quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bento XVI se despede de Cardeais: Prometo total obediência ao futuro Papa


Em suas palavras de agradecimento aos Cardeais reunidos na Sala Clementina do Palácio Apostólico, o Papa Bento XVI assegurou sua "total obediência e benevolência" para com seu sucessor.

O Santo Padre assegurou aos Cardeais que "também foi uma alegria caminhar com vocês à luz da presença do Senhor ressuscitado. Como falei ontem ante os fiéis que enchiam a Praça de São Pedro, sua proximidade e seu conselho foi de grande ajuda para o meu ministério".

O Papa assinalou que durante seus 8 anos de pontificado, "vivemos momentos muito belos de luz radiante com a Igreja, assim como momentos que foram escuros. Nestes momentos buscamos seguir a Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total".

"Quero alentá-los a crescer nesta amizade profunda, de tal maneira que o Colégio dos Cardeais seja expressão da diversidade da Igreja universal, marcada por uma concorde harmonia".

O Santo Padre recordou as palavras dedicadas a ele por seu mentor, o sacerdote e teólogo italiano Romano Guardini, quem lhe escreveu que "a Igreja não é uma realidade passada, é uma realidade viva, ela vive com o passar do tempo, no suceder, como todo ser vivente transformando-se e, entretanto, permanece sempre a mesma e seu coração é o mesmo".

"Esta é a experiência que tive ontem na Praça, que a Igreja é um corpo vivo", assegurou Bento XVI, acrescentando que a Igreja "está no mundo, mas não é do mundo".

O Papa remarcou que "a Igreja vive, cresce e se reflete nas almas, que como a Virgem Maria acolhem a palavra de Deus e a concebem por obra do Espírito Santo".

"Permanecemos unidos neste mistério, na oração, especialmente na Eucaristia cotidiana", indicou, "esta é a alegria que ninguém poderá nos tirar".

Bento XVI assegurou aos Cardeais que continuará "servindo à Igreja na oração, especialmente nos próximos dias", para que a eleição do novo Papa seja fruto da docilidade ao Espírito Santo.

Depois de concluir suas palavras, o Papa Bento XVI recebeu a afetuosa saudação dos Cardeais presentes, assim como de diversos funcionários da Cúria Vaticana.

Fonte: ACI Digital

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Qual a grande contribuição que Bento XVI deixa à Igreja?

Padre Paulo Ricardo explica que Bento XVI deixa um grande legado na área da compreensão do Concílio Vaticano II

 Qual é a grande contribuição que Bento XVI deixa à Igreja 

Os quase oito anos do pontificado do Papa Bento XVI chegam ao fim ,nesta quinta-feira, 28. O mundo recebeu com surpresa a notícia de sua renúncia, apresentada em 11 de fevereiro. Depois do susto, das perguntas e esclarecimentos, aos poucos começou-se a refletir não mais sobre os motivos da renúncia, o que já é um fato dado, mas sobre os feitos deste Papa, a contribuição que ele deixa à Igreja de Cristo.

O teólogo e padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidiocese de Cuiabá, destaca que Bento XVI está entre os grandes papas que conduziram a Igreja após o Concílio Vaticano II. Este, segundo ele, foi um evento extraordinário, mas que ainda não deu todos os seus frutos.

De acordo com padre Paulo, o grande legado de Bento XVI está relacionado ao Concílio, ao fato de fazer as pessoas terem acesso ao verdadeiro Concílio Vaticano II e às “coisas extraordinariamente positivas” que Deus concedeu à Igreja por meio deste evento.

O sacerdote disse, conforme fez o próprio Papa recentemente em audiência com os padres da diocese de Roma, que o Concílio foi interpretado pela mídia e pelo mundo como sendo um Concílio que estava começando um novo jeito de ser Igreja, sendo uma ruptura com o passado. Contudo, ele enfatiza o esforço do atual Pontífice de fazer com que os fiéis, sacerdotes e bispos retomem os verdadeiros ensinamentos desse grande acontecimento, sabendo colher as riquezas que ele tem para dar à Igreja.

“Em poucas palavras, o Papa Bento XVI nos deixou o grande legado de fazer os fiéis católicos compreenderem que há 50 anos, com o Concílio Vaticano II, não começou uma nova Igreja, mas é a mesma Igreja de Cristo, na sua continuidade orgânica que ao longo dos séculos vai se transformando e se adaptando aos poucos conforme as necessidades e circunstâncias. O Vaticano II não foi uma revolução, foi um crescimento da Igreja na continuidade daquilo que é a tradição de 2000 anos”.

O próximo Papa

Diante da riqueza da contribuição deixada por Bento XVI, padre Paulo elenca como o grande desafio do novo Papa a continuidade dessa herança. Ele enfatiza que Deus tem dado à Igreja papas que continuam o trabalho que o outro havia iniciado, dando sua contribuição pessoal.

“É por isso que nós temos essa alegria de ser católico, de saber que cada Papa que toma o seu papel como Sucessor de São Pedro sabe que ele é sucessor de tantos outros. O próximo Pontífice será o de número 266, ou seja, antes dele, houve 265 papas aos quais ele dará continuidade e dos quais ele será sucessor”, explica.

Embora cada um deles tenha a sua própria contribuição a dar, padre Paulo cita uma característica comum a todos os pontífices: o “guardar a fé”, permanecer na mesma fé da Igreja de 2 mil anos. Segundo ele, o grande desafio que a Igreja enfrenta, nas últimas décadas, tem sido transmitir a fé de sempre de forma nova, a fim de que os fiéis possam compreendê-la.

“Cada Papa tem esta missão de continuar na fé de sempre, mas apresentar isso não de uma forma morta, mas viva. Bento XVI fez isso com todo o seu carisma de grande homem, como teólogo, pensador e grande homem de vivência litúrgica e espiritual. O próximo Sucessor de Pedro terá, também ele, a sua personalidade, a sua contribuição e a sua riqueza. Nós estamos preparados para receber essas maravilhosas surpresas de Deus que a Igreja recebe a cada eleição de um novo Pontífice”, concluiu.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Após a renúncia o Papa continuará a chamar-se “Sua Santidade Bento XVI”


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 O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, realizou na manhã desta terça-feira (26), mais uma coletiva de imprensa, em que esclareceu algumas das muitas dúvidas dos jornalistas.

Uma delas é sobre como Bento XVI será chamado a partir do dia 28 de fevereiro. O diretor respondeu que continuará a chamar-se “Sua Santidade Bento XVI”, mas também será chamado “Papa Emérito” ou “Romano Pontífice Emérito”.

Sobre as vestes: branca, simples, sem mantelete. Não são mais previstas os sapatos vermelhos. “Parece que o Papa ficou muito satisfeito com os sapatos que lhe presentearam no México, em Leon”, disse padre Lombardi.

Não usará mais o anel do pescador, para o qual o Camerlengo, com o decano, darão o fim que a Constituição prevê.

Sobre o dia de hoje, o Papa a transcorrerá em oração e preparação para a transferência a Castel Gandolfo.

Para a Audiência Geral de quarta-feira, foram distribuídos 50 mil bilhetes. Prevê-se o mesmo esquema: um amplo giro com o papamóvel. Não terá lugar o “beija-mão” – este será feito após a Audiência Geral, na Sala Clementina, para algumas autoridades, como o Presidente da Eslováquia, o Presidente da região da Baviera.

Quinta-feira, às 11h, haverá a saudação aos Cardeais, com o discurso do Decano no início. Às 16h55 (hora local), a partida de carro do pátio de São Dâmaso, saudação dos superiores. No heliporto, haverá a saudação do Cardeal Decano. Às 17h15, a chegada a Castel Gandolfo, onde estarão presentes o Bispo de Albano e outros autoridades. Às 17h30, no Pátio interno o Papa saúda os fiéis – a última saudação pública do Santo Padre. Às 20h, a Guarda Suíça, fecha a porta do Palácio Apostólico, encerrando o serviço para o Papa como chefe da Igreja.

Fonte: Radio Vaticano

Motu Próprio de Bento XVI permite aos Cardeais anteciparem o Conclave

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Publicamos abaixo a tradução para o português da Carta Apostólica em forma de Motu Próprio do Santo Padre Bento XVI sobre as modificações relativas ao próximo Conclave.
"Com a Carta Apostólica 'De aliquibus mutationibus in normis de electione Romani Pontefici', dada como Motu Próprio em Roma no dia 11 de junho de 2007 no terceiro ano de meu pontificado, estabeleci algumas normas que, apelando as prescritas no número 75 da Constituição apostólica 'universi Dominici gregis' promulgadas no dia 22 de fevereiro de 1996 por meu predecessor o Beato João Paulo II, restabelecia a norma sancionada pela tradição, segundo a qual para a eleição válida do Romano Pontífice se requer sempre a maioria de dois terços dos votos dos Cardeais presentes.

Considerada a importância de assegurar o melhor funcionamento do que se refere, embora com diferentes relevos, a eleição do Romano Pontífice, em particular uma interpretação e atuação mais certa de algumas disposições, estabeleço e preescrevo que algumas normas da Constituição apostólica 'Universi Dominici gregis' e quanto eu mesmo dispus na Carta Apostólica acima mencionada se substituam com as normas que seguem:

35. Nenhum Cardeal eleitor poderá ser excluído da eleição, ativa ou passiva, por nenhum motivo ou pretexto, ficando de pé o estabelecido nos números 40 e 75 desta Constituição.

37. Estabeleço, além disso, que desde o momento em que a Sé Apostólica esteja legitimamente vacante os Cardeais eleitores presentes esperem durante quinze dias completos os ausentes; deixo ademais ao Colégio dos Cardeais a faculdade de antecipar o começo do Conclave se constar a presença de todos os Cardeais eleitores, como a facultade de atrasar, se houver motivos graves, o começo da eleição por alguns dias. Mas passado o máximo de vinte dias desde o início da Sé vacante, todos os Cardeais eleitores presentes estarão obrigados a proceder a eleição.

43. Desde o momento em que se tenha iniciado o processo de eleição até o anúncio público de que foi realizada a eleição do Sumo Pontífice ou, de todos modos, até quando assim o ordene o novo Pontífice, os locais das Domus Sanctae Marthae, como também e de modo especial a Capela Sixtina e as zonas destinadas às celebrações litúrgicas, devem estar fechadas às pessoas não autorizadas, sob a autoridade do Cardeal Camerlengo e com a colaboração externa do Vice Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado, segundo o estabelecido nos números seguintes.

Todo o território da Cidade do Vaticano e também a atividade ordinária dos escritórios que tem sua sede dentro do âmbito devem regular-se, no dito período, de modo que se assegure a reserva e o livre desenvolvimento de todas as atividades em relação com a eleição do Sumo Pontífice. De modo particular se deverá cuidar, também com a ajuda dos Prelados Clérigos da Câmara, que ninguém se aproxime dos Cardeais eleitores durante o traslado desde a Domus Sanctae Marthae ao Palácio Apostólico Vaticano.
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46. Parágrafo 1. Para satisfazer as necessidades pessoais e dos escritórios relacionados com o desenvolvimento da eleição, deverão estar disponíveis e, portanto, alojados convenientemente dentro dos limites referidos no n. 43 da presente Constituição, o Secretário do Colégio Cardinalício, que atua de Secretário da assembleia eleitiva; o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias com oito Cerimoniários e dois religiosos ligados à Sacristia Pontifícia; um eclesiástico eleito pelo Cardeal Decano, ou pelo Cardeal que faça suas vezes, para que o assista em seu cargo.

47. Todas as pessoas assinaladas no número 46 e no número 55, parágrafo 2 da presente Constituição que por qualquer motivo ou em qualquer momento forem informadas por quem quer que seja sobre algo direta ou indiretamente relativo aos atos próprios da eleição e, de modo paritcular, do referente aos escrutínios realizados na eleição mesma, estão obrigados a estricto secreto com qualquer pessoa alheia ao Colégio dos Cardeais eleitores; por isso, antes do começo do processo da eleição, deverão prestar juramento segundo as modalidades e a fórmula indicada no número seguinte.

48. As pessoas assinaladas no número 46 e no número 55, parágrafo 2 da presente Constituição, devidamente advertidas sobre o significado e sobre o alcance do juramento que prestaram antes do começo do processo de eleição, deverão pronunciar e assinar em seu devido tempo diante do Cardeal Camerlengo ou outro Cardeal delegado por este, na presença de dois Protonotários apostólicos de Número Participantes, o juramento segundo a fórmula seguinte: Eu N.N. prometo e juro observar o segredo absoluto com quem não forme parte do Colégio dos Cardeais eleitores, e isto perpetuamente, a menos que não receba especiais faculdades dadas expressamente pelo novo Pontífice eleito ou por seus sucessores, acerca de tudo o que toca direta ou indiretamente as votações e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice.
Prometo igualmente e juro que me absterei de fazer uso de qualquer instrumento de gravação, audição ou visão, durante o período da eleição, que se desenvolve dentro do âmbito da Cidade do Vaticano, e particularmente do que direta ou indiretamente de algum modo tem a ver com as operações relacionadas com a eleição mesma. Declaro emitir este juramento consciente de que uma infração do mesmo comportaria para mim a pena da excomunhão "latae sententiae" reservada à Sé Apostólica. Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos que toco com minha mão.

49. Celebradas as exéquias do defunto Pontífice, segundo os ritos prescritos, e preparado o necessário para o desenvolvimento regular da eleição, o dia estabelecido, segundo o previsto no número 37 da presente Constituição, não mais além do vigésimo- os Cardeais eleitores se reunirão na Basílica de São Pedro no Vaticano, onde a oportunidade e as necessidades de tempo e de lugar aconselham, para participar em uma solene celebração eucarística com a Missa votiva 'Pro eligendo Papa' (19). Isto deverá se tornar possível em uma hora adequada da manhã, de modo que na tarde possa ter lugar o prescrito nos números seguintes da presente Constituição.

50. Desde a Capela Paulina do Palácio Apostólico, onde se reunirão em uma hora conveniente da tarde, os Cardeais eleitores com hábito coral irão em solene procissão, invocando com o canto do Veni Creator a assistência do Espírito Santo, a Capela Sixtina do Palácio Apostólico, lugar e sede do desenvolvimento da eleição. Participam na procissão o Vice Camerlengo, o Auditor Geral da Câmara Apostólica e dois membros de cada um dos Colégios de Protonotários Apostólicos de Número Participantes, dos Prelados Auditores da Rota Romana e dos Prelados Clérigos da Câmara.

51. Parágrafo 2. Portanto, o Colégio Cardinalício, que atua sob a autoridade e a responsabilidade do Camerlengo, ajudado pela Congregação particular da que se fala no número 7 da presente Constituição cuidará de que, dentro da dita Capela e dos locais adjacentes, tudo esteja previamente disposto, inclusive com a ajuda desde o exterior do Vice Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado, de modo que se preserve a normal eleição e o caráter reservado da mesma.

55. Parágrafo 3. Se se comete-se e descobri-se uma infração a esta norma, saibam os autores que estarão sujeitos a pena de excomunhão 'latae sententiae' reservada à Sé Apostólica.

62. Abolidos os modos de eleição chamados per acclamationem seu inspirationem e per compromissum, a forma de eleição do Romano Pontífice será de agora em diante unicamente per scrutinium.

Estabeleço, portanto, que para a eleição válida do Romano Pontífice se requerem os dois terços dos votos, calculados sobre a totalidade dos eleitores presentes e votantes.

64. O procedimento só escrutínio se desenvolve em três fases, a primeira das quais, que se pode chamar pré-escrutínio, compreende:

1) a preparação e distribuição dos papéis por parte dos cerimoniários, chamados à sala junto com o Secretário do Colégio de Cardeais e com o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias- que entregam pelo menos dois ou três a cada Cardeal eleitor. 
2) a extração por sorteio, entre todos os Cardeais eleitores, de três Escrutadores, de três encarregados de recolher os votos dos enfermos, chamados Infirmarii, e de três Revisores; este sorteio é realizado publicamente pelo último Cardeal Diácono, o qual extrai seguidamente os nove nomes dos que deverão realizar tais funções;
3) se na extração dos Escrutadores, dos Infirmarii e dos Revisores, sairem os nomes de Cardeais eleitores que, por enfermidade ou outro motivo, estão impedidos de levar a cabo estas funções, em seu lugar se extrairão os nomes de outros não impedidos. Os três primeiros extraídos atuarão de Escrutadores, os três segundos de Infirmarii e os outros três de Revisores.

70. Parágrafo 2. Os Escrutadores fazem a soma de todos os votos que cada um obteve, e se nenhum alcançou ao menos dois terços dos votos naquela votação, o Papa não foi eleito; do contrário, caso algum Cardeal obtiver ao menos os dois terços, se tem por canonicamente válida a eleição do Romano Pontífice.

75. Se se realizaram em vão os escrutínios que indicados nos números 72, 73 e 74 da indicada Constituição, tenha-se um dia dedicado a oração, a reflexão e ao diálogo; nas seguintes votações, observando a ordem estabelecida no número 74 da dita Constituição, somente terão voz passiva os dois nomes que no escrutínio precedente tenham obtido a maioria de votos, sem distanciar-se da norma de que também nestas votações para a validez da eleição se requer a maioria qualificada de ao menos dois terços dos sufrágios dos Cardeais presentes e votantes. Nestas votações os dois nomes que tem voz passiva carecem de voz ativa.

87. Realizada canonicamente a eleição, o último dos Cardeais diáconos chama na sala da eleição o secretário do Colégio Cardinalício, o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e dois Mestres de Cerimônias; então o Cardeal Decano, ou o primeiro dos cardeais por ordem e idade, em nome de todo o Colégio dos eleitores pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: Aceita a sua eleição canônica como Sumo Pontífice? E apenas recebido o consenso ele pergunta: Como gostaria de ser chamado? Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, atuando como tabelião e as tendo como testemunhas dois Mestres de Cerimônias, redige um documento sobre a aceitação do novo Papa e o nome tomado por ele.

Este documento entrará em vigor imediatamente depois de sua publicação no "L'Osservatore Romano".

Isto decido e estabeleço, não obstante qualquer disposição contrária.

Dado em Roma, ao lado de São Pedro, no dia 22 de fevereiro, no ano de 2013, oitavo de meu pontificado. (EPC)

Com informações do Serviço de Informação do Vaticano.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Confira as palavras do Papa antes do Angelus deste domingo

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Angelus Praça São Pedro Domingo, 24 de fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs,

Obrigado pelo vosso afeto!

Hoje, segundo domingo da Quaresma, temos um Evangelho particularmente belo, aquele da Transfiguração do Senhor. O Evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João, os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). O Senhor, que pouco antes tinha predito a sua morte e ressurreição (9, 22) oferece aos discípulos uma antecipação da sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ressoa a voz do Pai celeste: “Este é o meu filho, o eleito; escutai-o!” (9, 35). A presença então de Moisés e Elias, que representam a Lei e os Profetas da antiga Aliança, é ainda mais significativa: toda a história da Aliança é orientada para Ele, o Cristo, que cumpre um novo “êxodo” (9, 31), não para a terra prometida como no tempo de Moisés, mas para o Céu. A intervenção de Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui” (9, 33) representa a tentativa impossível de parar esta experiência mística. Comenta Santo Agostinho: “[Pedro] … sobre o monte … tinha Cristo como alimento da alma. Por que ele iria descer para voltar aos trabalhos e dores, enquanto lá estava cheio de sentimentos de amor santo para Deus e que o inspiravam, portanto, a uma conduta santa? (Discurso 78,3: PL 38,491).

Meditando sobre esta passagem do Evangelho, podemos aprender um ensinamento muito importante. Antes de tudo, o primado da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o tempo certo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como no Tabor queria fazer Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. “A existência cristã – escrevi na Mensagem para esta Quaresma – consiste em um contínuo subir ao monte do encontro com Deus, e depois voltar a descer trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (n. 3).

Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. Obrigado! O Senhor me chama a ‘subir o monte’, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isto é para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual tenho buscado fazê-lo até agora, mas de modo mais adequado à minha idade e às minhas forças. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria: ela nos ajude a todos a seguir sempre o Senhor Jesus, na oração e nas obras de caridade.

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A Providência Divina realizou o primeiro e acertado passo para uma nova PUC-São Paulo.

Dom Odilo Scherer

No último dia 22, sexta-feira, Dom Odilo Pedro Scherer celebrou a Festa da Cátedra de São Pedro na capela da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Como arcebispo e Grão-Chanceler da Universidade, D. Odilo propôs que a missa também tivesse uma intenção de ação de graças pelo pontificado de Bento XVI e fosse seguida por um ato de dignificação da Cruz no pátio do campus.
 
Seria algo corriqueiro: um Cardeal celebrando na PUC de sua Arquidiocese. Contudo, o clima na PUC-São Paulo é tenso e marcado por conflitos. A Universidade tornou-se reduto de mentalidades relativistas e pensamentos anticlericais.
O conflito mais recente foi motivado pela escolha da nova reitoria. A eleição de um Reitor, pelos Estatutos, é realizada pelo Arcebispo de São Paulo, a partir de uma lista tríplice com os nomes mais votados pela comunidade universitária. Dom Odilo escolheu a terceira mais votada, Anna Cintra, quebrando o costume de escolher o mais votado e utilizando o poder legítimo de Grão-Chanceler.
O fato causou furor por partes dos alunos. Sob a desculpa de lutar por democracia e transparência na gestão da PUC, um grupo de alunos e professores promoveram uma série de protestos, muitos deles alçando o vandalismo. A mais grave, desrespeitosa e ofensiva manifestação foi a decapitação de um boneco representando o Papa (o vídeo circula pelo YouTube).
E foi nesse clima que Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer foi à PUC na sexta-feira. Um ato de desagravo e um momento de ação de graças pelo Sucessor de Pedro. Porém, o chamado “movimento PUC-SP” organizou pelas redes sociais um evento diante da PUC, em horário coincidente ao da missa. O protesto prometia ser pacífico, mas visava expor o Cardeal, aproveitando-se da proximidade do conclave.
Estava preocupado com a integridade física do Cardeal. Preocupação que aumentou quando cheguei ao campus e reparei os poucos seguranças presentes. A capela foi enchendo aos poucos. Em certo momento, deixei minha bolsa, guardando meu lugar em um dos bancos, e fui até a porta da capela. Ali, tive contato com os manifestantes. Não eram muitos. Portavam cartazes e tinham esparadrapos na boca. Aguardavam a entrada do Cardeal. Sabiamente, D. Odilo não entrou por ali.
Minutos antes da celebração uma furiosa chuva castigou os manifestantes. “É São Pedro defendendo a Cátedra”, brinquei, dirigindo-me a um grupo de jovens católicos que estavam ali pra apoiar o Cardeal.
A Missa começou, a procissão entrou pela lateral do presbitério, diretamente da sacristia. O semblante de Dom Odilo estava tenso. Nervoso, cometeu alguns deslizes e teve alguns “brancos”.
Na homilia, numa excelente linha de leitura englobando a Festa da Cátedra e do momento vivido pela Igreja, o Cardeal Scherer apontou para a ligação estreita entre uma Pontifícia Universidade e o Sucessor de Pedro. “Ele, o Sumo Pontífice, é o catedrático na Igreja. [...] Numa Universidade Católica, estamos ligado à Cátedra de São Pedro”. Ressaltou a importância do anúncio do Evangelho ao mundo, condenando visões que começam desprezando Deus e culminam no desprezo pela pessoa humana, sua integralidade e liberdade.
Em tom de ação de graças, Dom Odilo Scherer, criado cardeal por Bento XVI, lembrou a visita de Sua Santidade ao Brasil, citou sua elevada produção teológica e seu testemunho espiritual. Encerrou, de forma emocionada, dizendo ser bom partilhar a fé com grandes cientistas, matemáticos, intelectuais, teólogos e estimulando a comunidade universitária a buscar sempre o bem comum.
Caminhávamos para o término da Missa e para a realização do ato de dignificação da Cruz, o momento mais tenso da noite. Antes da benção final, D. Odilo pediu pra mantermos a calma. E assim, os fiéis se dirigiram para a rampa de acesso ao Pátio. Durante o caminho, o povo cantava “Vitória, Tu reinarás... Ó Cruz, Tu nos salvarás”. Por vezes, o canto foi interrompido pelos gritos de “Viva o Papa”.
Quando chegamos ao Pátio, encontramos os tais manifestantes ao redor da Cruz, com cartazes e esparadrapos. E foi ali, ao redor daquela cruz de pedra, do antigo “Carmelo das Perdizes”, que a Providência Divina realizou o primeiro e acertado passo para uma nova PUC-São Paulo.
Algumas moças tiraram o esparadrapo na boca para gritar palavras de ordem: “Fora Anna Cintra” e “por uma PUC laica” (!!!). E foi ali que um Cardeal da Santa Romana Igreja, vestindo o vermelho dos mártires, mostrou a firmeza de uma Fé edificada em Cristo Jesus. Vulnerável diante de uma multidão, Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer lembrou a condenação de Jesus, um inocente condenado pela maioria, condenado por seu próprio povo; clamou pela liberdade religiosa e convidou-nos a renovar a fé, recitando o Credo Niceno-Constantinopolitano.
Um ato heroico! Um ato de Fé! Um grande número de jovens, velhos e senhoras cantando, rezando, testemunhando a Fé Apostólica.
Rezemos pela PUC-São Paulo. Rezemos por todas as Pontifícias Universidades, para que irradiem o esplendor da Verdade, Cristo Jesus. O gesto de sexta-feira foi um marco, um marco para a Arquidiocese de São Paulo, que renovou a confiança em seu Cardeal, um marco para a Igreja no Brasil, que presenciou a firmeza de um prelado sem medo de enfrentar as consequências do relativismo, sem medo de enfrentar os erros do passado e com a audácia de proclamar a Fé Católica – e não ideologias.
Fonte: Ecclesia Una

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A profecia de Joseph Ratzinger



 
Padre Joseph Raztinger
 

A renúncia do Papa Bento XVI suscitou na mídia e em boa parte dos fiéis, especulações acerca de profecias apocalípticas sobre o futuro da Igreja. Dentre elas, a que mais chamou a atenção foi a famosa "Profecia de São Malaquias" que, segundo a lenda, anunciava o fim da Igreja e do mundo ainda neste século. Apesar dessas previsões catastróficas alimentarem a imaginação de inúmeras pessoas, a verdade é que elas carecem de fundamento e lógica, como já demonstraram vários teólogos, inclusive o estimado monge beneditino, Dom Estevão Bettencourt, na sua revista "Pergunte e Responderemos".
Mas não é sobre a profecia de São Malaquias que queremos falar aqui. Nossa atenção, devido às circunstâncias, volta-se para as palavras do jovem teólogo da Baviera, Padre Joseph Ratzinger, proferidas há pouco mais de 40 anos, logo após o término do Concílio Vaticano II. Em um contexto de crise de fé e revolução cultural, o então professor de teologia da Universidade de Tübingen via-se cada vez mais sozinho diante da postura marcadamente liberal de seus colegas teólogos, como por exemplo, Küng, Schillebeeckx e Rahner. Olhando também para os outros setores da Igreja, Padre Ratzinger via nos "sinais dos tempos" um presságio do processo de simplificação que o catolicismo teria de enfrentar nos anos seguintes.


Uma Igreja pequena, forçada a abandonar importantes lugares de culto e com menos influência na política. Esse era o perfil que a Igreja Católica viria a ter nos próximos anos, segundo Ratzinger. O futuro papa estava convencido de que a fé católica iria passar por um período similar ao do Iluminismo e da Revolução Francesa, época marcada por constantes martírios de cristãos e perseguições a padres e bispos que culminaram na prisão de Pio VI e sua morte no cárcere em 1799. A Igreja estava lutando contra uma força, cujo principal objetivo era aniquilá-la definitivamente, confiscando suas propriedades e dissolvendo ordens religiosas.


Apesar da aparente visão pessimista, o jovem Joseph Ratzinger também apresentava um balanço positivo da crise. O teólogo alemão afirmava que desse período resultaria uma Igreja mais simples e mais espiritual, na qual as pessoas poderiam encontrar respostas em meio ao caos de uma humanidade corrompida e sem Deus. Esses apontamentos feitos por Ratzinger faziam parte de uma série de cinco homilias radiofônicas, proferidas em 1969. Essas mensagens foram publicadas em livro sob o título de "Fé e Futuro".

"A Igreja diminuirá de tamanho. Mas dessa provação sairá uma Igreja que terá extraído uma grande força do processo de simplificação que atravessou, da capacidade renovada de olhar para dentro de si. Porque os habitantes de um mundo rigorosamente planificado se sentirão indizivelmente sós. E descobrirão, então, a pequena comunidade de fiéis como algo completamente novo. Como uma esperança que lhes cabe, como uma resposta que sempre procuraram secretamente"

Depois de 40 anos desses pronunciamentos, o já então papa Bento XVI não mudou de opinião. É o que pode-se concluir lendo um de seus discursos feitos para os trabalhadores católicos em Freiburg, durante viagem apostólica a Alemanha, em 2011. Citando Madre Teresa de Calcutá, o Santo Padre constatava uma considerável "diminuição da prática religiosa" e "afastamento duma parte notável de batizados da vida da Igreja" nas últimas décadas. O Santo Padre se pergunta: "Porventura não deverá a Igreja mudar? Não deverá ela, nos seus serviços e nas suas estruturas, adaptar-se ao tempo presente, para chegar às pessoas de hoje que vivem em estado de busca e na dúvida?"

O Papa alemão respondia que sim, a Igreja deveria mudar, mas essa mudança deveria partir do próprio eu. "Uma vez alguém instou a beata Madre Teresa a dizer qual seria, segundo ela, a primeira coisa a mudar na Igreja. A sua reposta foi: tu e eu!", ensinou. Bento XVI pedia no discurso uma reforma da Igreja que se baseasse na sua "desmundanização", corroborando o que explicou em outra ocasião a um jornalista, durante viagem ao Reino Unido, sobre como a Igreja deveria fazer para agradar o homem moderno.

"Diria que uma Igreja que procura sobretudo ser atraente já estaria num caminho errado, porque a Igreja não trabalha para si, não trabalha para aumentar os próprios números e, assim, o próprio poder. A Igreja está a serviço de um Outro: não serve a si mesma, para ser um corpo forte, mas serve para tornar acessível o anúncio de Jesus Cristo, as grandes verdades e as grandes forças de amor, de reconciliação que apareceu nesta figura e que provém sempre da presença de Jesus Cristo. Neste sentido a Igreja não procura tornar-se atraente, mas deve ser transparente para Jesus Cristo e, na medida em que não é para si mesma, como corpo forte, poderosa no mundo, que pretende ter poder, mas faz-se simplesmente voz de um Outro, torna-se realmente transparência para a grande figura de Cristo e para as grandes verdades que Ele trouxe à humanidade".

Esses textos ajudam-nos a entender os recentes fatos e interpretar os pedidos de reforma da Igreja pedidos por Bento XVI nos seus discursos pós-renúncia. De maneira alguma esses pedidos fazem referência a uma abertura da Igreja para exigências ideológicas do mundo moderno, como quiseram sugerir alguns jornalistas. Muito pelo contrário, o Papa fala de uma purificação da ação pastoral da Igreja diante do homem moderno, de forma que ela se livre dos ranços apregoados pelo modernismo. Trata-se de conservar a fiel doutrina de Cristo e apresentá-la de modo transparente e sem descontos. A Igreja enquanto tal é santa, imaculada. Mas seus membros carecem de uma constante conversão e é neste sentido que a reforma deve seguir. A Igreja precisa estar segura de sua própria identidade que está inserida na sua longa tradição de dois mil anos, caso contrário, toda reforma não passará de uma reforma inútil.


Autor: Equipe Christo Nihil Praeponere

OBRIGADO, QUERIDO BENTO XVI!


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Católicos de todo o mundo lançam campanha de agradecimento ao Papa Bento XVI no Twitter

Diversos fiéis católicos apresentaram a iniciativa de uma campanha massiva de agradecimento ao Papa Bento XVI na rede social Twitter, programada para em 27 de fevereiro, um dia antes de que se faça efetiva a renúncia do Santo Padre ao ministério petrino.

Quem deseje unir-se à campanha deste 27 de fevereiro poderão publicar no Twitter mensagens de apoio e agradecimento ao Santo Padre junto ao hashtag (etiqueta) #ObrigadoBentoXVI, com a expectativa de que se converta em trend topic (tópico tendência) na rede social.

A partir de 28 de fevereiro, conforme informou a Santa Sede, ao mesmo tempo da renúncia do Papa Bento XVI, as contas nove contas do Santo Padre, que incluem idiomas como o inglês, árabe, latim, italiano e espanhol (@Pontifex_pt), ficarão suspensas até a eleição do novo Papa.

Até a data, o Santo Padre superou os 2,8 milhões de seguidores nesta rede social e foi o primeiro pontífice a estar presente neste ambiente considerando as redes sociais como portais de verdade e de fé em sua última mensagem pela Jornada Mundial das Comunicações Sociais em janeiro deste ano.

Fonte: ACI Digital

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Escolha do Papa



O ‘L´Osservatore Romano’ publicou o artigo “A Escolha do Papa”, sobre a repercussão do anúncio da renúncia de Bento XVI na imprensa internacional.

“Considero muito sábia a decisão do Papa Bento XVI em renunciar”, disse o historiador inglês Paul Johnson, 85, numa entrevista a Giulio Meotti, publicada no ‘Il Foglio’, em 19 de fevereiro, “decisão em sintonia com a formação intelectual de Joseph Ratzinger. Não vejo nenhum sinal de fraqueza na escolha de deixar o cargo ou de irrelevância do cristianismo na vida pública contemporânea”.

Assumindo que “Todos temos necessidade do Papa, mesmo aqueles leigos que jamais confessariam isto”, Johnson indica também o que, na sua opinião, foi uma característica do papado de Ratzinger, “a tensão entre cristianismo e mundo moderno. O ser humano não é uma criatura inteiramente secular, tem necessidades seculares, mas tem necessidade de muito mais do que isto para viver, e neste ponto o papel da Igreja é muito importante. Amo muitíssimo Ratzinger – acrescentou -, que mostrou que a razão tem uma dimensão espiritual, como a imaginação, que para mim permanece como a característica humana mais importante. É a imaginação que nos convence de que fomos criados à imagem de Deus”.

O historiador de Manchester conclui, detendo-se sobre o relativismo moral, “o pecado capital do século XX, a razão pela qual foi uma época tão desesperadamente infeliz e destrutiva na história do homem. Por esta razão, todas as forças da sociedade moderna foram contra o Papa Ratzinger”, afirmou.

Uma análise de Bento XVI também foi feita por Russell Shaw, na última edição do jornal estadunidense ‘Our Sunday Visitor’. “Poucas pessoas nos tempos modernos influenciaram a Igreja Católica tão profundamente como fez Bento XVI – escreve Shaw. Como teólogo durante o Concílio Vaticano II entre 1962 e 1965; como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1981 a 2005; e especialmente como líder espiritual mundial dos católicos desde 2005 até sua renúncia, anunciada em 11 de fevereiro. Bento XVI – prossegue Sahw – poderia ter sido o primeiro working theologian desde que São Gregório, o grande, ocupou o papado. Se as idéias têm conseqüências, ele foi uma das figuras mais verdadeiramente autênticas do seu tempo, capaz de moldar a ordem do dia do debate público, dentro e fora da Igreja”.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A intervenção de Deus na História

Pe. José Manuel de Andrade, EP

A agitação e o frenesim próprios ao Carnaval iam longe quando uma notícia resolveu tirar o protagonismo televisivo e jornalístico da maior festa pagã ocidental. Longe, num dos menores Estados dotado de soberana autonomia, o Sumo Pontífice anunciava renunciar a seu cargo. Sendo ele a autoridade suprema da Igreja, fazia-o livre e manifestamente, sem a necessidade da aceitação de quem quer que seja, conforme prescreve o cânone 332 §2 do Código de Direito Canônico. Historicamente, outros Papas o haviam feito. Não se tratava, portanto, nem de uma novidade, nem de uma impossibilidade.
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Ao longo destes dias, a Basílica com a sua praça em forma de chave têm sido o centro das atenções. Para aí se dirigem as câmaras, os olhares e o pensamento de muitos especialistas, jornalistas e vaticanistas, tentando perscrutar e vislumbrar os acontecimentos por detrás daqueles muros sagrados. Falam de crises, desgastes, querelas... E esquecem que aquelas paredes e pedras para além das quais querem conjecturar, revelam já terem suportado um número maior de tempestades contrárias que se abateram contra a edificação que Jesus edificou sobre a rocha firme (Mt 7, 25), e que parecem repetir a famosa frase imortalizada por Cícero: "Eu vi outros ventos e enfrentei sem temor outras tempestades".

O mundo gira agora num emaranhado de suposições, enquanto a cruz que repousa no alto do obelisco permanece de pé. As casas de jogo aceitam propostas e a imprensa apresenta a biografia dos papabiles. Apesar de tudo isso, não consta que o Espírito Santo se deixe influenciar por apostas ou que seja tendente a ler os jornais. Para a eleição do novo Pontífice, existem critérios mais altos. Foi Jesus quem escolheu os Apóstolos, elegeu Pedro entre eles para apascentar o seu rebanho e ser cabeça do colégio episcopal (Jo 21, 15-17; Mt 16, 18). E adverte: "Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi" (Jo 15, 16). A Igreja tem isso bem presente quando celebra a missa "Pro Eligendo Romano Pontifice", e posteriormente, no momento em que os cardeais se dirigem à Capela Sistina, entoando o Veni Creator Spiritus.
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A história não é um desenrolar de fatos que obedece ao fatalismo inexorável das leis naturais ou ao capricho do acaso. Para os católicos, ela é iluminada "com um clarão todo especial: o da Fé". É Deus quem age, Pai, Filho e Espírito Santo. E entre as três pessoas divinas, não há dúvida nem indecisão. O Conclave fará com que Deus aja na história concreta dos homens, mais uma vez.

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1 "Si contingat ut Romanus Pontifex muneri suo renuntiet, ad validitatem requiritur ut renuntiatio libere fiat et rite manifestetur, non vero ut a quopiam acceptetur" (c. 332 §2).
2 "Alios vidi ventos, alias prospexi animo procellas". In: CÍCERO M. Tullius. Epistolarum ad Familiares libri. SJÖGREN (dir.). Leipzig, 1925. Calpurnium Pisonem, oratio, 9.
3 Cf. Corrêa de Oliveira, Plinio. O valor de uma renúncia. In: Opera Omnia: Reedição de escritos, pronunciamentos e obras. São Paulo: Retornarei, 2008. Vol. I. p. 364-366.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Deputada do PT critica Papa Bento XVI e sai em defesa de Leonardo Boff


Deputada Marisa Formolo - PT
 
A balbúrdia que se seguiu na classe falante brasileira após a renúncia do Papa Bento XVI é o bastante para percebermos que as opiniões emitidas nessas tribunas não passam de tagarelices e de conversa de aloprados. Subitamente surgiram dos mais variados setores da sociedade especialistas em Direito Canônico, Teologia e afins. Todos ansiosos pela oportunidade de dizerem suas opiniões, como se delas dependesse o próspero sucesso e êxito da Igreja, a qual eles julgam decadente e antiquada. "Que o próximo Papa seja mais aberto", dizem uns, "que a Igreja acorde para os problemas sociais", dizem outros, como se a doutrina católica fosse definida pelo consenso de um coletivo, bem ao estilo de um grêmio estudantil.

A verdade é que este fenômeno que deu origem a tantos teólogos e vaticanistas de última linha procede de uma cultura que está em curso no Brasil há anos. É a cultura do imediatismo, na qual esses doutos senhores elaboram suas opiniões de modo irracional e a toque de caixa, fundamentados nos mesmos chavões toscos que suas professoras de ensino médio lhes ensinaram. Basta que a grande mídia sopre aos seus ouvidos qualquer bobagem para que a turba ignara se levante com suas opiniões e teorias mirabolantes. É um povo a qual gente madura o suficiente jamais prestaria ouvidos. Mas no reino da insensatez, infelizmente, qualquer um está apto a opinar sobre assuntos que não lhes dizem respeito. Quem explica muito bem isso é o filósofo Olavo de Carvalho:
"O idiota presunçoso, isto é, o tipo mais representativo de qualquer profissão hoje em dia, incluindo as letras, o ensino e o jornalismo, forma opinião de maneira imediata e espontânea, com base numa quantidade ínfima ou nula de conhecimentos, e se apega a seu julgamento com a tenacidade de quem defende um tesouro maior que a vida. A rigor, não tem propriamente opiniões. Tem apenas impressões difusas que não podendo, é claro, encontrar expressão adequada, se acomodam mecanicamente a qualquer fórmula de sentido análogo, colhida do ambiente, e então lhe parecem opiniões pessoais, como se a conquista de uma autêntica opinião pessoal prescindisse de esforço".
Um claro exemplo do que estamos falando é a deputa Marisa Formolo (PT), que do alto de sua "grande sabedoria teológica", proferiu um discurso totalmente descabido a respeito da renúncia do Papa Bento XVI, durante o Grande Expediente da Assembleia Legislativa de Porto Alegre - RS:
"Acompanhei a conduta de Dom Ratzinger quando impediu que a América Latina avançasse na teologia da libertação, quando impediu o nosso grande amigo Leonardo Boff, com quem trabalhei nas questões de direitos humanos, de se pronunciar novamente em algum lugar do mundo, quando impediu que as comunidades eclesiais de base tivessem a força de organização do povo para construir o reino de Deus. Esse mesmo papa está saindo, e penso que em boa hora."
O discurso, que ganhou um merecido repúdio da Arquidiocese de Porto Alegre, foi feito na última quarta-feira, 13/02, numa reunião em que se discutia o tema da Campanha da Fraternidade 2013, cujo o lema é "Fraternidade e juventude". Presente na Assembleia, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, disse ter se surpreendido com a fala da deputada e criticou: "Foi realmente muito triste. Todo mundo ficou pasmo. Ela vive em um mundo à parte, o da ideologia". Diz a nota de repúdio da Arquidiocese:
"No dia 13 de fevereiro, às 14 horas, em sessão oficial, a Assembléia Legislativa prestou uma homenagem para o tema da Campanha da Fraternidade sobre a Juventude. Após expor o assunto e ceder os apartes a seus colegas, num clima de grande apreço pela Campanha, do alto de sua tribuna, já totalmente fora do contexto, a Senhora Deputada Marisa Formolo agrediu violentamente a sensibilidade dos católicos do Rio Grande do Sul, com um ataque gratuito à pessoa do Papa Bento XVI, que neste momento merece e recebe de todo o mundo, especial carinho. A agressão foi totalmente desumana. Baseia-se numa ideologia superada e numa deturpação ou ignorância dos fatos reais. Com esta atitude de vilipêndio, na oficialidade do Plenário, compromete a seriedade e imparcialidade da Casa. Fica nosso protesto, em nome da Comunidade Católica do Estado!"[01]
Marisa Formolo é seguidora de uma ideologia, não de uma religião. Seu conceito de Igreja Católica é uma ONG a serviço de um partido, que gera um bem estar social e econômico. Ensinamento muito distante daquele dito por Cristo de que "não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus". Ao se aliar às fileiras dos teólogos da libertação, a nobre deputada revira o cristianismo e com ele, a própria fé. A teologia da libertação não defende os pobres, ela o instrumentaliza e engana. Os frutos amargos do comunismo soviético e cubano são a maior prova disso. Como ensina Bento XVI no seu livro "Jesus de Nazaré", Jesus não veio trazer um mundo melhor, veio trazer Deus. Se a senhora Marisa Formolo não é capaz de entender isso, seria muito melhor que ela se limitasse a comentar o escândalo do mensalão, do qual o partido que ela pertence foi protagonista, que aventurar-se a comentar o que é bom ou ruim para a Igreja Católica. Até porque, uma pessoa que considera Leonardo Boff - aquele que chama o ser humano de "câncer que deve ser extirpado da Terra" - um baluarte dos direitos humanos, não tem a mínima condição de emitir qualquer juízo a respeito de Igreja e papado.

Infelizmente, casos como o da senhora Marisa Formolo não são os únicos nos últimos dias. Poderíamos elencar no mesmo rol dos nobilíssimos novos teólogos e vaticanistas uma série de outras personalidades e articulistas de grandes jornais. Todos elevados a esse patamar pelos grandes meios de comunicação, aqueles devidamente comprometidos com a completa desinformação. Mas não cabe a nós listá-los aqui. A propaganda que esses senhores têm da imprensa já é o suficiente. O que cabe a nós é ficarmos atentos às palavras claras do Santo Padre e ignorarmos por completo a opinião desses pseudos gurus. Afinal de contas, o que sai da boca deles não passa disso: opiniões!

Pe. Paulo Ricardo

Nas tentações o que está em jogo é a fé, porque está em jogo Deus.



As palavras de Bento XVI no I Domingo da Quaresma
Queridos irmãos e irmãs!

Na última quarta-feira, com o tradicional Rito das Cinzas, entramos na Quaresma, tempo de conversão e penitência em preparação para a Páscoa. A Igreja, que é mãe e mestra, chama todos os seus membros a renovar-se no espírito, a reorientar-se decididamente para Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor. Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo propício para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus. Por isso, no primeiro domingo da Quaresma, todos os anos é proclamado o Evangelho das tentações de Jesus no deserto.

Jesus, de fato, depois de receber a "investidura" de Messias - "ungido" de Espírito Santo - no Batismo no Jordão, foi conduzido pelo mesmo Espírito no deserto para ser tentado pelo diabo. Ao iniciar o seu ministério público, Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os momentos insidiam a consciência, trasvestindo-se de propostas convenientes e eficazes, ou até mesmo boas. Os evangelistas Mateus e Lucas apresentam três tentações de Jesus, diversificando-as apenas na ordem. O núcleo central consiste em instrumentalizar Deus para os próprios interesses, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em direção ao mal, mas a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo satisfaz as necessidades primárias. Dessa forma, Deus torna-se secundário, reduz-se a um meio, torna-se definitivamente irreal, não importa mais, desvanece. Em última análise, nas tentações o que está em jogo é a fé, porque está em jogo Deus. Nos momentos decisivos da vida, mas, vendo bem, a qualquer momento, estamos numa encruzilhada: queremos seguir o eu ou Deus? O interesse individual ou o que realmente é bem?

Como nos ensinam os Padres da Igreja, as tentações fazem parte da "descida" de Jesus à nossa condição humana, ao abismo do pecado e das suas consequências. Uma "descida" que Jesus percorreu até o fim, até a morte de cruz, até os infernos do extremo distanciamento de Deus. Desse modo, Ele é a mão que Deus estendeu ao homem, à ovelha perdida, para reconduzi-la a salvo. Como ensina Santo Agostinho, Jesus tirou de nós a tentação, para nos dar a vitória (cf. Enarr  Psalmos em, 60,3:. PL 36, 724). Portanto, também nós não tememos enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele voltemo-nos para a Mãe, Maria: Invoquemos com confiança filial na hora da provação, e ela nos fará sentir a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida.

(Após o Angelus)

Obrigado a todos!

Um caloroso saúdo aos peregrinos de língua italiana. Obrigado a todos! O brigado por virem tão numerosos! Obrigado! A presença de vocês é um sinal do afeto e da proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma. Saúdo os fiéis da diocese de Verona, de Nettuno, de Massanninziata e da paroqeuia romana de Santa Maria Janua Coeli, como também os jovens de Seregni e Brescia.

A todos auguro um bom domingo e um bom caminho de Quaresma. Esta tarde inicia a semana de exercícios espirituais: continuemos unidos na oração. Boa semana a todos. Obrigado!

Fonte: Zenit