segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O texto da Missa e a pernada que o bispo deu em Roma

Um bispo brasileiro confessou que passou a perna na Congregação para o Culto Divino. Aproveitando-se da confiança que o papa Paulo VI lhe depositou, Dom Clemente Isnard, OSB, conseguiu a aprovação de um Missal cujo texto já havia sido reprovado por Roma. Isso aconteceu durante o Concílio Vaticano II.
Hoje, conforme prometido, o David A. Conceição, do blog Apostolado Tradição em Foco com Roma, vai explicar por que o texto que atualmente os padres brasileiros proferem na Missa precisa ser corrigido.
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Por: David A. Conceição
Com a reforma litúrgica promovida durante o Concílio Vaticano II, as línguas locais (vernáculo) passaram a ser autorizadas para a celebração da Missa, e não só o latim, conforme explicamos em nosso post anterior. Assim, se fez necessário traduzir o texto oficial da Missa – contido em um livro chamado Missal – do latim para cada idioma, inclusive o português.
Essas traduções deveriam ser feitas com o máximo cuidado, sendo aprovadas somente após rigorosa avaliação e aprovação da Cúria Romana. Para a definição do Missal brasileiro, o Vaticano contou com a ajuda de Dom Clemente Isnard, OSB. Este, por sua vez, aproveitou-se da ausência de um especialista em língua portuguesa na Congregação para o Culto Divino e fez com que Roma aprovasse um Missal que já havia sido rejeitado antes.
“Apresentei em Roma, e a Congregação para o Culto Divino aprovou nossa versão. Nossa sorte é que no momento não havia na Congregação perito em língua portuguesa. Desta forma obtivemos aprovação da simplificação do Cânon Romano, que tinha sido apresentada pelos franceses e negada… Nós simplesmente havíamos copiado a proposta francesa.”
(ISNARD, Clemente. Conferência pronunciada no Encontro dos Liturgistas do Brasil. in A Sagrada Liturgia — 40 anos depois”, estudos da CNBB no. 87. Editora Paulus, São Paulo, 2003.)
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Graças às manobras de Dom Isnard, o texto do Missal Romano traduzido para o português tem uma série de termos inadequados. O principal deles é quanto o sacerdote consagra o vinho e diz (na tradução atual): 
…será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados.
Mas, lendo a Bíblia, sabemos bem que a expressão que Jesus usou na Santa Ceia foi “por muitos”, e não “por todos”. Então, o correto seria:
…será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados.
Em 2006, a Congregação para o Culto Divino, por meio do Cardeal Arinze, ordenou que os missais de todos os países deveriam dizer “por muitos” e não “por todos”. Todas as Conferências Episcopais do mundo receberam esta orientação, inclusive a CNBB. Esperamos, então, que a nossa nova edição do Missal saia em breve!
Qualquer um que ler a encíclica Sacrossantum Concilium verá que não há possibilidade de não haver latim no Missal traduzido para o vernáculo (idioma local). Porém, o padre que quiser celebrar no Brasil o Novus Ordo (Missa Nova) em latim, só comprando o Missal em Roma. A CNBB não tem nenhum Latim-Português.
Agora, para que vocês possam notar outros exemplos de pontos que precisam ser corrigidos em nosso Missal, vejam algumas comparações:
V. Grátias agámus Dómino Deo nostro. – EM LATIM
V. Demos graças ao Senhor, nosso Deus. – EM PORTUGUÊS
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R. Dignum et iustum est – EM LATIM
R. É nosso dever e nossa salvação! – EM PORTUGUÊS
A tradução mais fiel da resposta final do diálogo do prefácio é “É digno e justo”, e não “É nosso dever e nossa salvação”, conforme a tradução atual em português.
Outro ponto de falha relevante:
“Orai irmãos e irmãs, para que esse nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo Poderoso”. – EM PORTUGUÊS
“Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium [meu e vosso sacrifício] acceptabile fiat apud Deum Patrem omnipotentem”. – EM LATIM
No sentido morfossintático, “meu e teu sacrifício” dá no mesmo que falar “nosso sacrifício”; mas, do ponto de vista teológico, essa tradução é problemática. O sacerdócio comum dos fiéis está sempre unido com o do sacerdote, mas são sacrifícios diferentes. Então, é importante evidenciar essa diferença, como faz o texto em latim.
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É bom ressaltar que, mesmo que a tradução do Missal brasileiro necessite de melhorias, isso NÃO INVALIDA a Missa. Afinal, as palavras essenciais para a consagração do pão e do vinho estão perfeitamente presentes.
As outras palavras são integrantes. Sendo assim, em tese, as outras palavras podiam ser retiradas sem que isso afetasse a validade da Missa. Contudo, por terem sido pronunciadas por Nosso Senhor ou terem sido incorporadas segundo os testemunhos da Tradição, a Igreja sempre as considerou integrantes, e o padre que não as pronuncia incorre em pecado mortal.
O fato é que não somente Dom Isnard (que Deus tenha misericórdia de sua alma), mas tantos outros Bispos, Padres, Teólogos leigos e religiosos na época do Concílio queriam “inovar” sem a Hermenêutica da Continuidade, ou seja, sem o entendimento de que as reformas litúrgicas e disciplinares deveriam ser feitas tendo sempre em vista a continuidade com a Tradição da Igreja, e não a ruptura. Queriam uma “Nova Igreja”, como muitos católicos até hoje anseiam.
Em relação aos progressistas e a alguns modernistas, não vejo em seus erros iniquidade, nem impiedade. Mas sim um desejo de busca de santidade sem uma boa direção, deixando – aí está o erro – de ouvir o que diz o Magistério em sua TOTALIDADE, não apenas o que lhes agrada.
A Igreja de amanhã seremos nós. Levantemos nossas vozes frente às autoridades eclesiásticas competentes, para demonstrar nossa solicitude para com a Santa Sé e o Papa. Não como revoltados, mas como católicos fiéis ao Santo Padre. Tudo com espírito de submissão às autoridades competentes, e – como disse o Pe. Paulo Ricardo – obedientes, mas não obedientes a homens, e sim OBEDIENTES a FÉ, Obedientia fidei, obediência à fé de sempre.
Fonte: http://ocatequista.com.br/archives/10898#sthash.DctakemO.imy4TRNq.dpuf

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