segunda-feira, 15 de julho de 2013

"Seria uma loucura renunciar ao conselho de Bento", comenta o Papa Francisco


O escritor começa dizendo que o Papa se queixou de ter recebido dele uma carta com 12 páginas. "No entanto, não posso negar que lhe fiz rir...", respondeu-lhe Milia. "E riu. Por essas razões que ninguém pode explicar, muito menos eu, ainda tolera minha prosa, assim como há tantos anos, quando éramos professor e aluno. Disse-lhe que comecei a ler a encíclica 'Lumen Fidei' e ele abriu mão de qualquer mérito pessoal. Comentou que Bento XVI tinha feito a maior parte do trabalho, que era um pensador sublime, desconhecido ou que a maior parte das pessoas não entende".

Em seguida, o escritor cita outras palavras do Pontífice: "Hoje estive com o velho... - assim, à moda argentina, com aquele caráter afetuoso que a palavra lhe dá - conversamos muito, para mim é um prazer trocar ideias com ele".

"E, de verdade, quando fala de Ratzinger - sublinha Milia - o faz com muito reconhecimento e ternura. A mim me dá um pouco a sensação de alguém que reencontrou a um velho amigo, um ex-companheiro de classe, daqueles que se encontra de vez em quando, que frequentava a escola um ou dois anos acima e que, de alguma maneira, admiramos, talvez com as diferenças polidas pelo tempo, suavizadas".

Por telefone, Francisco acrescentou: "Você não imagina a humildade e a sabedoria deste homem". Milia respondeu: "Então, você o tem perto...". "Nunca renunciaria ao conselho de uma pessoa deste tipo. Seria uma loucura de minha parte!".

Em relação à possibilidade de se relacionar com as pessoas, Francisco disse ao seu amigo e xará: "Não foi fácil, Jorge, aqui há muitos 'patrões' do Papa e com mais tempo de serviço".

"Depois comentou - escreve Milia - que cada uma das mudanças que introduziu lhe custou esforços (e, suponho, inimigos...). Entre estes esforços, a coisa mais difícil foi a de não aceitar que se ocupassem de sua agenda. Por isso é que não quis viver no palácio, porque muitos papas acabam se tornando 'prisioneiros' de seus secretários".

"Sou eu que decido a quem ver - disse Francisco a seu ex-aluno -, não meus secretários... Às vezes, não posso ver quem gostaria porque preciso ver quem quer me ver".

"Esta frase me surpreendeu muito - observou o escritor. Eu, que não sou Papa e que não tenho seu poder, sinto que o coração se acelera quando espero um amigo querido e não sei se poderia dar a precedência para outro em seu lugar. Ele, ao contrário, priva-se do encontro que gostaria para estar com quem o solicita. Disse-me que os papas estiveram isolados durante séculos e que isto não é certo, o lugar do pastor é com suas ovelhas...".

Fonte: Dom Total

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