
O Papa Bento XVI presidiu a Missa da Solenidade de Corpus Christi nesta
quinta-feira, 7, na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Milhares de fiéis
participaram da Celebração e da procissão até a Basílica de Santa Maria Maior,
logo após a Missa.
Na homilia, o Papa destacou que é importante manter vivo “o sentido da
presença constante de Jesus no meio de nós e conosco, uma presença concreta,
próxima, entre as nossas casas, como 'Coração pulsante' da cidade"
O Santo Padre explicou dois aspectos do Mistério Eucarístico, ligados
entre si: o culto da Eucaristia e sua sacralidade. Sobre o valor do culto eucarístico,
o Papa deteve-se sobre o sentido e importância da adoração ao Santíssimo
Sacramento.
Uma interpretação parcial do Concíclio Vaticano II restringiu a
Eucaristia ao momento celebrativo, da Santa Missa. Segundo Bento XVI, foi
"muito importante reconhecer a centralidade da celebração, em que o Senhor
convoca o seu povo e o reúne em torno da dúplice Ceia da Palavra e do Pão da
vida, o nutre e o une a Si na oferta do Sacrifício". Porém, embora essa
valorização da assembleia litúrgica seja válida, ela deve ser reinserida no
justo equilíbrio.
O destaque dado à Santa Missa acabou sacrificando o valor da Adoração
Eucarística, como ato de fé e oração dirigido ao Senhor Jesus presente na
Eucaristia. "De fato, concentrando toda a relação com Jesus Eucaristia
somente no momento da Santa Missa, corre-se o risco de esvaziar de Sua presença
o restante do tempo e do espaço existenciais".
O Papa ressaltou que é errado contrapor a celebração e a adoração, como
se estivessem em concorrência uma com a outra. O que acontece é precisamente o
contrário. "O culto do Santíssimo Sacramento constitui o 'ambiente'
espiritual dentro do qual a comunidade pode celebrar bem e em verdade a
Eucaristia. Somente se for precedida, acompanhada e seguida por essa atitude
interior de fé e de adoração, a ação litúrgica poderá expressar seu pleno
significado e valor", explicou.
Bento XVI enfatizou: "O encontro com Jesus na Santa Missa se
realiza realmente e plenamente quando a comunidade é capaz de reconhecer que
Ele, no Sacramento, habita a sua casa, nos aguarda, nos convida à sua ceia e, a
seguir, depois que a assembleia se desfaz, permanece conosco, com a sua
presença discreta e silenciosa, e nos acompanha com a sua intercessão,
continuando a recolher os nossos sacrifícios espirituais e a oferecê-los ao
Pai".
O Santo Padre insistiu que não se podem separar comunhão e contemplação.
"Para comunicar realmente com outra pessoa devo conhecê-la, saber estar em
silêncio ao seu lado, ouvi-la, olhá-la com amor. O verdadeiro amor e a
verdadeira amizade vivem sempre desta reciprocidade de olhares, de silêncios
intensos, eloquentes, repletos de respeito e de veneração, de modo que o
encontro seja vivido profundamente, de modo pessoal e não superficial".
Sobre a sacralidade da Eucaristia, o Papa explicou que o centro do culto
cristão não está nos ritos e sacrifícios antigos, mas sim no próprio Cristo, no
seu mistério pascal. "Desta novidade fundamental não se deve concluir que
o sagrado não existe mais, mas que encontrou sua realização em Jesus Cristo,
Amor divino encarnado", disse.
Jesus não aboliu o sagrado, ressaltou Bento XVI, Ele o levou ao
cumprimento, inaugurando um novo culto, plenamente espiritual. Em todo o caso,
"enquanto vivemos no tempo, precisamos de sinais e ritos, que
desaparecerão somento no fim, na Jerusalém Celeste".
Por fim, o Papa sublinhou que "o sagrado possui uma função
educativa, e seu desaparecimento inevitavelmente empobrecerá a cultura, de modo
particular a formação das novas gerações".
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