terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dom Dario lança orientações para as eleições 2012


O bispo diocesano de Cachoeiro de Itapemirim, dom frei Dario Campos, lançou uma carta de orientações para as eleições municipais de 2012. 


A carta é destinada a todo povo da diocese de Cachoeiro e pode ser lida abaixo, na íntegra. 

Orientações para as Eleições Municipais 2012.

Meus Irmãos e Minhas Irmãs, Paz e Bem! 

Neste tempo em que se aproximam as Eleições Municipais encaminho a todos vocês algumas Orientações sobre as Eleições 2012. Desejo que esta se torne um bom instrumento de reflexão e ajude a todos a exercer com dignidade seu voto consciente. 

"Para ver o universal e imanente Espírito da Verdade face a face é preciso ser capaz de amar a mais ínfima das criaturas como se ama a si próprio. E um homem que a isso aspira não pode ser omisso em nenhum aspecto de vida. Daí por que minha opção à Verdade conduziu-me ao campo da política. (...) AQUELES QUE DIZEM QUE A RELIGIÃO NADA TEM A VER COM POLÍTICA NÃO SABEM O QUE A RELIGIÃO SIGNIFICA." Mahatma Ghandi. 

Se nós cruzarmos os braços e não participarmos das eleições será um erro. A Bíblia nos ensina uma fabula bonita em Juizes 9,7-16. Era tempo de escolher um líder, A oliveira achou que devia cuidar da pureza do seu precioso óleo, e não aceitou. A figueira entendeu que deveria cuidar da doçura dos seus frutos, e não aceitou. A videira foi cuidar do seu vinho novo que alegrava o coração de todos, e não aceitou. Sobrou o espinheiro. Este aceitou na hora, mas já deixou claro que todos deveriam abrigar debaixo de sua sombra, isto é, dos seus ramos cheios de espinhos. Â figueira e a oliveira representam pessoas honestas, éticas e compromissadas com a luta pelo bem comum. Produzem frutos que alimentam o povo. O espinheiro mente, pois não tem sombra; é estéril e só tem espinhos. Moral da história: se nós, que ainda temos consciência e desejo de construir uma nova sociedade, ficarmos quietos, os espinheiros vão tomar conta de tudo... 

Jesus Cristo ensina que Ele veio testemunhar a chegada do Reino de Deus. O Reino acontece através da graça de Deus e da nossa participação. A participação política é uma maneira de ajudar o Reino de Deus acontecer. Portanto, se não fizermos a nossa parte e se ficarmos parados, estamos atrapalhando o Projeto de Deus. Nossa missão é sermos o "sal da terra e a luz do mundo" (Mt 5,13-16). O eleitor cristão não pode se omitir. É chamado a sair da atitude de indiferença, passividade e descrença diante das eleições. Precisa participar, não só buscando conhecer os candidatos, suas propostas e as de seu partido como também acompanhá-los depois de eleitos, fiscalizando sua atuação, cobrando digno desempenho de seu mandato e apoiando suas iniciativas a favor do povo. 

Em 2002 a CNBB lançou o Doc. 67, onde orientava os cristãos católicos e os cidadãos sobre as eleições, e que serve para nós hoje. Nos números 53 a 58 desse documento se traçava as ORIENTAÇÕES PRÁTICAS: 

53. A Igreja Católica no Brasil, por meio de Documentos da CNBB e de iniciativas diocesanas, procurará: 

a)conscientizar cidadãos e cidadãs da sua responsabilidade de votar e votar bem, tendo presente que seu voto tem valor, escolhendo com cuidado os candidatos a serem votados nos diversos níveis; para isso poderá produzir cartilhas, volantes, cartazes, programas radiofónicos; 

b) promover debates e reflexões sobre programas e candidatos, a fim de propiciar uma melhor avaliação deles; 

c) organizar também Seminários, encontros e outras modalidades, para debate e aprofundamento de temas sociopolíticos mais específicos da região ou do lugar, a fim de envolver mais eficazmente um
número maior de pessoas; 

d) estimular para que a escolha do candidato se faça a partir do seu programa, do seu respeito ao pluralismo cultural e religioso, do seu comportamento ético e de suas qualidades (como honestidade, competência, liderança, transparência, vontade de servir ao bem comum, comprovada pela atuação anterior...), do seu compromisso com a justiça e com a causa dos marginalizados, com especial Atenção a um programa de ação consoante com aquele proposto neste Documento; 

e) criar ou fortalecer Comités contra aCorrupção eleitoral e para a aplicação da Lei n. 9.840, que proíbe a compra de votos e o uso da máquina administrativa; 

f) incentivar de modo especial a participação das mulheres na política e contribuir para que elas preencham o número de vagas que lhes são reservadas por lei; 

g) valorizar os candidatos católicos eleitos, acompanhando-os no exercício de seu mandato e procurando manter relações de diálogo com a comunidade eclesial. 

54. A Igreja não indicará candidatos e partidos por meio da sua hierarquia, mas, para realizar os objetivos e atividades acima indicados, os fiéis leigos serão incentivados a promover grupos de "Fé e Política", ou outra forma de organização que os ajude a assumir um papel ativo na conscientização e formação política. 

55. A Igreja poderá divulgar informações sobre os candidatos, cuidando da exatidão das informações e de fazê-lo rigorosamente dentro das exigências da Lei. 

56. Para evitar dispersão de votos, recomenda-se que, na escolha dos candidatos, os eleitores católicos procurem agir em parceria com movimentos populares, associações de bairro ou outras expressões da sociedade civil, evitando a identificação da Igreja com um candidato ou um partido. 

57. É oportuno exercer a vigilância com relação aos partidos que continuam indicando como seus candidatos pessoas comprovadamente inescrupulosas. Os eleitores devem ser orientados a não apoiar tais candidatos, e até recusar qualquer candidato de um partido que acoberte tais pessoas. 

58. Recomenda-se particular cuidado quanto aos partidos que incluem em suas listas líderes católicos, com a única função de somar votos para a sigla. Os votos dados a tais candidatos contribuem para a eleição de políticos nem sempre merecedores de apoio. 

Ainda os Bispos do Brasil lançaram o Documento 82 - Eleições 2006 - Orientações da CNBB, apontando critérios que nos orientam na escolha dos candidatos: 

"1. Saber a posição do candidato em relação à defesa da dignidade da pessoa humana e da vida, em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com a morte. Não se vota em quem é a favor do aborto e da eutanásia. 

2, Deve-se levar em conta tanto a honestidade pessoal quanto à trajetória, voltada para os interesses da coletividade. Não se vota em quem quer um mandato para si e não para o povo. 

3. O candidato deve primarpelos compromissos honrados, por meio, sobretudo, da transparência administrativa. Não se vota em candidato corrupto. 

4. O candidato deve ser preparado, apresentando programa sério de mandato, que deve ser fiscalizado depois das eleições. Não se vota em quem tem interesses particulares. 5. Ficar atento em campanhas financeiras vultosas, que tentam recuperar o que se gastou, depois de eleitos. 

6. Verificar a origem dos candidatos: ambiente familiar, sua ética, seu comportamento moral, sua honestidade e competência,.. Votar em candidatos que tem vínculos com programas de partidos sérios, comprometidos com a mudança social e não aos que estão atrelados a grupos de interesses financeiros,". 

MANDAMENTOS DO ELEITOR 

1. Não vote em candidato que não respeita a dignidade da pessoa. 

2. Não vote em candidato que não respeita o bem comum e visa só o bem pessoal. 

3. Não vote em candidato que não saiba qual o seu papel (no Legislativo e no Executivo). 

4. Não vote em candidato que não tem uma história de militância. 

5. Não vote para agradar amigo, parente ou patrão. 

6. Não vote em quem usa o nome de Deus para ganhar voto. 

7. Não vote em quem quer comprar o seu voto. 

8. Não vote em quem não tem programa sério de governo. 

9. Não vote em quem exagera nos gastos com propaganda. 

10. Não vote em quem explora a boa fé dos eleitores. 

Observação: 

1. Lembro o que tem sido orientado em eleições passadas: Os leigos e leigas que têm uma participação mais efetiva em nossas Comunidades Eclesiais, tais como Ministros Extraordinários da Proclamação da Palavra e da Distribuição da Comunhão, Testemunhas Qualificadas para o Matrimônio, Coordenadores (as) de Comunidades ou outras importantes Funções nas Comunidades, que se apresentarem como candidatos (as) a cargos eletivos, que não usem de seus serviços eclesiais como meio de sua promoção eleitoral e que os Párocos e os Conselhos Pastorais Paroquiais decidam sobre a permanência ou o afastamento dos mesmos em seus serviços pastorais durante o tempo em que se transcorre a campanha eleitoral. 

2. É dever do cidadão e da cidadã acompanhar os passos de seu representante, não abandonar o eleito, mas cercá-lo de atenção crítica, para que o mandato corresponda aos interesses públicos.


Que o Deus da Paz e da Justiça permita acontecer neste tempo da Campanha eleitoral nas cidades de nossa Diocese de Cachoeiro de Itapemirim num clima de serenidade e equilíbrio. Com minha bênção de Pastor desta Diocese.


Dom Dario Campos, OFM Bispo Diocesano.

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