
O escritor
começa dizendo que o Papa se queixou de ter recebido dele uma carta com
12 páginas. "No entanto, não posso negar que lhe fiz rir...",
respondeu-lhe Milia. "E riu. Por essas razões que ninguém pode explicar,
muito menos eu, ainda tolera minha prosa, assim como há tantos anos,
quando éramos professor e aluno. Disse-lhe que comecei a ler a encíclica
'Lumen Fidei' e ele abriu mão de qualquer mérito pessoal. Comentou que
Bento XVI tinha feito a maior parte do trabalho, que era um pensador
sublime, desconhecido ou que a maior parte das pessoas não entende".
Em seguida, o
escritor cita outras palavras do Pontífice: "Hoje estive com o velho... -
assim, à moda argentina, com aquele caráter afetuoso que a palavra lhe
dá - conversamos muito, para mim é um prazer trocar ideias com ele".
"E, de verdade,
quando fala de Ratzinger - sublinha Milia - o faz com muito
reconhecimento e ternura. A mim me dá um pouco a sensação de alguém que
reencontrou a um velho amigo, um ex-companheiro de classe, daqueles que
se encontra de vez em quando, que frequentava a escola um ou dois anos
acima e que, de alguma maneira, admiramos, talvez com as diferenças
polidas pelo tempo, suavizadas".
Por telefone,
Francisco acrescentou: "Você não imagina a humildade e a sabedoria deste
homem". Milia respondeu: "Então, você o tem perto...". "Nunca
renunciaria ao conselho de uma pessoa deste tipo. Seria uma loucura de
minha parte!".
Em relação à
possibilidade de se relacionar com as pessoas, Francisco disse ao seu
amigo e xará: "Não foi fácil, Jorge, aqui há muitos 'patrões' do Papa e
com mais tempo de serviço".
"Depois
comentou - escreve Milia - que cada uma das mudanças que introduziu lhe
custou esforços (e, suponho, inimigos...). Entre estes esforços, a coisa
mais difícil foi a de não aceitar que se ocupassem de sua agenda. Por
isso é que não quis viver no palácio, porque muitos papas acabam se
tornando 'prisioneiros' de seus secretários".
"Sou eu que
decido a quem ver - disse Francisco a seu ex-aluno -, não meus
secretários... Às vezes, não posso ver quem gostaria porque preciso ver
quem quer me ver".
"Esta frase me
surpreendeu muito - observou o escritor. Eu, que não sou Papa e que não
tenho seu poder, sinto que o coração se acelera quando espero um amigo
querido e não sei se poderia dar a precedência para outro em seu lugar.
Ele, ao contrário, priva-se do encontro que gostaria para estar com quem
o solicita. Disse-me que os papas estiveram isolados durante séculos e
que isto não é certo, o lugar do pastor é com suas ovelhas...".
Fonte: Dom Total
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