
No
último dia 22, sexta-feira, Dom Odilo Pedro Scherer celebrou a Festa da
Cátedra de São Pedro na capela da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Como arcebispo e Grão-Chanceler da Universidade, D. Odilo
propôs que a missa também tivesse uma intenção de ação de graças pelo
pontificado de Bento XVI e fosse seguida por um ato de dignificação da
Cruz no pátio do campus.
Seria
algo corriqueiro: um Cardeal celebrando na PUC de sua Arquidiocese.
Contudo, o clima na PUC-São Paulo é tenso e marcado por conflitos. A
Universidade tornou-se reduto de mentalidades relativistas e pensamentos
anticlericais.
O
conflito mais recente foi motivado pela escolha da nova reitoria. A
eleição de um Reitor, pelos Estatutos, é realizada pelo Arcebispo de São
Paulo, a partir de uma lista tríplice com os nomes mais votados pela
comunidade universitária. Dom Odilo escolheu a terceira mais votada,
Anna Cintra, quebrando o costume de escolher o mais votado e utilizando o
poder legítimo de Grão-Chanceler.
O
fato causou furor por partes dos alunos. Sob a desculpa de lutar por
democracia e transparência na gestão da PUC, um grupo de alunos e
professores promoveram uma série de protestos, muitos deles alçando o
vandalismo. A mais grave, desrespeitosa e ofensiva manifestação foi a
decapitação de um boneco representando o Papa (o vídeo circula pelo YouTube).
E
foi nesse clima que Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer foi à PUC na
sexta-feira. Um ato de desagravo e um momento de ação de graças pelo
Sucessor de Pedro. Porém, o chamado “movimento PUC-SP” organizou pelas
redes sociais um evento diante da PUC, em horário coincidente ao da
missa. O protesto prometia ser pacífico, mas visava expor o Cardeal,
aproveitando-se da proximidade do conclave.
Estava
preocupado com a integridade física do Cardeal. Preocupação que
aumentou quando cheguei ao campus e reparei os poucos seguranças
presentes. A capela foi enchendo aos poucos. Em certo momento, deixei
minha bolsa, guardando meu lugar em um dos bancos, e fui até a porta da
capela. Ali, tive contato com os manifestantes. Não eram muitos.
Portavam cartazes e tinham esparadrapos na boca. Aguardavam a entrada do
Cardeal. Sabiamente, D. Odilo não entrou por ali.
Minutos
antes da celebração uma furiosa chuva castigou os manifestantes. “É São
Pedro defendendo a Cátedra”, brinquei, dirigindo-me a um grupo de
jovens católicos que estavam ali pra apoiar o Cardeal.
A
Missa começou, a procissão entrou pela lateral do presbitério,
diretamente da sacristia. O semblante de Dom Odilo estava tenso.
Nervoso, cometeu alguns deslizes e teve alguns “brancos”.
Na
homilia, numa excelente linha de leitura englobando a Festa da Cátedra e
do momento vivido pela Igreja, o Cardeal Scherer apontou para a ligação
estreita entre uma Pontifícia Universidade e o Sucessor de Pedro. “Ele,
o Sumo Pontífice, é o catedrático na Igreja. [...] Numa Universidade
Católica, estamos ligado à Cátedra de São Pedro”. Ressaltou a
importância do anúncio do Evangelho ao mundo, condenando visões que
começam desprezando Deus e culminam no desprezo pela pessoa humana, sua
integralidade e liberdade.
Em
tom de ação de graças, Dom Odilo Scherer, criado cardeal por Bento XVI,
lembrou a visita de Sua Santidade ao Brasil, citou sua elevada produção
teológica e seu testemunho espiritual. Encerrou, de forma emocionada,
dizendo ser bom partilhar a fé com grandes cientistas, matemáticos,
intelectuais, teólogos e estimulando a comunidade universitária a buscar
sempre o bem comum.
Caminhávamos
para o término da Missa e para a realização do ato de dignificação da
Cruz, o momento mais tenso da noite. Antes da benção final, D. Odilo
pediu pra mantermos a calma. E assim, os fiéis se dirigiram para a rampa
de acesso ao Pátio. Durante o caminho, o povo cantava “Vitória, Tu
reinarás... Ó Cruz, Tu nos salvarás”. Por vezes, o canto foi
interrompido pelos gritos de “Viva o Papa”.
Quando
chegamos ao Pátio, encontramos os tais manifestantes ao redor da Cruz,
com cartazes e esparadrapos. E foi ali, ao redor daquela cruz de pedra,
do antigo “Carmelo das Perdizes”, que a Providência Divina realizou o
primeiro e acertado passo para uma nova PUC-São Paulo.
Algumas
moças tiraram o esparadrapo na boca para gritar palavras de ordem:
“Fora Anna Cintra” e “por uma PUC laica” (!!!). E foi ali que um Cardeal
da Santa Romana Igreja, vestindo o vermelho dos mártires, mostrou a
firmeza de uma Fé edificada em Cristo Jesus. Vulnerável diante de uma
multidão, Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer lembrou a condenação de Jesus,
um inocente condenado pela maioria, condenado por seu próprio povo;
clamou pela liberdade religiosa e convidou-nos a renovar a fé, recitando
o Credo Niceno-Constantinopolitano.
Um ato heroico! Um ato de Fé! Um grande número de jovens, velhos e senhoras cantando, rezando, testemunhando a Fé Apostólica.
Rezemos
pela PUC-São Paulo. Rezemos por todas as Pontifícias Universidades,
para que irradiem o esplendor da Verdade, Cristo Jesus. O gesto de
sexta-feira foi um marco, um marco para a Arquidiocese de São Paulo, que
renovou a confiança em seu Cardeal, um marco para a Igreja no Brasil,
que presenciou a firmeza de um prelado sem medo de enfrentar as
consequências do relativismo, sem medo de enfrentar os erros do passado e
com a audácia de proclamar a Fé Católica – e não ideologias.
Fonte: Ecclesia Una
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