segunda-feira, 30 de setembro de 2013

João XXIII e João Paulo II serão canonizados conjuntamente a 27 de abril de 2014

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O Papa Francisco presidiu um Consistório ordinário público no Vaticano com os cardeais presentes em Roma, para aprovar as causas de canonização de João Paulo II e João XXIII, estabelecendo que tal tenha lugar a 27 de abril de 2014. Trata-se do segundo domingo do tempo pascal, Domingo da Divina Misericórdia, celebração instituída por João Paulo II e na véspera da qual ele próprio faleceu, em 2005.

Recordamos que em fins de julho, na viagem de regresso do Brasil o Papa justificou a decisão de juntar no mesmo dia a canonização dos seus dois predecessores: “Fazer a cerimónia de canonização dos dois juntos quer ser uma mensagem para a Igreja: estes dois são bons, eles são bons, são dois bons”.O Papa reconheceu oficialmente um segundo milagre de João Paulo II em julho, depois de ter recebido o parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos, o que vai permitiu avançar com a canonização do beato polaco. No mesmo dia, o Santo Padre aprovou a canonização de João XXIII, falecido há 50 anos, após ter recebido o parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos, dispensando o reconhecimento de um novo milagre.
João Paulo II foi proclamado beato por Bento XVI a 1 de maio de 2011, na Praça de São Pedro. A Igreja celebra a memória litúrgica de João Paulo II a 22 de outubro, data do início de pontificado de Karol Wojtyla, em 1978, pouco depois de ter sido eleito Papa.Por sua vez, João XXIII foi declarado beato pelo Papa João Paulo II, a 3 de setembro de 2000. A sua celebração litúrgica tem lugar a 11 de Outubro, data da abertura do Concílio Vaticano II, por ele convocado.
O último Consistório público ordinário tinha tido lugar a 11 de fevereiro passado, durante o qual Bento XVI apresentou a sua renúncia pontificado.
Fonte: news.va

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Audiência Geral: "O cristão morda sua língua antes de difamar"


                                                             

Mais de 80 mil fiéis lotaram a Praça S. Pedro na manhã desta quarta-feira para a Audiência Geral com o Papa Francisco.

Em sua catequese neste Ano da Fé, o Pontífice falou da Igreja “una”, como confessamos no Credo. Se olharmos para a Igreja Católica no mundo, disse o Santo Padre, descobrimos que ela compreende quase 3.000 dioceses espalhadas em todos os continentes. Mesmo assim, milhares de comunidades católicas formam uma unidade – unidade na fé, na esperança, na caridade, nos Sacramentos e no Ministério.

“Onde quer que estejamos, mesmo na menor paróquia no ângulo mais remoto desta Terra, há uma única Igreja; nós estamos em casa, somos uma família, estamos entre irmãos e irmãs. E este é um grande dom de Deus! A Igreja é uma só para todos. Não há uma Igreja para os europeus, uma para os africanos, uma para os americanos, uma para os asiáticos, uma para quem vive na Oceania, mas é a mesma em todos os lugares.”

Como exemplo dessa unidade, o Papa então citou a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro: “Naquela multidão sem fim de jovens na praia de Copacabana, ouviam-se falar tantas línguas, se viam tantos rostos com traços diferentes, e mesmo assim havia uma profunda unidade, se formava uma única Igreja”. 

Devemos nos perguntar, disse ainda Francisco, se sentimos e vivemos esta unidade ou “privatizamos” a Igreja para nosso grupo, nossa nação e nossos amigos. “Quando ouço falar de cristãos que sofrem no mundo, fico indiferente ou sinto-o como se sofresse um da minha família? É importante olhar para fora do próprio recinto, sentir-se Igreja, única família de Deus!”

Às vezes, constatou o Pontífice, surgem incompreensões, conflitos, tensões, divisões que ferem a Igreja. “Somos nós a criar dilacerações! E se olharmos para as divisões que ainda existem entre cristãos, católicos, ortodoxos, protestantes....sentimos a fadiga de tornar plenamente visível esta unidade. É preciso buscar, construir a comunhão, educar-nos à comunhão, a superar incompreensões e divisões, começando pela família, pelas realidades eclesiais, no diálogo ecumênico. O nosso mundo necessita de unidade, de reconciliação, de comunhão e a Igreja é Casa de comunhão. Antes de fazer intrigas, um cristão deve morder a própria língua.”

A unidade da Igreja, porém, não é primariamente fruto do nosso esforço por vivermos de acordo e unidos; o motor desta unidade é o Espírito Santo, que faz a harmonia na diversidade.

“Por isso é importante rezar”, concluiu Francisco: “Peçamos ao Senhor que nos faça cada vez mais unidos e jamais nos deixe ser instrumentos de divisão. Como diz uma bela oração franciscana, que levemos amor onde há ódio, o perdão onde há ofensa, união onde há discórdia”.


Fonte: Radio Vaticano

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Papa nunca adotou a teologia da libertação, diz autoridade do Vaticano

Dom Angelo Becciu (foto Grupo ACI)

O Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, Dom Angelo Becciu, assinalou categoricamente que "o Papa nunca adotou a teologia da libertação entendida no sentido ideológico", em uma entrevista concedida ontem ao jornal italiano Corriere della Sera.

As declarações do Arcebispo Becciu se dão apenas alguns dias depois do encontro entre o Papa Francisco e o Padre Gustavo Gutierrez, teólogo peruano considerado como um dos pais da controvertida teologia da libertação. Este encontro ocorreu a pedido do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Arcebispo Gerhard Muller.

Na entrevista publicada ontem no jornal italiano e em que o Prelado fala sobre o discurso do Papa deste domingo em Cagliari (Itália), Dom Becciu disse que o Santo Padre "nunca aceitou a teologia da libertação entendida no sentido ideológico e foi severo com os que queriam transformar a Igreja em uma ONG. Isto o leva a gritar com mais autoridade contra as injustiças do capitalismo selvagem".

Dom Becciu disse também que "foi clara a sua crítica (do Papa) a um sistema econômico e financeiro onde prevalece o ídolo do dinheiro e que pelo proveito está disposto a tudo, a sacrificar os direitos fundamentais".

O Prelado explicou logo que "a verdadeira teologia da libertação é a que também a Igreja adotou e aprovou: a teologia em que Deus está em primeiro lugar e busca defender os pobres fazendo-se expressão da solidariedade e do esforço dos católicos".

Para Dom Becciu, o discurso do Santo Padre é essencialmente cristológico: "a salvação total frente a Jesus. Quem tem deve compartilhar e investir: o caminho inteligente de quem atua da maneira adequada. Falar de pauperismo empobrece o discurso. É a Doutrina Social da Igreja: o dinheiro não pode ser a meta".

Fonte: ACI Digital

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O texto da Missa e a pernada que o bispo deu em Roma

Um bispo brasileiro confessou que passou a perna na Congregação para o Culto Divino. Aproveitando-se da confiança que o papa Paulo VI lhe depositou, Dom Clemente Isnard, OSB, conseguiu a aprovação de um Missal cujo texto já havia sido reprovado por Roma. Isso aconteceu durante o Concílio Vaticano II.
Hoje, conforme prometido, o David A. Conceição, do blog Apostolado Tradição em Foco com Roma, vai explicar por que o texto que atualmente os padres brasileiros proferem na Missa precisa ser corrigido.
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Por: David A. Conceição
Com a reforma litúrgica promovida durante o Concílio Vaticano II, as línguas locais (vernáculo) passaram a ser autorizadas para a celebração da Missa, e não só o latim, conforme explicamos em nosso post anterior. Assim, se fez necessário traduzir o texto oficial da Missa – contido em um livro chamado Missal – do latim para cada idioma, inclusive o português.
Essas traduções deveriam ser feitas com o máximo cuidado, sendo aprovadas somente após rigorosa avaliação e aprovação da Cúria Romana. Para a definição do Missal brasileiro, o Vaticano contou com a ajuda de Dom Clemente Isnard, OSB. Este, por sua vez, aproveitou-se da ausência de um especialista em língua portuguesa na Congregação para o Culto Divino e fez com que Roma aprovasse um Missal que já havia sido rejeitado antes.
“Apresentei em Roma, e a Congregação para o Culto Divino aprovou nossa versão. Nossa sorte é que no momento não havia na Congregação perito em língua portuguesa. Desta forma obtivemos aprovação da simplificação do Cânon Romano, que tinha sido apresentada pelos franceses e negada… Nós simplesmente havíamos copiado a proposta francesa.”
(ISNARD, Clemente. Conferência pronunciada no Encontro dos Liturgistas do Brasil. in A Sagrada Liturgia — 40 anos depois”, estudos da CNBB no. 87. Editora Paulus, São Paulo, 2003.)
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Graças às manobras de Dom Isnard, o texto do Missal Romano traduzido para o português tem uma série de termos inadequados. O principal deles é quanto o sacerdote consagra o vinho e diz (na tradução atual): 
…será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados.
Mas, lendo a Bíblia, sabemos bem que a expressão que Jesus usou na Santa Ceia foi “por muitos”, e não “por todos”. Então, o correto seria:
…será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados.
Em 2006, a Congregação para o Culto Divino, por meio do Cardeal Arinze, ordenou que os missais de todos os países deveriam dizer “por muitos” e não “por todos”. Todas as Conferências Episcopais do mundo receberam esta orientação, inclusive a CNBB. Esperamos, então, que a nossa nova edição do Missal saia em breve!
Qualquer um que ler a encíclica Sacrossantum Concilium verá que não há possibilidade de não haver latim no Missal traduzido para o vernáculo (idioma local). Porém, o padre que quiser celebrar no Brasil o Novus Ordo (Missa Nova) em latim, só comprando o Missal em Roma. A CNBB não tem nenhum Latim-Português.
Agora, para que vocês possam notar outros exemplos de pontos que precisam ser corrigidos em nosso Missal, vejam algumas comparações:
V. Grátias agámus Dómino Deo nostro. – EM LATIM
V. Demos graças ao Senhor, nosso Deus. – EM PORTUGUÊS
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R. Dignum et iustum est – EM LATIM
R. É nosso dever e nossa salvação! – EM PORTUGUÊS
A tradução mais fiel da resposta final do diálogo do prefácio é “É digno e justo”, e não “É nosso dever e nossa salvação”, conforme a tradução atual em português.
Outro ponto de falha relevante:
“Orai irmãos e irmãs, para que esse nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo Poderoso”. – EM PORTUGUÊS
“Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium [meu e vosso sacrifício] acceptabile fiat apud Deum Patrem omnipotentem”. – EM LATIM
No sentido morfossintático, “meu e teu sacrifício” dá no mesmo que falar “nosso sacrifício”; mas, do ponto de vista teológico, essa tradução é problemática. O sacerdócio comum dos fiéis está sempre unido com o do sacerdote, mas são sacrifícios diferentes. Então, é importante evidenciar essa diferença, como faz o texto em latim.
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É bom ressaltar que, mesmo que a tradução do Missal brasileiro necessite de melhorias, isso NÃO INVALIDA a Missa. Afinal, as palavras essenciais para a consagração do pão e do vinho estão perfeitamente presentes.
As outras palavras são integrantes. Sendo assim, em tese, as outras palavras podiam ser retiradas sem que isso afetasse a validade da Missa. Contudo, por terem sido pronunciadas por Nosso Senhor ou terem sido incorporadas segundo os testemunhos da Tradição, a Igreja sempre as considerou integrantes, e o padre que não as pronuncia incorre em pecado mortal.
O fato é que não somente Dom Isnard (que Deus tenha misericórdia de sua alma), mas tantos outros Bispos, Padres, Teólogos leigos e religiosos na época do Concílio queriam “inovar” sem a Hermenêutica da Continuidade, ou seja, sem o entendimento de que as reformas litúrgicas e disciplinares deveriam ser feitas tendo sempre em vista a continuidade com a Tradição da Igreja, e não a ruptura. Queriam uma “Nova Igreja”, como muitos católicos até hoje anseiam.
Em relação aos progressistas e a alguns modernistas, não vejo em seus erros iniquidade, nem impiedade. Mas sim um desejo de busca de santidade sem uma boa direção, deixando – aí está o erro – de ouvir o que diz o Magistério em sua TOTALIDADE, não apenas o que lhes agrada.
A Igreja de amanhã seremos nós. Levantemos nossas vozes frente às autoridades eclesiásticas competentes, para demonstrar nossa solicitude para com a Santa Sé e o Papa. Não como revoltados, mas como católicos fiéis ao Santo Padre. Tudo com espírito de submissão às autoridades competentes, e – como disse o Pe. Paulo Ricardo – obedientes, mas não obedientes a homens, e sim OBEDIENTES a FÉ, Obedientia fidei, obediência à fé de sempre.
Fonte: http://ocatequista.com.br/archives/10898#sthash.DctakemO.imy4TRNq.dpuf

O Arcebispo Müller fala da teologia da libertação

Foto Cortesia da Congregação para a Doutrina da Fé

O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Müller, falou recentemente sobre a teologia da libertação e expressou as suas opiniões sobre esta corrente teológica da Igreja Católica.

Em diálogo com o Grupo ACI depois da reunião entre o Papa Francisco e o Padre Gustavo Gutiérrez que ocorreu a seu pedido, Dom Müller disse que "o Padre Gutiérrez nunca foi criticado pela Congregação, por ser ele o pai da teologia da libertação, não tem nada a ver com o marxismo".

A teologia do Pe. Gutiérrez, disse o Arcebispo, "não é uma mescla de teologia com marxismo, tem a ver com a salvação, a teologia da libertação é uma teologia católica, não é uma ideologia, é uma teologia para falar do amor de Deus a todos já que tanta gente está vivendo abaixo do nível de dignidade humana. Isso não pode ser, Deus nos deu a todas as pessoas a necessidade do pão diário. Isto é para todas as pessoas".

"Não necessitamos do marxismo. Não são necessários Karl Marx ou estes assim chamados filósofos dos anos 1800, porque todos estes valores são dados no Evangelho, em todo o Novo Testamento. Deus nos libertou e nos fez livres", disse o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Dom Müller indicou que conversou com o Papa Francisco sobre Gustavo Gutiérrez, pois "não posso fazer algumas iniciativas sem informar previamente ao Santo Padre".

"O Santo Padre sabe algumas discussões entre as diferentes às que há na teologia da libertação, mas queremos superar algumas tensões na Igreja, se for possível, sobre a base da doutrina da Igreja, e queremos expulsar algumas pessoas que têm diferentes vínculos teológicos".

O Prelado disse que "é possível certo pluralismo na teologia, mas, todos estamos unidos pela mesma base, a mesma doutrina da Igreja. No passado tivemos diferentes correntes, Scotto… Santo Tomás de Aquino foi um tipo diferente de teologia, por isso temos certa pluralidade de estilos religiosos, enlace teológicos, mas todos estão juntos na orientação à mesma Revelação, à mesma ideia, à mesma doutrina da Igreja".

"Alguns teólogos da libertação foram criticados pelo Magistério, muitos não foram criticados por estes aspectos, mas alguns deles foram criticados porque negaram ou criticaram a existência do sacerdócio e outros importantes pontos e elementos da doutrina católica".

Dom Müller assegurou que "na pessoa de Gustavo Gutiérrez, isto deve ser esclarecido, mas Gustavo Gutiérrez, posso dizer que em muitas de suas cartas e livros é um teólogo católico, porque aceita todas as condições e todos os conteúdos da doutrina católica".

"Não é somente isso, mas também está comprometido no trabalho com as pessoas pobres em Lima, e no desenvolvimento, não é somente trabalho social junto à espiritualidade cristã, mas é um pensamento teológico espiritual profundo sobre Deus, sobre este Deus que deu a sua vida por todos nós".

De acordo ao vaticanista Sandro Magister, durante o encontro com os sacerdotes da diocese de Roma (Itália), em 16 de setembro, o Papa Francisco se distanciou do Arcebispo Müller no tema da teologia da libertação.

"Ao formular uma das cinco perguntas direcionadas ao Papa e ao falar da centralidade dos pobres na pastoral, um sacerdote se referiu positivamente à teologia da libertação e à posição compreensiva em relação a esta teologia, do Arcebispo Gerhard Müller", relata Magister.

Mas, "ao ouvir o nome do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Papa Francisco não permitiu concluir a pergunta e disse: ‘isso pensa Müller, isso é o que ele pensa’", escreveu o vaticanista italiano.

Fonte: ACI Digital


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

"Não se pode chamar bem ao mal ou mal ao bem!” – Dom Henrique comenta a entrevista de Francisco

Publicamos a seguir trechos dos comentários de dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracaju, publicados em seu facebook, sobre a reportagem do Papa Francisco concedida ao Padre Antonio Spadaro para a revista Civiltà Cattolica. 
Bispo

O Papa Francisco concedeu uma entrevista à Revista Civiltà Cattolica. Falou sobre muitos temas e, como é do seu costume, de modo bem informal, espontâneo. Nada do outro mundo, nada que escandalize.
Como já se tornou costume, assim como tudo em Bento XVI era distorcido para que cheirasse a museu, a intolerância e reacionarismo, agora, tudo quanto o Santo Padre Francisco fala é revolucionário, é uma verdadeira ruptura.
Tudo isto é uma percepção falsa e maldosa por parte de alguns e ingênua por parte de outros. É só ler as palavras do Papa: são serenas, claras, sinceras e belas. Fazem pensar e dão-nos uma bela visão do seu coração – desde que se as leia como foram ditas, sem preconceitos ou excessos…
Se as palavras do Santo Padre forem lidas sem preconceito nem olhar de desconfiança, o que ele quis expressar?
Que a Igreja vive num mundo ferido, de pessoas feridas… Um mundo amplamente descristianizado.
Qual o modo de abordar as pessoas num mundo assim? Partindo da situação delas, das dores delas, das mil perguntas que elas trazem no coração! É preciso falar-lhes de Cristo, epifania do amor salvífico de Deus.
Só depois, quando as pessoas compreendem o amor de Cristo, é que podem compreender as exigências desse amor! As exigências valem para todos, mas cada um corresponderá ao amor do Senhor segundo sua própria condição e sua história.
O Papa foi claro: não se pode chamar bem ao mal ou mal ao bem! Mas, é o modo de apresentar o Cristo: Ele é salvação! Que certamente exige uma resposta de conversão…
O Papa aqui não pensa em quem não deseja se converter ou se gloria no seu pecado, mas em quem se sente ferido e procura na treva a luz, na confusão a verdade! Não se trata de louvar os militantes homossexuais ou os que defendem que o matrimônio não seja indissolúvel. Trata-se de encontrar pessoas concretas, feridas, e anunciar-lhes Jesus, nosso Senhor! Isto os padres fazem todos os dias no confessionário; isso fez São João Maria Vianney! Isto fez Jesus, nosso Senhor!
É só isto que o Papa quis expressar. E este pensamento é o de sempre: foi o de João Paulo II e o de Bento XVI, foi o dos santos e dos papas de todos os tempos…
O Papa também não disse que a Igreja deve deixar de denunciar o aborto. Ele disse que é preciso contextualizar a questão do aborto!
Compreendamos: no cristianismo, a moral decorre do dogma. Primeiro cremos em Jesus, amamo-Lo, entramos em comunhão com Ele na Palavra, nos sacramentos santos, na oração… Tudo isto obriga-nos à conversão: a viver uma vida segundo Cristo! Isto aparece bem na palavra de São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo (verdade de fé), procurai as coisas do Alto (consequência na vida)!”
O que o Santo Padre quis afirmar foi que a doutrina da Igreja sobre o aborto, o matrimônio e a sexualidade deve ser colocada no contexto do anúncio do Cristo como salvação enviada pelo Pai! Imagine uma Igreja que só fizesse falar sobre temas morais, sem anunciar Jesus… Como as pessoas que não conhecem o Senhor podem acolher Suas exigências? É o amor que torna as exigências aceitáveis. Do contrário, a Igreja não teria uma moral, mas um moralismo!
É somente isto que o Papa quis exprimir… E ele está correto, e não diz nada de novo! A Igreja continua e continuará contra o aborto, chamando a atenção para a desordem moral dos atos homossexuais e o absurdo da cultura gay. Continuará a insistir na indissolubilidade do matrimônio. Mas tudo isto, dentro de uma anúncio positivo: Deus enviou o Seu Filho ao mundo para salvá-lo! Convertamo-nos todos, deixemos a vida velha! Creiamos nesse Evangelho de salvação! – É o anúncio do próprio Jesus, do qual nem o Papa nem cristão algum pode abrir mão!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Especialistas em comunicação debaterão no Vaticano o tema "A rede e a Igreja"


Quais os desafios e as oportunidades no campo da comunicação eclesiástica? Que significa viver em rede? A estas e a outras perguntas os participantes da Plenária do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (PCCS) tentarão responder a partir desta quinta-feira, 19 de setembro, no Vaticano.

Durante três dias, especialistas em comunicação de todo o mundo se reunião para analisar os passos realizados desde a última Plenária e definir critérios de ação para os próximos anos.

Os participantes se dividirão em grupos para analisar e responder a um quesito, proposto sempre em forma de interrogação. Depois, haverá a discussão geral.
Entre as perguntas, estão: Quais deveria ser as prioridades do PCCS? Quais sinergias existem entre as Igrejas locais? Que significa uma comunicação estratégica numa Igreja mais conectada?

A Plenária encerra-se no sábado, dia 21, com a audiência com o Papa Francisco.


Fonte: News.va

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Santo Padre lembrou que Igreja é uma boa mãe!


Papa volta a falar da Igreja como mãe e destaca sua misericórdia
Papa destacou como a Igreja é compreensiva com os fiéis. Foto: Radio Vaticano
Na catequese desta quarta-feira, 18, Papa Francisco voltou a falar da imagem da Igreja como mãe, conforme fez na semana passada. Ele destacou três aspectos referentes à essa imagem materna da Igreja: o fato de que ela conduz seus filhos ao bom caminho, a compreensão e misericórdia que manifesta para com os fiéis e sua atitude de rezar sempre pelos seus filhos, colocando-os nas mãos de Deus.
A reflexão de Francisco continuou sendo feita em comparação às atitudes de uma mãe, que ama e cuida de seus filhos. Da mesma forma que a mãe ensina seu filho a caminhar na vida, assim faz a Igreja.
“A Igreja faz a mesma coisa: orienta a nossa vida, dá-nos os ensinamentos para caminhar bem. (…) Uma mãe não ensina nunca aquilo que é mal, quer somente o bem dos filhos e assim faz a Igreja”.
No segundo aspecto, o Papa lembrou como a Igreja é misericordiosa e compreensiva. Na comparação com a mãe, ele explicou que esta sempre tem paciência, em todas as situações, de continuar a acompanhar o filho.
“Aquilo que a impulsiona é a força do amor; uma mãe sabe seguir com discrição, com ternura o caminho dos filhos e mesmo quando erram encontra sempre o modo para compreender, para ser próxima, para ajudar. (…) A Igreja é assim, uma mãe misericordiosa, que entende, que procura sempre ajudar”.
E por último, Francisco destacou que a mãe sempre saber bater à todas as portas, inclusive à de Deus, pelo bem dos filhos. “A Igreja coloca nas mãos do Senhor, com a oração, todas as situações de seus filhos. Confiemos na força da oração da Mãe Igreja: o Senhor não permanece insensível”.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Papa no Angelus: No perdão está todo o Evangelho, todo o Cristianismo

A Praça de São Pedrou coloriu-se hoje de guarda-chuvas amarelos, verdes, vermelhos, pretos, dos milhares de pessoas que desafiaram a chuva em Roma para ouvir o Santo padre e rezar com a ele, ao meio dia, a Ave Maria do Angelus; pessoas corajosas como o Padre Brochero, beatificado ontem na Argentina e que saía debaixo da chuva montado na sua mula para ir à casa dos fieis, disse o Papa depois do Angelus…
Mas antes ainda comentou o capitulo XV do Evangelho de São Lucas, que contém as três parábolas da misericórdia: a da ovelha tresmalhada, a da moeda perdida e a do pai e dos dois filhos, o filho pródigo e o filho que se considera justo, santo.
Todas estas parábolas – disse o Papa – falam da alegria de Deus, a alegria de perdoar, a alegria de perdoar, repetiu, dizendo que “nisto está todo o Evangelho, todo o Cristianismo”.
E não se trata de sentimento, nem é uma questão de sermos bonzinhos., frisou, esclarecendo que se trata antes pelo contrário de misericórdia…

“(…) A misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo do “cancro” que é o pecado, o mal moral, espiritual. Só o amor preenche os vazios, as voragens negativas que o mal abre nos nossos corações e na história. Só o amor pode fazer isto. E esta é a alegria de Deus”
Jesus é todo Ele misericórdia, amor: É Deus feito homem. Cada um de nós é aquela ovelha tresmalhada, aquela moeda perdida; cada um de nós é aquele filho que desperdiçou a própria liberdade, seguindo falso ídolos, miragens de felicidade, e perdeu tudo – prosseguiu o Papa – recordando que Deus não se esquece de nós, não nos abandona…
“O Pai não nos abandona nunca. É um pai paciente. Espera sempre por nós. Respeita a nossa liberdade, mas permanece sempre fiel. E quando voltamos para ele, acolhe-nos como filhos, na sua casa, porque nunca cessa, nem sequer por um instante de nos esperar, com amor. O seu coração põe-se em festa por cada filho que volta. Põe-se em festa porque é alegria. Deus tem esta alegria quando um de nós, pecador, dirige-se a Ele e pede perdão”.
Mas atenção, há um perigo, advertiu o Papa. O perigo de termos a presunção de sermos justos e de julgarmos os outros. De julgarmos mesmo a Deus, que a nosso ver “deveria castigar os pecadores, condená-los à morte, em vez de perdoar, exactamente como o filho maior da parábola que se chateia com o pai por ele ter acolhido com uma festa o filho que regressou.
Se no nosso coração não há a misericórdia de Deus, a alegria do perdão, não estamos em comunhão com Deus mesmo que, mesmo que observemos todos os preceitos, porque é o amor que salva, disse o Papa continuando:
“É o amor por Deus e pelo próximo que dá cumprimento a todos os mandamentos. É isto o amor de Deus, a sua alegria, perdoar! Espera-nos sempre! Talvez alguém tenha no seu coração algo que lhe pesa… fiz isto, fiz aquilo… Ele te espera, ele é pai, espera-nos sempre!”
O Papa recordou ainda que se vivermos segundo a lei do “olho por olho, dente por dente”, nunca sairemos da espiral do mal, pois que o maligno é espertalhão e nos ilude de que com a nossa justiça humana podemos salvar-nos, mas na realidade é só a justiça de Deus que nos pode salvar. E a justiça de Deus revelou-se na Cru: a Cruz é o julgamento de Deus sobre cada de nós neste mundo. Ele julga-nos dando a sua vida por nós… Um acto supremo de justiça, de misericórdia… É este o caminho que
Jesus nos convida a seguir…
“Jesus convida-nos a seguir este caminho: “Sede misericordiosos, como o Pai vosso é misericordioso”
O Papa concluiu dirigindo pedindo a todos, a cada um que rezasse em silêncio por uma pessoa com a qual está chateada, não se entende bem…

“Pensemos nela em silêncio, neste momento, rezemos por ela e tornemo-nos misericordioso, com essa pessoa…”
O Papa invocou depois Nossa Senhora, rainha da misericórdias por todas essas intenções, rezando o Angelus com os presentes…

Fonte: news.va

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A virtude da ordem


Que queres que eu faça?

Para um cristão, que vive de fé e de amor, a vida está em ordem quando se encontra em sintonia com a Vontade de Deus. Se não está em harmonia com o que Deus quer, com o que Deus nos pede, a vida caminha fora dos trilhos, é uma “desordem”. Por isso, com muita freqüência deveria sair do nosso coração a pergunta de São Paulo: «Senhor, que queres que eu faça?» (Atos, 9,6).

Há muitas maneiras de formular essa pergunta. Talvez a mais básica seja a seguinte: «Na fase atual da minha vida, o que é que Deus quer que eu coloque em primeiro lugar, que ocupações ou deveres deveria organizar e garantir melhor, porque precisam ter prioridade sobre as outras coisas? Será a dedicação à família? Ou o aprofundamento no estudo profissional? Ou o tempo necessário para a formação espiritual as obras de serviço ao próximo…?». É um assunto para meditar sinceramente, com calma, até chegarmos a conclusões bem definidas.

Quando, chegando a conclusões, já surge a luz, então é muito importante que ela ilumine de fato “cada um” dos nossos dias e que, portanto, passemos a perguntar-nos: «Hoje, que deveres ou tarefas deveriam ser prioritários para mim, quais são os que Deus me pede que coloque em primeiro lugar? ».
Se fôssemos superficiais, seria fácil chegar à noite e tranqüilizar a consciência respondendo: «Tudo está em ordem. Não fiz outra coisa senão trabalhar” (seja na fábrica ou no escritório, no lar ou na escola, ou onde quer que cumpramos a obrigação cotidiana)»

No entanto, aos olhos de Deus, as coisas podem ser completamente diferentes. O Senhor, certamente, nunca nos vai sugerir que abandonemos ou descuidemos as obrigações básicas diárias. Mas é bem possível que, se soubermos escutar a sua voz no fundo da consciência, percebamos que nos diz: «Hoje, o que é mesmo prioritário para você é dar o passo decisivo para se reconciliar com seu marido, e acabar de vez com esse mutismo causado pelo seu orgulho ferido». «Hoje, não deixe de procurar, lá no escritório, um momento propício para conversar com esse colega que anda cada vez mais desorientado e precisa de uma palavra amiga que o encaminhe» «Hoje, aproveite o final do expediente para consultar com um sacerdote esse problema de consciência que o atormenta, e cuja resolução já adiou demais». «Hoje, comece a pôr em prática o propósito de se levantar antes, de rezar a oração da manhã com pausa e de ler umas palavras do Evangelho, que sejam luz para o seu coração ao longo do dia»…

Saber parar, meditar e orar

É lógico que essa voz, essas “palavras” do Senhor, só poderão ser bem ouvidas se soubermos recolher-nos em silêncio na presença de Deus para pensar sinceramente na nossa vida, num clima de diálogo com Deus.

Na realidade, todos os cristãos deveríamos estabelecer e manter – e defender como algo de sagrado – pelo menos dez ou quinze minutos diários dedicados à meditação e ao exame da vida na presença de Deus: de manhã, antes de iniciar as atividades; ou pouco antes de nos recolhermos para descansar; ou aproveitando a possibilidade de visitar uma igreja numa hora tranqüila, quando o silêncio do templo convida à intimidade com Deus… Porque é nesses momentos que a alma, com a graça divina, se torna transparente, se liberta da terrível força centrífuga do ativismo, e consegue voltar para o seu centro, esse “centro da alma” de que falam os santos, onde ela se encontra a sós com Deus. Para quem quer escutá-Lo, aí Deus sempre fala.

E essa voz de Deus, honestamente escutada, é a que nos esclarece quais são as prioridades e nos ajuda a hierarquizar, pela ordem de importância, os deveres a cumprir. Assim, estamos em condições de escolher o que é bom e grato a Deus.

É importante, neste ponto, perceber que o fato de um dever ser prioritário não significa, via de regra, que seja preciso dedicar-lhe a maior quantidade de tempo. Há duas maneiras de dar prioridade a alguma obrigação, sem necessidade de prejudicar o tempo exigido pelas outras ocupações que tomam a maior parte do dia:

1) em primeiro lugar, vive-se uma tarefa como prioritária quando se dá importância primária à “qualidade” com que se realiza. Assim, a um homem que deve trabalhar por longas horas para sustentar a família, Deus muitas vezes lhe sugerirá: no dia de hoje, é prioritário dar ouvidos às preocupações da sua esposa, dedicar uma palavra de estímulo àquele filho. Isto não significa que Ele nos peça um tempo de que não dispomos. Pede-nos, sim, que, dentro do pouco tempo disponível, demos maior qualidade – qualidade de carinho, de interesse, de afabilidade – ao relacionamento com os da nossa casa. E isto é sempre possível.

2) Há uma segunda maneira de dar prioridade a um dever: é a prioridade “cronológica”. Não a que consiste – repitamos de novo – em lhe dedicar longo tempo. Mas a que consiste em fazer o que é mais importante “quanto antes”, sem atrasos desnecessários.

Pensemos, em relação a isso, na facilidade com que empurramos para depois deveres que certamente julgamos (mentalmente) primordiais. Temos consciência de que alguma coisa é importante e não pode ser largada; mas iludimo-nos, dizendo: “Mais tarde”; ou então: “Logo que me sobrar um pouco de tempo”. Infelizmente, esse tipo de reações é freqüente quando se trata de deveres para com Deus: missa dominical, oração, etc., ou de deveres relacionados com o serviço do próximo.

Seria lamentável que reservássemos para esses deveres, que consideramos importantes – e que são ressonâncias de apelos divinos –, somente as sobras do tempo. No entanto, é isto o que fazemos com freqüência: deixar o refugo do nosso tempo para as exigências do amor de Deus e do amor ao próximo. Infelizmente, onde não há amor já está instalada a principal «desordem».

A ordem nos nossos horários

Estabelecer prioridades é, certamente, uma das formas mais nobres da virtude da ordem: é colocar a ordem na mente e no coração. Nos parágrafos anteriores, examinamos essa necessidade de hierarquizar conscienciosamente o conjunto dos nossos deveres e tarefas, abrindo espaços para todos e garantindo-lhes as precedências convenientes.

Mas, para além dessa ordenada hierarquia de preferências, o cristão – e, em geral, todo homem ou mulher responsável –deve cuidar da prática da ordem no seu sentido mais simples e corriqueiro: a organização das atividades dentro dos horários de cada dia, a adequada planificação do aproveitamento diário do tempo.

Falar nessas palavras – organização, planificação – evoca de imediato, nos tempos que correm, a frieza empresarial da produtividade e da eficiência. Parecem soluções muito boas para a indústria e o comércio, e muito ruins para o coração.

Será possível falar-se em planejamento e sujeição a um horário quando se trata de coisas de amor? Porque, no fundo, é de coisas de amor que estamos falando. Ter um horário fixo para rezar ou para ler um livro de espiritualidade, reservar tempos e horários certos para a confissão freqüente, a Missa, a comunhão … tudo isto não soa a constrangimento, formalismo e abafamento da espontaneidade do espírito?

Muitos pensam assim, e isso acontece porque não compreendem o verdadeiro sentido da virtude da ordem, uma virtude que precisa ser resgatada dos preconceitos que a desmerecem. Se não a reabilitarmos no nosso mundo de valores, veremos como a espontaneidade do amor e dos bons propósitos – que aparentemente é tão bonita e autêntica – se desvanecerá em ilusões e omissões. Vejamos um pouco mais de perto este tema.

Todos temos a experiência de que existe uma ordem que não é boa e que se poderia chamar «defensiva» ou «bitolada»: é a da pessoa que organiza muito bem os seus horários, mas não tolera que nada nem ninguém interfira neles, e se alguém tenta, cai sobre ela a ira do interrompido. Isso não passa da carapaça com que o egoísta se protege. Bem sabemos que essa ordem pode tornar-se doentia e atingir requintes de neurose, de mania.

Talvez já tenhamos conhecido pessoas que ficavam transtornadas porque alguém – esposa, filho, empregada – tinha tido a ousadia de deslocar em poucos centímetros a posição exata que um livro devia ocupar na mesa do escritório. Da mesma forma que não faltam os que dramatizam qualquer interferência que lhes altere o horário de sono, ou o fim de semana cuidadosamente planejado. Isto não é virtude, é doença espiritual e, talvez, psíquica. Assim como também não é virtude a ordem dos escravos da eficiência, que sobre o altar da “produtividade” ou do “sucesso” profissional sacrificam Deus, a saúde, a família e as amizades.

A virtude da ordem, para o cristão, é outra coisa: é uma maneira de praticar melhor o amor.

Se nos perguntássemos pelos traços mais essenciais do amor, com certeza todos nós coincidiríamos em dois deles:

– primeiro: amar é querer bem, o que significa, por um lado, querer mesmo, querer de verdade; e, por outro, querer fazer o bem e tornar feliz – ou agradar – a pessoa amada;

– segundo: amar é dar, ou melhor, dar-se. Não é a procura interesseira de si mesmo, através do prazer, das satisfações ou das compensações obtidas dos outros, mas é doação.

Procuremos aplicar estas idéias, simples e transparentes, a dois exemplos vivos, que ilustram o que é a ordem nascida do amor.

Um homem, por exemplo, está habituado a viver à margem do lar. Mulher e filhos vêem chegar todas as noites um fugaz visitante cansado e mal-humorado, que só deseja não ser incomodado. Chega tarde, não por necessidade, mas porque se entretém desnecessariamente com o serviço, ou prolonga o expediente em conversas de bar com os colegas.

Um belo dia sente a voz da consciência. Compreende que não está dando atenção suficiente aos seus. E resolve fazer uma pequena modificação importante: encerrar o trabalho na hora certa e chegar a casa, no máximo, até tal hora, bem definida, para assim dedicar-se mais à família. Faz o propósito e o cumpre. Pois bem, este ato de ordem é um ato de amor: porque quer sinceramente o bem dos outros, e concretiza o modo de dar-se a si mesmo.

Vejamos um segundo exemplo: um estudante (um desses católicos “comuns”, que vai à Missa “quando dá”) entende num dado momento a importância da conversa com Deus, da oração. Como é possível – diz de si para si – amar a Deus e não falar com Ele, não ter momentos de intimidade. Antes, pensava vagamente que a oração era uma coisa boa, e estava disposto a fazê-la – como tantos outros – “quando tiver vontade”, “quando sentir” … Agora, quer mesmo fazer oração, e reserva para isso um tempo diário, num horário fixo e determinado. Justamente porque “quer mesmo”, define um horário que garanta esse seu querer. Com isto, já está começando a amar, e o seu amor será mais completo quando se determinar a dar a Deus todos os dias, sem falta, esse pedaço do seu tempo – uns minutos de oração –, sem ficar calculando se gosta ou tem vontade, pensando só em agradar a Deus.

Convençamo-nos de que a ordem e a disciplina que a ordem estabelece – quando brotam da meditação, da oração – não asfixiam o idealismo, a paixão nobre ou o amor. Pelo contrário, canalizam-nos e os efetivam. Naturalmente, desde que a paixão nobre, o amor e o ideal existam e sejam uma força poderosa da alma. A ordem está a serviço dessa força, não a substitui.

Como são traiçoeiras as faltas de ordem “inocentes”, essas “preguicinhas” que tanto nos fazem sorrir. Parecem coisa de nada, e podem vir a ser coisa de muito. Um simples atraso, um descuido, um adiamento escorado numa boa desculpa… são outros tantos modos de fazer murchar as melhores resoluções e os mais belos ideais. Basta uma “pequena preguiça” na hora de levantar, para que a oração ou a comunhão seja abandonada, ou para que o trabalho seja enfrentado atabalhoadamente e sem garra.

Façamos um horário, um “plano de vida”, bem meditado e bem distribuído– melhor se for por escrito –, que crie canais efetivos para todos os nossos desejos de fazer as coisas bem e de fazer o bem; vivamos fielmente esse plano, e então entenderemos por experiência o sentido destas palavras de São Josemaria Escrivá: “Quando tiveres ordem, multiplicar-se-á o teu tempo e, portanto, poderás dar maior glória a Deus, trabalhando mais a seu serviço” (Caminho, n. 80).

(adaptação de alguns trechos do livro de F. Faus: A preguiça)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Exaltação da Santa Cruz - 14 de Setembro


De acordo com a doutrina da nossa querida Igreja Católica, Jesus escolheu o caminho da Cruz para salvar a humanidade e manifestar o amor da Santíssima Trindade pelos homens. Com o objetivo de recordar a importância da cruz e venerá-la, a Igreja instituiu a festa da Exaltação da Santa Cruz, celebrada no dia 14 de setembro. 

Para os católicos, de forma especial para nós membros da Comunidade Vida Nova, que trás a dimensão do sacrifício em nosso Carisma, a cruz, como lugar do sacrifício de Cristo, é o princípio da salvação dos homens. Por isso, diz o Catecismo Católico, no parágrafo 617, a Igreja a venera professando nela sua esperança: "Salve, ó Cruz, única esperança".

Opondo-se ao que comumente se pensa, nós celebramos em Comunidade no dia 14 de Setembro para lembrar especialmente a glória da Cruz, muito mais que sua impressão de sofrimento e dor.

A Cruz é vista como a glória de Cristo. A sua glorificação começa na Cruz - sinal da nossa salvação. A cruz tem um profundo significado de obediência e fidelidade de Cristo ao projeto do Pai. Ele esvazia-se de Si e por amor entrega-se à humanidade. A Cruz é também esse grande sinal de entrega de amor que possibilitou a nossa salvação.

Nós devemos olhar para a Cruz, sobretudo, como sinal de esperança; nisto consiste o seu sentido.

Nós não usamos a cruz como amuleto, de forma supersticiosa, mas como sinal de nossa adesão ao dimensão do sacrifício que o consagrado precisa passar para configurar sua vida a Cristo por meio do Carisma Vida Nova.

A cruz é um sinal da presença salvífica de Deus na nossa vida, não um amuleto, mas sinal do compromisso que assumo com Cristo, de caminhar com ele. E, claro, sinal dessa redenção, dessa morte redentora de Cristo, desse madeiro que se tornou local da sua glória. Não podemos entender como amuleto de sorte, se eu não usar estou desprotegido, mas como sinal da minha adesão a Cristo. Somos convidados a perceber a cruz que carregamos no peito a partir dessa perspectiva.

Abraços fraternos,

José Eduardo A. Caetano