sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Esse som é livre mesmo?


A música católica está se globalizando. Literalmente. Já não é de estranhar a exibição de alguns de nossos artistas na telinha da Rede Globo, no intervalo de um jornal ou de uma novela. As grandes gravadoras perceberam que a música católica também tem mercado e, portanto, dá rendimentos. É óbvio que não se tem interesse algum com a evangelização, muito menos com a propagação da fé católica. Mas o mercado é assim: deu lucro, é suficiente. Não importa mais a qualidade ou a finalidade do produto. A idéia é uma só: vender, vender e vender.

Nos últimos anos temos assistido a uma crescente e preocupante migração de uma parcela de nossos músicos para gravadoras seculares. O que estaria subjacente a essa migração? O desejo de ser artista, segundo a concepção mercantil? Ora, sabemos que quanto melhor divulgada a música, mais discos são vendidos, mais dinheiro é exigido pelos shows e, consequentemente, as gravadoras, agenciadoras e os próprios cantores lucram mais. Tudo isso com o selo de música católica.

Não sou contra a divulgação da nossa música. Muito ao contrário. Preocupa-me, porém, a forma como isto tem sido feito. Com o intuito de agradar o grande público, corre-se o perigo de não mais cantar o que deveria, mas o que é facilmente aceitável.

A música católica está na iminência de secularizar-se. Sob pena de não se encaixarem nos parâmetros midiáticos, parte de nossos artistas estão submetendo-se a algumas exigências do mercado fonográfico. É o caso, por exemplo, dos cantores seculares que compõem o rol de ‘padrinhos e madrinhas de apresentação’, fazendo participações nos discos católicos e que aparentam ser incumbidos de uma missão: tornar o produto mais vendável.

O som que temos ouvido nas rádios e nos discos, nos shows e nos programas de auditório é, de fato, livre, ou há tempo foi tolhido – para não dizer esmagado – pelas exigências da globalização e do mercado? Na ânsia de um som livre, nossa música pode está, na verdade, aprisionando-se e tornando-se servil, sem voz, sem autonomia e talvez por isso, sem o poder e a unção que deveria ter.

Vavá  Silva
Consagrado da Comunidade Remidos no Senhor

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