma de Suas palavras. São Lucas diz: "Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" (2,19), e assim descreve a atitude de Maria diante do Mistério da Encarnação, atitude que se prolongará em toda a sua existência: conservar todas as coisas, meditando-as no seu coração.
Lucas é o Evangelista que nos faz conhecer o coração de Maria, sua fé (cf. 1,45), sua esperança e obediência (cf. 1,38), sobretudo sua interioridade e oração (cf. 1,46-56), a sua livre adesão a Cristo (cf. 1,35). E tudo isso procede do dom do Espírito Santo que desce sobre Ela (cf. 1,35), e que descerá sobre os Apóstolos, segundo a promessa de Cristo (cf. At 1,8). Essa imagem de Maria, que nos dá São Lucas, apresenta Nossa Senhora como modelo de cada fiel que conserva e se coloca frente às palavras e ações de Jesus, atitude que é sempre um progredir no conhecimento de Jesus.
Nos passos do Beato Papa João Paulo II (cf. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae), podemos dizer que a oração do Rosário tem seu modelo exatamente em Maria, porque consiste no contemplar os mistérios de Cristo em união espiritual com a Mãe do Senhor. A capacidade de Maria de viver do olhar de Deus é, por assim dizer, contagiante. O primeiro a fazer tal experiência é São José. O seu amor humilde e sincero pela sua prometida esposa e a decisão de unir sua vida à de Maria atraiu e introduziu também a ele, que já era um "homem justo" (Mt1,19), em uma singular intimidade com Deus. De fato, com Maria e depois, sobretudo, com Jesus, ele começa um novo modo de relacionar-se com Deus, de acolhê-lo na própria vida, de entrar no seu projeto de salvação, cumprindo sua vontade. Após ter seguido com confiança a indicação do anjo – "não temas receber Maria por esposa" (Mt 1,20) –, ele tomou consigo a Maria e partilhou sua vida com ela. Verdadeiramente, doou totalmente a si mesmo a Maria e a Jesus, e isso o conduziu rumo à perfeição da resposta à vocação recebida. O Evangelho, como sabemos, não conservou nenhuma palavra de José: a sua é uma presença silenciosa, mas fiel, constante, operosa. Podemos imaginar que também ele, bem como sua esposa e em íntima comunhão com ela, viveu os anos da infância e adolescência de Jesus desfrutando, por assim dizer, da sua presença na família. José cumpriu plenamente sua missão paterna, em todos os aspectos. Seguramente educou Jesus à oração, juntamente com Maria. Ele, em particular, O terá levado consigo à sinagoga, nos ritos do sábado, bem como a Jerusalém, para as grandes festas do Povo de Israel. José, segundo a tradição hebraica, terá presidido à oração doméstica, tanto a cotidiana – pela manhã, à noite, nas refeições –, quanto a dos principais acontecimentos religiosos. Assim, no ritmo das jornadas transcorridas em Nazaré, entre a simples casa e a oficina de José, Jesus aprendeu a alternar oração e trabalho, e a oferecer a Deus também o cansaço para ganhar o pão necessário à família.
E, enfim, outro episódio que vê a Sagrada Família de Nazaré reunida em um evento de oração. Jesus, conforme escutamos, aos doze anos, dirige-se com os seus ao Templo de Jerusalém. Esse episódio coloca-se no contexto da peregrinação, como sublinha São Lucas: "Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa" (2,41-42). A peregrinação é uma expressão religiosa que se nutre de oração e, ao mesmo tempo, alimenta-a. Aqui se trata daquela peregrinação pascal, e o Evangelista faz-nos observar que a família de Jesus a vive a cada ano, para participar dos ritos na Cidade Santa. A família hebraica, bem como aquela cristã, reza na intimidade doméstica, mas reza também junto com a comunidade, reconhecendo-se parte do Povo de Deus em caminho, e a peregrinação expressa justamente esse "estar em caminho" do Povo de Deus. A Páscoa é centro e o cume de tudo isso, e envolve a dimensão familiar e aquela do culto litúrgico e público.

No episódio de Jesus aos doze anos, são registradas também as primeiras palavras do Senhor: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lc 2,49). Após três dias de busca, os seus pais encontram-No no Templo, sentado entre os Mestres, que o escutavam e interrogavam (cf. 2,46). À pergunta sobre o porquê fez isso com seu pai e sua mãe, Ele responde que fez somente aquilo que deve fazer o Filho, isto é, estar junto ao Pai. Assim, Ele indica quem é o verdadeiro Pai, qual é a verdadeira casa, que Ele não fez nada de estranho, de desobediente. Permaneceu onde deve estar o Filho, isto é, junto ao Pai, e sublinhou quem é o seu Pai.A palavra "Pai" destaca, portanto, o acento dessa resposta, aparecendo todo o mistério cristológico. Essa palavra abre, portanto, o mistério, é a chave do mistério de Cristo, que é o Filho, e abre também a chave do mistério nosso como cristãos, que somos filhos no Filho. Ao mesmo tempo, Jesus ensina-nos como ser filhos, exatamente no estar com o Pai em oração. O mistério cristológico, o mistério da existência cristã está intimamente ligado, fundado na oração. Jesus ensinará, um dia, seus discípulos a rezar, dizendo a eles: quando rezardes, dizei "Pai". E, naturalmente, não o dizei somente com uma palavra, mas dizei-o com a vossa existência, aprendei sempre mais a dizer com a vossa existência: "Pai"; e, assim, sereis verdadeiros filhos no Filho, verdadeiros cristãos.
Aqui, quando Jesus está ainda plenamente inserido na vida da família de Nazaré, é importante notar a ressonância que pode ter tido nos corações de Maria e José ouvir da boca de Jesus aquela palavra "Pai", revelando, sublinhando quem é o Pai, e ouvir da sua boca essa palavra com a consciência do Filho Unigênito, que exatamente por isso desejou permanecer três dias no templo, que é a "casa do Pai". Desde então, podemos imaginar, a vida na Sagrada Família foi então mais plena de oração, porque, do coração de Jesus menino – e depois adolescente e jovem –, não cessará mais de se difundir e refletir nos corações de Maria e José este senso profundo da relação com Deus Pai. Esse episódio mostra-nos verdadeira situação, a atmosfera do ser com o Pai. Assim, a Família de Nazaré é o primeiro modelo da Igreja em que, em torno da presença de Jesus e graças à sua mediação, vivem todos a relação filial com Deus Pai, que transforma também as relações interpessoais, humanas.
Queridos amigos, é por esses diversos aspectos que, à luz do Evangelho, brevemente traçados, a Sagrada Família é ícone da Igreja doméstica, chamada a rezar em união. A família é Igreja doméstica e deve ser primeira escola de oração. Na família, as crianças, desde a mais tenra idade, podem aprender a perceber o senso de Deus, graças ao ensino e ao exemplo dos pais: viver em uma atmosfera marcada pela presença de Deus. Uma educação autenticamente cristã não pode prescindir da experiência de oração. Se não se aprende a rezar em família, será depois difícil preencher esse vazio. E, portanto, gostaria de dirigir a vós o convite a redescobrir a beleza de rezar juntos como família, na escola da Sagrada Família de Nazaré. E, assim, tornar-vos realmente um só coração e uma só alma, uma verdadeira família.

Obrigado!




Ao final da Catequese, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa:
Queridos irmãos e irmãs,

No clima natalício que nos envolve, convido-vos a refletir sobre a oração na vida da Sagrada Família de Nazaré, tomando por modelo Jesus, Maria e José. Como toda a família judaica, os pais de Jesus – tinha ele quarenta dias - sobem ao templo para consagrar a Deus o filho primogênito. Maria ouve lá, do velho Simeão, palavras que lhe anunciam glórias e tribulações. Ela "guardava todas estas coisas no seu coração". Esta capacidade de Maria era contagiante, sendo o seu primeiro beneficiário José. De fato, ele, com Maria e sobretudo depois com Jesus, aprende a relacionar-se de modo novo com Deus, colaborando no seu projeto de salvação. Como era tradição, José presidia à oração doméstica no dia a dia: de manhã, à noite e nas refeições. Assim Jesus aprendeu a alternar oração e trabalho, e a oferecer a Deus o suor e cansaço para ganhar o pão de cada dia. Se uma criança não aprende a rezar em família, este vazio será difícil de preencher depois. Possam todos descobrir, na escola de Nazaré, a beleza de rezarem juntos como família.
Amados peregrinos de língua portuguesa,
A minha saudação amiga, vendo a vossa presença como a ocasião propícia para confiar ao Pai do Céu as vossas famílias e os sonhos de bem que abrigam no coração. Recebei, como penhor de paz e consolação, a minha Bênção Apostólica.

Aonde nasce os terroristas? Veja!





O Institute for Gulf Affairs, de Washington, Estados Unidos, recebeu edições de um livro escolar publicado pelo governo da Arábia Saudita que mostra como decepar pés e mãos de acordo com a Sharia, lei islâmica que pune diversos atos, entre eles  o homossexualismo.
No livro os alunos aprendem como devem cortar pés e mãos de pessoas que precisam ser punidas, e também são ensinados de que todos os judeus precisam ser exterminados e os homossexuais devem ser “levados à morte”.
O órgão americano disse ao Daily Mail que a linguagem jihadista empregada no livro, que é destinado à crianças e adolescentes, nada mais é do que a preparação para o terrorismo. “É onde o terrorismo começa, no sistema educacional”, disse Ali al-Ahmed, diretor do instituto.
Para os muçulmanos o “Corão” é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica. Ele é quem dita punições de diversos atos considerados crimes para o Islã. A segunda fonte usada pela lei é a “Suna”, uma obra que narra a vida e os caminhos do profeta Maomé.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Programação de Ano Novo - Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-Es

Veja a programação de Ano Novo em algumas paróquias da diocese de Cachoeiro de Itapemirim.

Consulte a secretaria de sua Paróquia e veja a programação completa em sua Paróquia.
Paróquia Nossa Senhora das Graças - IBC

31 de Dezembro

17h - Matriz - Primeira Celebração de Batismo presidida pelo diácono Jhauber

19h30 - S. Rita - Missa com Te Deum e Indulgência Plenária (Pe. Juliano)

19h30 - S. Agostinho - Missa com Te Deum e Indulgência Plenária (Pe. Antônio)

Dia 1º de Janeiro

10h - Matriz - Missa S. Maria Mãe de Deus (Pe. Juliano)

10h - São José - Missa S. Maria Mãe de Deus (Pe. Antônio)


Paróquia dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria - Nova Brasília
Nos dias 31/12/2011 e 01/01/2012 acontecerão somente  celebrações da palavra em todas as comunidades da paróquia de acordo com os horários estabelecidos por cada comunidade.


Paróquia Santíssimo Sacramento da Eucaristia - Paraíso

Dia 1º de Janeiro

19h - Missa


Paróquia São Sebastião - Aquidaban

Dia 31 de dezembro

19h - Adoração

20h - Missa


Paróquia Santo Antônio - Atílio Vivácqua

Dia 31 de dezembro

19h - Missa

Dia 1º de janeiro

19h - Missa


Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Itaóca

Dia 31 de dezembro

20h - Missa

Dia 1º de Janeiro

19h - Missa


Paróquia Nossa Senhora da Consolação - Guandu
1º de janeiro de 2012
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
6h30 - Celebração Eucarística
19h - Celebração Eucarística
Nos meses de janeiro e fevereiro não haverá a Missa das 17h, retornando somente no mês de março de 2012.

Mensagem do Papa - Dia Mundial da Paz

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE

BENTO XVI

PARA A CELEBRAÇÃO DO

XLV DIA MUNDIAL DA PAZ

1 DE JANEIRO DE 2012


EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ

O INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora » (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.

Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: « Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, económica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.

Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora actual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas  as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).

Os responsáveis da educação

A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar - na sua etimologia latina educere - significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ». Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos - o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.

Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.

Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.

Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Actuem de modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idóneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência. Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos.
Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dosmedia para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade actual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de facto, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.
Educar para a verdade e a liberdade
Santo Agostinho perguntava-se: « Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem - que deseja o homem mais intensamente do que a verdade? ». O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De facto, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence. Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem?O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade - não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida -, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o facto de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa. Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões »,incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele económico ou social, individual ou colectivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De facto, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d'Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à acção educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio "eu". Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de facto, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ».
Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado. Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem carácter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.
Assim o recto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.

Educar para a justiça
No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. De facto, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios económicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a "cidade do homem" não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».
« Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados » (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.

Educar para a paz
« A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ». A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n'Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n'Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser activos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos. « Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » - diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9).
A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.
Levantar os olhos para Deus
Perante o árduo desafio de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1).
A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (...), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ». O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).

Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.
Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo - Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas refl exões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».

Vaticano, 8 de Dezembro de 2011.

BENEDICTUS PP XVI