Padre Paulo Ricardo explica que Bento XVI deixa um grande legado na área da compreensão do Concílio Vaticano II
Os
quase oito anos do pontificado do Papa Bento XVI chegam ao fim ,nesta
quinta-feira, 28. O mundo recebeu com surpresa a notícia de sua
renúncia, apresentada em 11 de fevereiro. Depois do susto, das perguntas
e esclarecimentos, aos poucos começou-se a refletir não mais sobre os
motivos da renúncia, o que já é um fato dado, mas sobre os feitos deste
Papa, a contribuição que ele deixa à Igreja de Cristo.
O teólogo e padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidiocese de
Cuiabá, destaca que Bento XVI está entre os grandes papas que
conduziram a Igreja após o Concílio Vaticano II. Este, segundo ele, foi
um evento extraordinário, mas que ainda não deu todos os seus frutos.
De acordo com padre Paulo, o grande legado de Bento XVI está
relacionado ao Concílio, ao fato de fazer as pessoas terem acesso ao
verdadeiro Concílio Vaticano II e às “coisas extraordinariamente
positivas” que Deus concedeu à Igreja por meio deste evento.
O sacerdote disse, conforme fez o próprio Papa recentemente em
audiência com os padres da diocese de Roma, que o Concílio foi
interpretado pela mídia e pelo mundo como sendo um Concílio que estava
começando um novo jeito de ser Igreja, sendo uma ruptura com o passado.
Contudo, ele enfatiza o esforço do atual Pontífice de fazer com que os
fiéis, sacerdotes e bispos retomem os verdadeiros ensinamentos desse
grande acontecimento, sabendo colher as riquezas que ele tem para dar à
Igreja.
“Em poucas palavras, o Papa Bento XVI nos deixou o grande legado de
fazer os fiéis católicos compreenderem que há 50 anos, com o Concílio
Vaticano II, não começou uma nova Igreja, mas é a mesma Igreja de
Cristo, na sua continuidade orgânica que ao longo dos séculos vai se
transformando e se adaptando aos poucos conforme as necessidades e
circunstâncias. O Vaticano II não foi uma revolução, foi um crescimento
da Igreja na continuidade daquilo que é a tradição de 2000 anos”.
O próximo Papa
Diante da riqueza da contribuição deixada por Bento XVI, padre Paulo
elenca como o grande desafio do novo Papa a continuidade dessa herança.
Ele enfatiza que Deus tem dado à Igreja papas que continuam o trabalho
que o outro havia iniciado, dando sua contribuição pessoal.
“É por isso que nós temos essa alegria de ser católico, de saber que
cada Papa que toma o seu papel como Sucessor de São Pedro sabe que ele é
sucessor de tantos outros. O próximo Pontífice será o de número 266, ou
seja, antes dele, houve 265 papas aos quais ele dará continuidade e dos
quais ele será sucessor”, explica.
Embora cada um deles tenha a sua própria contribuição a dar, padre
Paulo cita uma característica comum a todos os pontífices: o “guardar a
fé”, permanecer na mesma fé da Igreja de 2 mil anos. Segundo ele, o
grande desafio que a Igreja enfrenta, nas últimas décadas, tem sido
transmitir a fé de sempre de forma nova, a fim de que os fiéis possam
compreendê-la.
“Cada Papa tem esta missão de continuar na fé de sempre, mas
apresentar isso não de uma forma morta, mas viva. Bento XVI fez isso com
todo o seu carisma de grande homem, como teólogo, pensador e grande
homem de vivência litúrgica e espiritual. O próximo Sucessor de Pedro
terá, também ele, a sua personalidade, a sua contribuição e a sua
riqueza. Nós estamos preparados para receber essas maravilhosas
surpresas de Deus que a Igreja recebe a cada eleição de um novo
Pontífice”, concluiu.
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