quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Catequese: Papa explica a perspectiva cristã da morte


Papa explica a perspectiva cristã da morte
Em manhã fria no Vaticano, Papa falou aos fiéis sobre ressurreição da carne, explicando a perspectiva cristã da morte / Foto: reprodução CTV
A ressurreição da carne foi o tema da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 27. O Santo Padre desmistificou a visão que se tem da morte, que muitas vezes causa medo, para falar da perspectiva cristã dessa passagem e da preparação para morrer em Cristo.
Sobre a temática, o Papa elencou dois aspectos: morrer e ressurgir em Cristo. Concentrando-se no primeiro, ele explicou que há um modo enganado de ver a morte, especialmente quando ela atinge as pessoas próximas ao homem. Trata-se, neste caso, de encarar a morte como o fim de tudo, de forma que ela se torna uma ameaça.
Esta concepção de morte, segundo explicou, é típica do pensamento ateu, que interpreta a existência como um encontrar-se casualmente no mundo, caminhando para o nada. O Papa lembrou que há também o ateísmo prático, que vive somente para os próprios interesses e para as coisas terrenas. “Se nos deixamos levar por essa visão enganada da morte, não temos outra escolha que não ocultar a morte, negá-la ou banalizá-la para que não nos cause medo”.
Falando da visão cristã da morte, Francisco destacou que, mesmo nos momentos de dor pela perda de alguém, sai do coração a convicção de que não pode estar tudo terminado. “Há um instinto dentro de nós que nos diz que a nossa vida não termina com a morte. E isto é verdade: a nossa vida não termina com a morte”.
O Santo Padre explicou que esta sede de vida encontra a sua resposta real na ressurreição de Cristo. Dessa forma, uma vida unida a Cristo torna o homem capaz de enfrentar a morte com serenidade e esperança.
Outro ponto ressaltado pelo Pontífice foi que a vida neste mundo foi feita como preparação para a outra vida, com o Pai Celeste. O caminho, então, é estar próximo a Jesus, o que é feito com a oração, com os sacramentos e também na prática da caridade.
“Quem pratica a misericórdia não teme a morte. (…) Se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos menores, a nossa morte se tornará uma porta que nos levará ao céu”.
Com o tema desta catequese e da próxima, o Santo Padre encerra o ciclo de catequeses sobre o Credo, realizadas ao longo do Ano da Fé, encerrado no último domingo, 24.
Fonte: Canção Nova

Fim do eurocentrismo e a centralidade dos pobres: síntese da Exortação de Francisco


A Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, do Papa Francisco, foi apresentada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Participam da coletiva de imprensa o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Dom Lorenzo Baldisseri, e o Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli.
O documento do Pontífice nasce da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, de 2012.

O Papa Francisco reelabora o que emergiu desse Sínodo de modo pessoal, escrevendo um documento programático e exortativo, utilizando a forma de “Exortação Apostólica”. Como tal, tem estilo e linguagem próprios: coloquial e direto, como manifestou Francisco em seus meses de pontificado.
A missionariedade é o coração do texto, em que o Papa convida todos os fiéis cristãos a uma nova etapa evangelizadora, caracterizada pela alegria.

Trata-se de cinco capítulos: “A transformação missionária da Igreja”, “Na crise do compromisso comunitário”, “O anúncio do Evangelho”, “A dimensão social da evangelização” e “Evangelizadores com espírito”.
“O que mantém unido todas essas temáticas é o amor misericordioso de Deus, que vai ao encontro de cada pessoa”, afirmou Dom Rino Fisichella.

Para ele, o que o Papa nos indica, no fundo, “é a Igreja que se faz companheira de percurso dos nossos contemporâneos na busca de Deus e no desejo de vê-lo”.
Por sua vez, Dom Baldisseri destacou o caráter universal do documento, elaborado a partir dos estímulos pastorais provenientes de várias Igrejas locais. “A esta experiência, deve-se o amplo espaço dedicado à religiosidade popular na América Latina – uma verdadeira espiritualidade encarnada na cultura dos mais simples”, acrescentou o Arcebispo.
Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Baldisseri destaca dois aspectos da Exortação: o fim do eurocentrismo e a dimensão dos pobres.

Confira uma síntese da Exortação Apostólica, preparada pela Rádio Vaticano:

"A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus": assim inicia a Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" com a qual o Papa Francisco desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje, recolhendo por outro lado a contribuição dos trabalhos do Sínodo que se realizou no Vaticano de 7 a 28 de Outubro de 2012 com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé". "Desejo dirigir-me aos fiéis cristãos - escreve o Papa - para convidá-los a uma nova etapa de evangelização marcada por esta alegria e indicar direcções para o caminho da Igreja nos próximos anos" (1). Trata-se de um premente apelo a todos os baptizados para que com renovado fervor e dinamismo levem aos outros o amor de Jesus num "estado permanente de missão" (25), vencendo "o grande risco do mundo actual”, o de cair "numa tristeza individualista" (2).

O Papa nos convida a "recuperar o frescor original do Evangelho”, encontrando "novas formas" e "métodos criativos", a não aprisionarmos Jesus nos nossos "esquemas monótonos" (11). Precisamos de uma "uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são" (25) e uma "reforma das estruturas" eclesiais para que "todas se tornem mais missionárias" (27) .

O Pontífice pensa também numa "conversão do papado", para que seja "mais fiel ao significado que Jesus Cristo lhe quis dar e às necessidades actuais da evangelização". A esperança que as Conferências Episcopais pudessem dar um contributo para que "o sentido de colegialidade" se realizasse “concretamente” – afirma o Papa - "não se realizou plenamente" (32). E’ necessária uma “saudável descentralização" (16). Nesta renovação não se deve ter medo de rever costumes da Igreja "não directamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns dos quais profundamente enraizados ao longo história" (43).

Sinal de acolhimento de Deus é "ter por todo lado igrejas com as portas abertas" para que aqueles que estão à procura não encontrem "a frieza de uma porta fechada". "Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo". Assim, a Eucaristia "não é um prémio para os perfeitos mas um generoso remédio e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais que somos chamados a considerar com prudência e audácia" (47). Reafirma de preferir uma Igreja "ferida e suja por ter saído pelas estradas, em vez de uma igreja ... preocupada em ser o centro e que acaba presioneira num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se algo nos deve santamente perturbar ... é que muitos dos nossos irmãos vivem "sem a amizade de Jesus (49).

O Papa aponta as "tentações dos agentes da pastoral": o individualismo, a crise de identidade, o declínio no fervor (78). "A maior ameaça" é "o pragmatismo incolor da vida quotidiana da Igreja, no qual aparentemente tudo procede na faixa normal, quando na realidade a fé se vai desgastando" (83). Exorta a não se deixar levar por um "pessimismo estéril " (84 ) e a sermos sinais de esperança (86) aplicando a "revolução da ternura" (88). E’ necessário fugir da "espiritualidade do bem-estar" que recusa "empenhos fraternos" (90) e vencer a “mundanidade espiritual”, que “consiste em buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana" (93) . O Papa fala daqueles que "se sentem superiores aos outros", porque " inflexivelmente fiéis a um certo estilo católico próprio do passado" e "em vez de evangelizar ... classificam os outros", ou daqueles que têm um "cuidado ostensivo da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas sem que se preocupem com a inserção real do Evangelho" nas necessidades das pessoas ( 95). Esta "é uma tremenda corrupção com a aparência de bem ... Deus nos livre de uma igreja mundana sob cortinas espirituais ou pastorais" (97).

Ele lança um apelo às comunidades eclesiais para não cairem nas invejas e ciúmes: “dentro do povo de Deus e nas diversas comunidades, quantas guerras" (98). "A quem queremos evangelizar com estes comportamentos?" (100). Sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos "à margem nas decisões" por um "excessivo clericalismo" (102). Afirma que "ainda há necessidade de se ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva na Igreja", em particular "nos diferentes lugares onde são tomadas as decisões importantes" (103). "As reivindicações dos direitos legítimos das mulheres ... não se podem sobrevoar superficialmente" (104). Os jovens devem ter "um maior protagonismo" (106). Diante da escassez de vocações em alguns lugares o Papa afirma que "não se podem encher os seminários baseados em qualquer tipo de motivação" (107).

Abordando o tema da inculturação, o Papa lembra que "o cristianismo não dispõe de um único modelo cultural" e que o rosto da Igreja é "multiforme" (116). "Não podemos esperar que todos povos ... para expressar a fé cristã, tenham de imitar as modalidades adoptadas pelos povos europeus num determinado momento da história" (118). O Papa reitera "a força evangelizadora da piedade popular" (122) e incentiva a pesquisa dos teólogos convidando-os a ter "a peito a finalidade evangelizadora da Igreja" e a não se contentar "com uma teologia de escritório" (133).
Em seguida o Papa detém-se "com uma certa meticulosidade, na homilia", porque "são muitas as reclamações em relação a este importante ministério e não podemos fechar os ouvidos" (135). A homilia "deve ser breve e evitar de parecer uma conferência ou uma aula " (138), deve ser capaz de dizer "palavras que façam arder os corações", evitando uma "pregação puramente moralista ou de endoutrinar" (142). Sublinha a importância da preparação ", um pregador que não se prepara não é ‘espiritual’, é desonesto e irresponsável" (145). "Uma boa homilia deve conter ... 'uma ideia, um sentimento, uma imagem'" (157). A pregação deve ser positiva, para que possa oferecer "sempre esperança" e não deixe "prisioneiros da negatividade" (159). O próprio anúncio do Evangelho deve ter características positivas: "proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena" (165).

Falando dos desafios do mundo contemporâneo, o Papa denuncia o actual sistema económico: "é injusto pela raiz" (59). " Esta economia mata" porque prevalece a "lei do mais forte". A actual cultura do "descartável" criou "algo de novo": “os excluídos não são ‘explorados’, mas ‘lixo’, 'sobras'" (53). Vivemos uma "nova tirania invisível, por vezes virtual" de um "mercado divinizado", onde reinam a "especulação financeira", "corrupção ramificada", "evasão fiscal egoísta" (56). Denuncia os "ataques à liberdade religiosa" e as "novas situações de perseguição dos cristãos ... Em muitos lugares trata-se pelo contrário de uma difusa indiferença relativista" (61). A família - continua o Papa - "atravessa uma crise cultural profunda" " Reafirmando “a contribuição indispensável do matrimónio para a sociedade" (66 ), sublinha que "o individualismo pós-moderno e globalizado promove um estilo de vida ... que perverte os vínculos familiares" (67).

O Papa Francisco reafirma "a íntima conexão entre evangelização e promoção humana" (178 ) e o direito dos Pastores "para emitir opiniões sobre tudo o que se relaciona com a vida das pessoas" (182). "Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião à secreta intimidade das pessoas, sem qualquer influência na vida social". Cita João Paulo II onde diz que a Igreja "não pode nem deve ficar à margem da luta pela justiça" (183). "Para a Igreja, a opção pelos pobres é uma categoria teológica" antes de ser sociológica. "Por isso peço uma Igreja pobre para os pobres. Eles têm muito a ensinar-nos" (198). "Até que não se resolvam radicalmente os problemas dos pobres ... não se resolverão os problemas do mundo" (202). "A política, tanto denunciada" - diz ele - "é uma das formas mais preciosas de caridade". "Rezo ao Senhor para que nos dê mais políticos que tenham verdadeiramente a peito ... a vida dos pobres!" Em seguida, um aviso: "qualquer comunidade dentro da Igreja" que se esquecer dos pobres corre "o risco de dissolução" (207).

O Papa nos convida a cuidar dos mais fracos: "os sem-tecto, os dependentes de drogas, os refugiados, os povos indígenas, os idosos cada vez mais sós e abandonados" e os migrantes, para quem o Papa exorta os Países "a uma abertura generosa" (210 ). Fala das vítimas de tráfico e de novas formas de escravidão: "Nas nossas cidades está implantado este crime mafioso e aberrante, e muitos têm as mãos cheias de sangue por causa de uma cumplicidade cómoda e silenciosa" (211). "Duplamente pobres são as mulheres que sofrem situações de exclusão, maus tratos e violência" ( 212) . "Entre estes fracos que a Igreja quer cuidar" estão "as crianças em gestação, que são as mais indefesas e inocentes de todos, às quais hoje se quer negar a dignidade humana" (213) . "Não se deve esperar que a Igreja mude a sua posição sobre esta questão ... Não é progressista fingir de resolver os problemas eliminando uma vida humana" (214). E depois, um apelo para o respeito de toda a criação: "somos chamados a cuidar da fragilidade das pessoas e do mundo em que vivemos" ( 216).

No que diz respeito ao tema da paz, o Papa afirma que é "necessária uma voz profética" quando se quer implementar uma falsa reconciliação "que mantém calados" os pobres, enquanto alguns "não querem renunciar aos seus privilégios" (218). Para a construção de uma sociedade "em paz, justiça e fraternidade" indica quatro princípios (221): "o tempo é superior ao espaço" (222) significa "trabalhar a longo prazo, sem a obsessão dos resultados imediatos" (223). "A unidade prevalece sobre o conflito" (226) significa operar para que os opostos atinjam "uma unidade multi-facetada que gera nova vida" (228). "A realidade é mais importante que a ideia" (231) significa evitar que a política e a fé sejam reduzidas à retórica (232). "O todo é maior do que a parte" significa colocar em conjunto globalização e localização (234).
"A evangelização - prossegue o Papa - também implica um caminho de diálogo", que abre a Igreja para colaborar com todas as realidades políticas, sociais, religiosas e culturais (238). O ecumenismo é "uma via imprescindível da evangelização". Importante o enriquecimento recíproco: "quanras coisas podemos aprender uns dos outros!", por exemplo", no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós os católicos temos a possibilidade de aprender alguma coisa mais sobre o sentido da colegialidade episcopal e a sua experiência de sinodalidade" (246), " o diálogo e a amizade com os filhos de Israel fazem parte da vida dos discípulos de Jesus" (248 ), "o diálogo inter-religioso", que deve ser conduzido "com uma identidade clara e alegre" , é " uma condição necessária para a paz no mundo", e não obscurece a evangelização (250-251), "nesta época adquire notável importância a relação com os crentes do Islão (252): o Papa implora "humildemente" para que os Países de tradição islâmica garantam a liberdade religiosa para os cristãos, mesmo "tendo em conta a liberdade de que gozam os crentes do Islão nos países ocidentais". "Diante de episódios de fundamentalismo violento" o Papa convida a "evitar odiosas generalizações, porque o verdadeiro Islão e uma adequada interpretação do Alcorão se opõem a toda a violência" ( 253). E contra a tentativa de privatizar as religiões em alguns contextos, afirma que "o respeito devido às minorias de agnósticos ou não-crentes não se deve impor de forma arbitrária, que silencie as convicções das maiorias de crentes ou ignore a riqueza das tradições religiosas" (255). E reafirma, portanto, a importância do diálogo e da aliança entre crentes e nã-crentes (257).


O último capítulo é dedicado aos "evangelizadores com o Espírito", que são aqueles "que se abrem sem medo à acção do Espírito Santo", que "infunde a força para anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parresia ), em voz alta e em todo tempo e lugar, mesmo contra a corrente" (259). Trata-se de "evangelizadores que rezam e trabalham" (262), na certeza de que "a missão é uma paixão por Jesus mas, ao mesmo tempo, é uma paixão pelo seu povo" (268): "Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros" (270). "Na nossa relação com o mundo – esclarece o Papa - somos convidados a dar a razão da nossa esperança, mas não como inimigos que apontam o dedo e condenam" (271). "Pode ser missionário - acrescenta ele - apenas quem se sente bem na busca do bem do próximo, quem deseja a felicidade dos outros" (272): "se eu conseguir ajudar pelo menos uma única pessoa a viver melhor, isto já é suficiente para justificar o dom da minha vida" (274). O Papa convida-nos a não desanimar perante as falhas ou escassos resultados, porque a "fecundidade muitas vezes é invisível, indescritível, não pode ser contabilizada"; devemos saber "apenas que o dom de nós mesmos é necessário" (279). A Exortação termina com uma oração a Maria, "Mãe da Evangelização". "Existe um estilo mariano na actividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos Maria voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto" (288).

Fonte: www.news.va

Nossa Senhora das Graças


Esta é a curiosa história de Catarina de Labouré, cujo nome era Zoé e Catarina, seu nome como religiosa. Foi certa vez visitar as filhas de São Vicente e encontra no parlatório o retrato do Padre que vira uma vez em sonhos a chamá-la; e era justamente o seu fundador, Vicente de Paulo.

No ano de 1830, nas vésperas da festa de São Vicente de Paulo, a jovem Noviça, por volta de onze e meia da noite, ouve três vezes o seu nome. "Catarina! Catarina! Catarina!..." Catarina assustada, senta-se no leito, e diz:
"Estou te conhecendo, meu Anjo da Guarda!" E o menino lhe diz o seguinte:   
"Vem a Capela, que Nossa Senhora te espera!"

Catarina, teve um momento de hesitação... e disse: "Não posso, vou acordar todo mundo!" Porém o menino a tranquilizou... "Não tenhas medo, todos estão dormindo, vem, eu te acompanho, Catarina!" Então respondeu: "Está bem, vamos." Após terem atravessado os corredores, onde luzes se acendiam e as portas se abriam sozinhas, chegam à Capela, onde derrepente, já pela meia noite, o menino exclama. "Olha Nossa Senhora!" No mesmo instante, Catarina escuta, do lado da epístola, um ligeiro ruído como que roçagar de um vestido de seda e uma Dama muito bela, senta-se defronte do altar. 

Catarina se ajoelha, apoia-se em seu regaço, a Dama afaga-se e fala: "Catarina, em qualquer sofrimento, venha falar ao meu coração. Receberás tudo o que precisamos. Filha, confio-te uma missão, não tenhas medo; conta tudo ao Padre encarregado, de guiar-te. Desgraças desabarão sobre a França, o trono será derrubado, Catástrofes abalarão o mundo; Eu estarei contigo. Deus e São Vicente, protegerão as duas comunidades: a dos Padres e as Irmãs de São Vicente." E foi assim que tudo aconteceu. Catarina não soube dizer por quanto tempo ficou junto Dela, que desapareceu como uma sombra. 

No dia 27 de novembro de 1830, às 5 horas da tarde, a comunidade rezava na Capela. Nossa Senhora manifestou-se novamente a Catarina. Apareceu à direita, justamente no lugar onde se encontra hoje, o altar chamado da Virgem do Globo, onde existe uma imagem de mármore, tentando reproduzir o que a Noviça viu. O Globo que vês, representa o mundo inteiro. Em seguida, seus dedos encheram-se de anéis de pedras cintilantes que a inundavam de luz. E as mãos da Senhora, carregadas das graças sugeridas pelos raios, abaixaram-se e estenderam-se como se vê na medalha, e a vidente ouviu. 

"Este raios, são símbolos das graças que eu derramo sobre aqueles que as suplicam. Fazei cunhar uma medalha com minha figura de um lado, e do outro, o M do meu nome, encimado por uma cruz, tendo embaixo dois corações, um coroado de espinhos e o outro, atravessado por uma lança. Todos que a usarem com fé, receberão grandes graças. Catarina, foi ao Padre Aladel, seu confessor, e contou-lhe tudo... "Padre, Nossa Senhora me apareceu... Padre, precisavas ver que lindas as graças contidas em suas mãos. Porém, padre Aladel custou a convencer-se de tal visão, e disse: "Minha filha, calma, sejamos prudentes. 

Por enquanto, guardaremos segredo." Depois de algum tempo, Padre Aladel foi procurar o Arcebispo de Paris e contou-lhe tudo. O Arcebipo disse: "Deus o abençoe, Padre Aladel" O Padre então contou: "Sr. Arcebispo, após a narração do ocorrido e mediante a tantas graças que vêm sendo derramadas em nossas comunidade, peço a Vossa Eminência a autorização para que sejam mandadas cunhar as medalhas conforme vontade de Nossa Senhora". O Arcebispo, depois de ouvir o Padre atentamente, disse: "Mandaremos cunhá-las logo e trataremos de distribuí-las para que todos as usem. Vá em paz e que a Virgem o guarde. A comunidade, conhecendo a medalha e seus efeitos milagrosas, aos poucos foi difundido à devoção a Nossa Senhora das Graças, que se espalhou pelo mundo.

Fonte: www.nsdasgracas.com.br


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sacrifício, o real significado do Matrimônio

Quem se une em matrimônio deve amar o outro “como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”.
Sacrifício, o verdadeiro significado do Matrimônio
O motivo de muitos casamentos não "funcionarem", por assim dizer, reside na esperança que os esposos não poucas vezes depositam no lugar errado. Muitas pessoas têm se unido com a finalidade de satisfazer a si mesmas. Assim, quando surgem as primeiras dificuldades, os primeiros desarranjos, o casal entra em crise e quer se separar. Trata-se, sem dúvida, de um problema de fé. A pessoa crê firmemente que se casou para "ser feliz". Assim, se o seu cônjuge não passa de um obstáculo no caminho rumo a esta "felicidade egoísta", nada resta senão descartar de modo definitivo esta pessoa – como se descarta um objeto mesmo.
Neste conflito, sequer os filhos constituem um empecilho para que os pais se divorciem. Afinal, se o que importa é a felicidade deles, o importante são eles, nada mais. Não é que os pais que se divorciam não se preocupem com seus filhos. É que eles estão muito preocupados consigo mesmos para pensar em outra coisa que não seja... eles mesmos.
O verdadeiro amor é totalmente o contrário deste anseio desordenado de autossatisfação. Ensina São Josemaría Escrivá:
"Às vezes, fala-se do amor como se fosse um impulso para a satisfação própria, ou um simples recurso para completarmos em moldes egoístas a nossa personalidade. E não é assim: amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria com as raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor. Uma dor que se saboreia, que é amável, que é fonte de íntima alegria, mas que é dor real, porque supõe vencer o egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma de nossas ações."01
Uma das passagens divinamente inspiradas mais belas é aquela em que São Paulo compara o vínculo conjugal ao amor de Cristo pela Igreja. "As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o salvador" (Ef 5, 22-23), diz o Apóstolo. "Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (5, 25).
"Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela". E como Cristo amou a Igreja? "Tendo amado os seus que estavam no mundo", diz São João, "amou-os até o fim" (Jo 13, 1): não só até o fim de sua vida, mas "até o cume de toda a possibilidade de amor (...), até à extrema exigência imposta pelo amor"02. No altar do Calvário, consuma-se o sacrifício de uma vida inteira doada por amor: a entrega de Jesus pelos Seus, pela Igreja. É, sem dúvida, um amor alegre, mas revela-se "em forma de cruz".
No altar do leito conjugal e da convivência diária, do mesmo modo, consuma-se outro sacrifício de amor: a entrega matrimonial. Esta também é uma bela oferta, que "traz consigo a alegria", mas, sem dúvida, não é fácil de ser feita. Assim como foi difícil para Jesus encarar o sofrimento da Cruz, nesta vida, os filhos de Deus que se unem em matrimônio também são chamados a entrar no Getsêmani. No horto das Oliveiras, há quase dois mil anos, Jesus "entrou em agonia (...) e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra" (Lc 22, 44). No vale de lágrimas que é o mundo, hoje, os casais são chamados a doar as suas vidas, renunciando a si mesmos em prol do outro e dos seus filhos.
O matrimônio não foi feito para que um indivíduo se faça feliz. Ele foi concebido para que o homem e a mulher, fazendo-se instrumentos do amor divino, daquele amor com que Cristo amou a Sua Igreja, façam-se felizes, um ao outro. O casamento cristão não foi instituído para o egoísmo, mas para a formação da família, pela qual os pais devem se gastar, dia após dia, como Jesus se gastou pelos Seus.
Que os casais não percam de mente estas palavras, que devem moldar a verdadeira paternidade: "Não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício".
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ano da fé: Papa entrega a Exortação Apostólica “A alegria do Evangelho”


Com a solenidade dos grandes momentos, Papa Francisco presidiu neste domingo de manhã, na praça de São Pedro, a Missa da solenidade de Cristo Rei do Universo, com a qual se conclui o Ano da Fé, proclamado por Bento XVI. Não obstante a temperatura rigorosa que se fazia sentir em Roma, o tempo de chuva intensa, dos dias anteriores, concedeu hoje uma trégua, permitindo que a celebração decorresse, como previsto, ao ar livre, sem inconvenientes de maior e com uma assembleia calculada em 60 mil pessoas.
Juntamente com numeroso cardeais e bispos, participaram na Missa os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais Católicas (Médio Oriente, Europa Oriental e Índia), e ainda 500 catecúmenos, de 47 diferentes nacionalidades, dos quatro cantos do mundo, da China e Mongólia à Rússia, do Egito e Marrocos a Cuba.

Na homilia, o Santo Padre começou por recordar que a solenidade de Cristo Rei, que hoje se celebra como “coroamento do ano litúrgico, marca também o encerramento do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI”, ao qual dirigiu um “pensamento cheio de carinho e gratidão”, classificando de “iniciativa providencial” aquela decisão que, disse, nos ofereceu a oportunidade de redescobrirmos a beleza daquele caminho de fé que teve início no dia do nosso Batismo e nos tornou filhos de Deus e irmãos na Igreja”.
O Santo Padre dirigiu também “uma cordial saudação fraterna aos Patriarcas e aos Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais Católicas” presentes.
“O abraço da paz, que trocarei com eles, quer significar antes de tudo o reconhecimento do Bispo de Roma por estas Comunidades que confessaram o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, paga muitas vezes por caro preço.
Com este gesto pretendo igualmente, através deles, alcançar todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz e da concórdia.”

Passando depois a comentar as Leituras proclamadas, o Papa fez notar que todas elas “têm como fio condutor a centralidade de Cristo: Cristo, centro da criação, do povo e da história.

Na segunda Leitura, da Carta aos Colossenses, São Paulo propõe uma visão muito profunda da centralidade de Jesus, apresentando como o Primogénito de toda a criação: n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas, é o princípio. Deus deu-Lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas todas as coisas.
“a atitude que se requer do crente – se o quer ser de verdade – é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos, nas palavras e nas obras. Quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio homem.”

Mas, para “além de ser centro da criação, Cristo é centro do povo de Deus”, como mostra a primeira Leitura, que narra o dia em que as tribos de Israel vieram procurar David e ungiram-no rei sobre Israel. “Na busca da figura ideal do rei, aqueles homens procuravam o próprio Deus: um Deus que Se tornasse vizinho, que aceitasse caminhar com o homem, que Se fizesse seu irmão.”

“Cristo, descendente do rei David, é o «irmão» ao redor do qual se constitui o povo, que cuida do seu povo, de todos nós, a preço da sua vida. N’Ele, nós somos um só; unidos a Ele, partilhamos um só caminho, um único destino.”

Por último, “Cristo é o centro da história da humanidade e de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam: Ele dá-nos esperança, como fez com o bom ladrão no Evangelho de hoje.”

“Jesus – sublinhou Papa Francisco, evocando o diálogo de Jesus, com o crucificado que pede que o recorde ao entrar no seu Reino – pronuncia apenas a palavra do perdão, não a da condenação. “Quando o homem encontra a coragem de pedir este perdão, o Senhor nunca deixa sem resposta um tal pedido”.
“A promessa de Jesus ao bom ladrão dá-nos uma grande esperança: diz-nos que a graça de Deus é sempre mais abundante de quanto pedira a oração. O Senhor dá sempre mais do que se Lhe pede: pedes-Lhe que Se lembre de ti, e Ele leva-te para o seu Reino!”
No final da Missa, antes da recitação do Angelus dominical, o Santo Padre procedeu à entrega simbólica da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium” (“A alegria do Evangelho”) a 36 pessoas, de 17 diferentes países, representando a diversidade de situações no interior da Igreja e na sociedade: um bispo (foto), um padre e um diácono; um religioso e uma religiosa; um seminarista e uma noviça; uma família; pessoas recentemente crismadas; catequistas; jovens; representantes de confrarias e de movimentos eclesiais; e finalmente, dois artistas (um escultor japonês e uma pintora polaca) e dois jornalistas. A um invisual, o Papa entregará a Exortação Apostólica em versão auditiva – um CD-rom.
Numa saudação conclusiva, antes da recitação do Angelus dominical, o Papa saudou todos os peregrinos, famílias, grupos paroquiais, associações e movimentos. Uma saudação especial, reservou-a à comunidade ucraniana presente na praça de São Pedro, recordando o octogésimo aniversário do “Holodomor, a “grande fome” provocada pelo regime soviético que causou milhões de vítimas. Não faltou uma menção especialíssima dos missionários que anunciam o Evangelho através do mundo, ao longo dos tempos:
“o nosso pensamento reconhecido aos missionários que, ao longo dos séculos, têm anunciado o Evangelho e lançado a semente da fé em tantas partes do mundo.”

Entre estes, o Papa recordou especialmente o Beato Junípero Serra, missionário franciscano espanhola, de que ocorre os 300 anos do nascimento, e que foi grande evangelizador da costa americana da Califórnia.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“As mina” do Rei Salomão

Entra ano, sai ano, e nada muda nas comunidades da Igreja: meninos e meninas, homens e mulheres, ao arrumar um namorado(a), simplesmente somem. A sua presença vai rareando, rareando, até que a vítima do Cupido evapora de vez, especialmente quando o xodó não partilha da sua fé.
Acho que o Pai já nem se surpreende mais. Afinal, esse problema ocorre não é de hoje. O Antigo Testamento traz relatos semelhantes, ocorridos há milênios.
Salomão é um dos personagens mais falados da Bíblia, célebre pelas duas coisas que tinha em abundância: dim-dim e sabedoria. Sendo um homem cheio de lábia e $impatia, sacomé… fazia mais sucesso com a mulherada do que o Brad Pitt antes de arrumar 12 filhos. Teve 700 esposas e 300 concubinas.
O problema é que boa parte desse harém não era composto por israelitas, mas por estrangeiras. E aí, entre um cafuné e outro, as mulheres acabaram convencendo-o a cultuar outras divindades. Para agradá-las, ele não poupou recursos: construiu diversos templos, para que “as mina” pudessem prestar culto aos seus deuses.
Antes de trair a sua fé, o rei gozava de grande paz, pois o Senhor o favorecia. A partir de então, profundamente decepcionado e ofendido, o Deus de Israel permitiu que Salomão fosse acossado por seus inimigos, que lhe deram muita dor de cabeça. Em consideração ao seu pai, Davi, o Senhor não tirou Salomão do trono de Israel; mas, após a sua morte, diminuiu drasticamente o poder de seu filho, Roboão, que passou a reinar somente sobre duas tribos, em vez de doze (I Reis 11).
Essa história é extremamente didática para nós. A sabedoria excepcional de Salomão de nada lhe valeu diante do encanto de suas mulheres idólatras, que o arrastaram para o nada. Da mesma forma, muitos são os católicos que trocam o Senhor pelas doces bitocas da(o) namoradinha(o).
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Em geral, o que ocorre é o seguinte: a outra metade da laranja começa a implicar porque o namorado(a) vive na igreja e não lhe dá a atenção suficiente. E o(a) católico(a), por sua vez, cede às chantagens, convive cada vez menos com seus irmãos na fé e renuncia a se dedicar às coisas de Deus.

Convenhamos, é raríssimo encontrar alguém fora da Igreja que esteja disposto a viver um namoro casto. Diante deste quadro, muitos católicos cedem à pressão do mundo, talvez por medo de ficar sozinhos, e acabam virando as costas para os mandamentos do Senhor. E assim, tal como Salomão, desprezam os dons e os ensinamentos do Pai e se deixam corromper pela pessoa a quem estão apegados. Já não são mais inteiramente de Deus: seu coração cedeu lugar à idolatria.
Falando sobre o amor ao dinheiro, Jesus advertiu aos seus discípulos:
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza. (Mt 6:24)
Podemos aplicar a mesma sentença à relação afetiva entre homens e mulheres. Não se iluda! Não podemos ao mesmo tempo servir a Deus e agradar ao namoradinho(a) sem fé.
Quem você quer que seja o Senhor da sua vida? Quem pode te dar a felicidade? Em quem você coloca sua esperança de realização? Quem pode encher a sua vida de sentido?
A resposta a essas questões será decisiva para o rumo da sua vida. Agora e na eternidade.
Pense bem: se quem você namora te ama verdadeiramente, será capaz de respeitar a sua identidade e não te afastará do seu Deus!
Fonte: www.ocatequista.com.br

Dom Alberto Taveira Corrêa: Não oferecemos a fé cristã numa espécie de supermercado

D.Alberto
Estamos para terminar o Ano da Fé, convocado por Bento XVI e confirmado pelo Papa Francisco, no qual foram assumidas muitas iniciativas em vista de um aprofundamento das verdades que sustentam a vida cristã. Muitas pessoas aprenderam de novo a profissão de fé chamada “niceno-constantinopolitana” que, ao lado do “Símbolo dos Apóstolos” expressa, de forma resumida e precisa, o que nós cristãos acreditamos.
A fé é o dom recebido e oferecido, a modo de testemunho e anúncio, a todas as gerações da humanidade, a partir do acontecimento que é Nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecido por todos os cristãos como Senhor e Salvador.
Sabemos que o Espírito Santo espalha sementes do Verbo de Deus em todos os recantos da humanidade, fazendo com que o anseio pela verdade se encontre no coração dos homens e mulheres de todos os tempos. Entretanto, seríamos nós os cristãos dignos de dó se não existisse a convicção profunda a respeito do que acreditamos. É inclusive condição indispensável para dialogar com quem pensa diferente de nós o conhecimento e a certeza da fé, com a qual nos dignificamos e somos valorizados. Não oferecemos a fé cristã numa espécie de supermercado de ofertas consideradas “iguaizinhas”, mas a professamos com dignidade, dando testemunho, vivendo com coerência e oferecendo aos outros o anúncio da Boa Nova do Evangelho.
Desde o Antigo Testamento e passando por toda a história da Igreja, há homens e mulheres cuja coerência nos edifica e sustenta: “com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva à perfeição” (Hb 12,1-2). A conhecida saga dos Macabeus, em tempo de perseguição acirrada, é um dos significativos exemplos. Assim descreve a Escritura: “Sobremaneira admirável e digna de abençoada memória foi a mãe, a qual, vendo morrer seus sete filhos no espaço de um dia, soube portar-se animosamente por causa da esperança que tinha no Senhor. A cada um deles exortava na língua dos seus antepassados, cheia de coragem e animando com força viril a sua ternura feminina. E dizia-lhes: ‘Não sei como viestes a aparecer no meu ventre, nem fui eu quem vos deu o espírito e a vida. Também não fui eu quem deu forma aos membros de cada um de vós. Por isso, o Criador do mundo, que formou o ser humano no seu nascimento e dá origem a todas as coisas, Ele, na sua misericórdia, vos restituirá o espírito e a vida. E isto porque, agora, vos sacrificais a vós mesmos, por amor às suas leis’” (Cf. 2 Mac 7, 1-14). E os filhos, quase como em refrão, proclamavam a certeza da ressurreição para a vida eterna, que é dada por Deus!
Jesus, numa discussão com os saduceus, acentua a verdade da Ressurreição dos mortos e a certeza de que Deus é Deus dos vivos (Lc 20, 27-38). E chegamos a um dos pontos cruciais de nossa fé cristã, diante de convicções tantas vezes diferentes com as quais convivemos no dia a dia, a fé na ressurreição dos mortos e na vida eterna. Reafirme-se o respeito às pessoas que pensam de outra forma, mas não é possível para nós, cristãos, omitirmos as razões de nossa esperança.
Acreditamos em Deus, que nos dá uma vida só, a ser entregue em suas mãos, quando terminar o curso de nossa aventura terrena, pois “está determinado que os homens morram uma só vez, e depois vem o julgamento” (Hb 9, 27). Quem nos salva e nos introduz na vida eterna não são eventuais e sucessivos retornos a esta terra, mas os méritos de Jesus Cristo, Senhor, Salvador e Redentor. Diante dele, cada pessoa se torna responsável pelos seus atos, abrindo-se ao seu amor misericordioso, para poder proclamar com toda certeza: “Pois eu sei que meu redentor está vivo e que, no fim, se levantará sobre o pó; e, depois que tiverem arrancado esta minha pele, em minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não a um estranho” (Jó 19, 25-27).
Consequência de nossa fé na ressurreição da carne será uma grande responsabilidade do cristão diante da vida e pelos seus próprios atos. Não é possível jogar nas mãos dos outros a própria existência. Seremos, sim, irmãos e irmãs, solidários uns com os outros, mas chegará o momento de nossa páscoa pessoal em que, como uma pessoa sozinha no deserto, nua diante do Senhor, encontraremos, na maravilhosa experiência do amor misericordioso, fogo que purga como ao ouro e à prata no cadinho, a verdade definitiva, que se chama salvação eterna! Poderemos dizer nosso sim definitivo a Deus, consequência de nossas escolhas cotidianas.
Homens e mulheres que assim acreditam se tornam semeadores de esperança. Não proclamam condenação diante de quem quer que seja, mas anunciam perdão e vida. Em nome de tais certezas, vão em busca de todos. Recolhem em cada recanto do mundo as pessoas que sofrem, fazendo brilhar diante delas o amor que abre novas estradas. Acreditar na ressurreição da carne faz ainda valorizar a própria vida, a saúde do corpo que é feito templo do Espírito Santo. E diante da vida dos outros, trata-se de admirar o verdadeiro santuário em que Deus quer habitar.
Quem assim acredita acolhe exigências fortes e salutares, como as que se encontram no Livro da Sabedoria (Sb 1, 12-15): “Não procureis a morte com uma vida desregrada, e não provoqueis a ruína com as obras de vossas mãos. Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal”.
Quem assim professa a fé supera o círculo vicioso de certo eterno retorno! Sim, Deus pode ser e é original. A prova está em cada um de nós! Um dito jocoso afirma com verdade que Deus “jogou a forma fora” quando criou cada homem e cada mulher. E de surpresa em surpresa descobriremos a maravilha que é cada pessoa, destinada à felicidade eterna, pois ele não fez ninguém para a perdição. Todos, sem exceção, são candidatos à felicidade nesta terra e na eternidade, o que não nos permite passar em vão perto das pessoas, mas olhar ao nosso redor para oferecer o que estiver ao nosso alcance, em vista da realização, dignidade e salvação, a partir dos mais pobres e dos pequenos.
Quem assim acredita na vida eterna e na ressurreição da carne encontra desde já o sentido e o rumo de sua existência!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém (PA)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Qual o dia certo para montar a árvore de Natal?


Deve-se montar a árvore de Natal no Primeiro Domingo do Tempo do Advento. 

A decoração natalina deve ser desmontada no Dia de Reis, em 6 de janeiro
Um dos grandes símbolos do período natalino, a árvore de Natal simboliza, segundo a tradição da Igreja Católica, a vida. Mas, em meio a dias de expectativa para a chegada das festas de fim de ano, qual o dia adequado para montar a árvore? 

De acordo com o padre Gustavo Haas, assessor de liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a árvore deve começar a ser montada no Primeiro Domingo do Tempo do Advento , quando se inicia o tempo do advento para a Igreja. Vale lembrar ainda que a árvore não deve ser montada toda de uma vez: o ideal é acrescentar enfeites e adereços aos poucos, durante as quatro semanas do advento, que é, para os católicos, tempo de preparação.

“Durante o Natal, no Hemisfério Norte, todas as árvores perdem as folhas, com exceção do pinheiro. Por isso, a árvore se tornou símbolo da vida, celebrada no Natal com o nascimento do menino Jesus”, diz Haas.

De acordo com o religioso, a preparação da árvore deve ser intensificada durante a última semana que antecede o Natal. “Até o Segundo Domingo do Tempo do Advento , tudo ainda é muito sóbrio, mesmo nas leituras feitas nas missas do advento. É só a partir do Terceiro Domingo do Tempo do Advento que a Bíblia começa a falar do nascimento de Jesus, e se inicia um momento de maior expectativa. Esse é o momento, portanto, de intensificar a decoração da árvore”, afirma. 

Presépios

A montagem do presépio, também tradicional em tempos de Natal, deve seguir a mesma linha da preparação da árvore de natal. “Aos poucos, pode-se começar a montar a gruta, colocar os animais e os pastores, mas Maria, José e o menino Jesus devem fazer parte do presépio apenas mais próximo do Natal”, diz Haas. 

O presépio, ainda de acordo com o padre, foi uma invenção de São Francisco de Assis para lembrar a simplicidade e as dificuldades enfrentadas por Maria e José no nascimento de Jesus. A orientação para quem pretende seguir a tradição católica é não sofisticar os presépios com luzes e enfeites.

“Costumamos dizer sempre também que é muito importante envolver as crianças na montagem dos presépios, e o ideal seria que eles fossem feitos nas próprias casas, pelas crianças, para que eles percebam o real sentido do natal”, diz.

Hora de desmontar

Tradicionalmente, o dia de desmontar a árvore de Natal, o presépio e toda a decoração natalina é 6 de janeiro, o Dia de Reis. “É nesse dia que três magos, pessoas sábias, encontram o menino Jesus e ele é então revelado a todas as nações. Termina então o tempo de Natal, o tempo de expectativa, e começa o tempo comum para a Igreja”, afirma Haas.


Advento

Um dos grandes símbolos do Natal para a Igreja é a coroa do advento. Formada com ramos verdes e em formato de círculo, a coroa simboliza, de acordo com Haas, a unidade e a perfeição, sem começo e sem fim. “A coroa representa o nascimento do rei. Em cada um dos quatro domingos do advento uma vela é acesa. Com a proximidade do nascimento de Jesus, a luz se torna mais intensa, e é o Natal enquanto festa da luz que celebramos”, diz.

Fonte: www.catequisar.com.br

A psicologia do sentido da vida e a vivência do sofrimento


É, sem sombra de dúvidas, o sofrimento algo muito peculiar, e diria, até, inevitável à existência humana.  É com certeza um tema bastante rico e que merece uma boa reflexão.
A própria forma de se tratar o sofrimento, de enxergá-lo e de agir diante deste é também um ponto de partida bem interessante para uma discussão, tanto às alturas de uma filosofia rebuscada, como também sob um olhar clinico da Psicologia, ou ainda no cotidiano de uma conversa entre amigos. Muitas questões surgem aí, tanto à nível de metafísica, de pensamentos sofisticados, como até mesmo do mais cotidiano pensar sobre o sofrimento diário de cada um.
Por que sofrer? É preciso sofrer? Fugir ou enfrentar o sofrimento? Existe sofrimento bom?
Para isso, não pretendo aqui apresentar algo de teor acadêmico, mas sim elucidar um pouco desta visão da Psicologia acerca do sofrimento humano. Não parto das minhas meras conclusões, mas trago pensamentos fundamentados a partir de uma abordagem psicológica chamada Logoterapia.
Sem delongas, trago de imediato a questão que Viktor Frankl , fundador da Logoterapia traz acerca do sofrimento e, em especial, acerca do sentido da vida. A Logoterapia pressupõe que a vida é potencialmente cheia de sentido, em qualquer que for a circunstância, sob a influência de qualquer que for a contingência. Frankl, então, traz à tona a centralidade na sua teoria da importância do sentido da vida. Para Frankl, diferentemente o que se dizia em outras teorias psicológicas de sua época, o homem é um ser movido pela vontade de sentido. Desse modo, para além do principio do prazer e do poder, o homem é um ser em busca de sentido.
Para alguns, pode até parecer um pouco estranho trazer duas coisas aparentemente tão opostas para um núcleo comum de discussão. Isso tudo parece até complicar mais ainda nossa reflexão, mas acompanhemos a proposta perspicaz de Viktor Frankl.
o sofrimento não priva nem nega ao homem a possibilidade de encontrar um sentido; porém, para encontrá-lo será decisiva a postura que se adota diante dessa situação inevitável (Frankl, 1989:155)
Faz-se, pois, o questionamento se afinal, em todas as circunstâncias, mesmo naquelas mais trágicas, a vida permaneceria passível de sentido.  Para isso, a Logoterapia pressupõe que a vida é potencialmente cheia de sentido, e não somente isso, Viktor Frankl credita, ainda, àquelas circunstâncias mais dolorosas, as mais nobres oportunidades de realização de sentido. Trata-se, o sofrer, de uma oportunidade que, muitas vezes, é a ultima de se descobrir e assumir o valor de sua vida, como valor único e irrepetível.
É, no entanto, necessário esclarecer que o que está sendo proposto não é uma psicologia a favor do sofrimento, mas, sim, uma psicologia que não fica inábil diante do sofrimento. O sofrer, então, quando em circunstancia inevitável, pode se tornar uma oportunidade ímpar de realização de sentido.

Abre-se, então, algumas questões: o sofrimento deve ser buscado ou evitado?
O que o sofrimento faz é salvar a alma da apatia, da rigidez mortal da alma. Enquanto sofremos continuamos a viver da alma. (FRANKL, 1989:153)
Com muita ousadia de minha parte, diria que Frankl responderia algo semelhante a isso:
Nenhum dos dois! O sofrimento não é para ser buscado, isso seria masoquismo. Por outro lado, o comportamento de fuga do sofrimento, o fazer a todo custo que o sofrimento seja afastado tem algo de caráter doentio. O sofrimento precisa ser acolhido, quando necessário, e isto não se trata de uma defesa de uma postura de conformismo e acomodação diante das coisas, ao contrário, é necessária uma postura ativa diante do sofrimento. É justamente diante deste sofrimento inevitável que o homem decide como se postar, se será uma postura passiva, pois há também no sofrimento essa dimensão do padecer e a possibilidade do deixar-se padecer, ou escolher por uma postura ativa e criativa. De certa forma, existe um caráter de escolha pessoal para a resposta dada às situações de sofrimento.
Ao aceitar esse desafio de sofrer com bravura, a vida recebe um sentido até o seu derradeiro instante, mantendo esse sentido literalmente até o fim. Em outras palavras, o sentido da vida é um sentido incondicional, por incluir até o sentido potencial do sofrimento inevitável. (FRANKL, 1991:102)
Rafael Rebouças Andrade
Estudante de Psicologia da Universidade Federal do Ceará
Referencias
FRANKL, V. E. Psicoterapia e sentido da vida. São Paulo: Quadrante, 1989
__________. Um sentido para vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida – SP: Santuário, 1989ª
__________. . Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 1991
JOÃO PAULO II O sentido cristão do sofrimento humano. Carta Apostólica Salvifici Doloris. São Paulo: Ed. Paulinas, 1988

PEREIRA, Ivo Studart. A vontade de sentido na obra de Viktor Frankl. Psicol. USP,  São Paulo,  v. 18,  n. 1, março  2007
NEIR, Moreira; ADRIANO Holanda. Psico-USF, v. 15, n. 3, p. 345-356 2010
BELLO, Ângela Alles. (2006). Introdução à Fenomenologia. Bauru, SP: EDUSC

BRANDÃO,  Sílvia Regina.  O sentido do sofrimento como doação de si CEMOrOC-Feusp,  Notandum, 26, mai-ago 2011