Santa Teresa Benedita da Cruz – Edith Stein,
Deutsche Bundespost (1983)
Carta Apostólica Mulieris Dignitatem
Sumo Pontífice João Paulo II, 1988
[nº21]
A virgindade no sentido evangélico comporta a renúncia ao matrimônio e, por conseguinte, também à maternidade física. Todavia,
a renúncia a este tipo de maternidade, que pode também comportar um
grande sacrifício para o coração da mulher, abre para a experiência de
uma maternidade de sentido diverso: a maternidade «segundo o espírito» (cf. Rm 8,
4). A virgindade, de fato, não priva a mulher das suas prerrogativas. A
maternidade espiritual reveste-se de múltiplas formas. Na vida das
mulheres consagradas que vivem, por exemplo, segundo o carisma e as
regras dos diversos Institutos de caráter apostólico, ela poderá
exprimir-se como solicitude pelos homens, especialmente pelos mais
necessitados: os doentes, os deficientes físicos, os abandonados, os
órfãos, os idosos, as crianças, a juventude, os encarcerados, e, em
geral, os marginalizados. Uma mulher consagrada reencontra desse modo o Esposo, diverso
e único em todos e em cada um, de acordo com as suas próprias palavras:
«tudo o que fizestes a um destes … a mim o fizestes» (Mt 25,
40). O amor esponsal comporta sempre uma singular disponibilidade para
ser efundido sobre quantos se encontram no raio da sua ação. No
matrimônio, esta disponibilidade, embora aberta a todos, consiste
particularmente no amor que os pais dedicam aos filhos. Na virgindade,
tal disponibilidade está aberta a todos os homens, abraçados pelo amor de Cristo esposo.
Em relação a
Cristo, que é o Redentor de todos e de cada um, o amor esponsal, cujo
potencial materno se esconde no coração da mulher, esposa virginal, está
também disposto a abrir-se para todos e cada um. Isso se verifica nas
Comunidades religiosas de vida apostólica e diversamente naquelas de
vida contemplativa ou de clausura. Existem, além disso, outras formas de
vocação para a virgindade por causa do Reino, como, par exemplo, os
Institutos Seculares, ou as Comunidades de consagrados que florescem
dentro de Movimentos, Grupos e Associações: em todas estas realidades, a mesma verdade sobre a maternidade espiritual das
pessoas que vivem na virgindade encontra uma multiforme confirmação. Em
todo o caso, trata-se não somente de formas comunitárias, mas também de
formas extra-comunitárias. Em definitivo, a virgindade, como vocação da
mulher, é sempre a vocação de uma pessoa, de uma pessoa concreta e
única. Portanto, é também profundamente pessoal a maternidade espiritual
que se faz sentir nesta vocação.
Baseado nisto se verifica também uma aproximação específica entre a virgindade da mulher não casada e a maternidade da
mulher casada. Tal aproximação vai não só da maternidade para a
virgindade, como se acentuou acima, mas vai também da virgindade para o
matrimônio, entendido como forma de vocação da mulher, em que esta se
torna mãe dos filhos nascidos do seu ventre. O ponto de partida desta
segunda analogia é o significado das núpcias. Com efeito, a mulher é «casada» quer pelo sacramento do matrimônio, quer espiritualmente pelas núpcias com Cristo. Num e outro caso as núpcias indicam
o «dom sincero da pessoa» da esposa ao esposo. Deste modo — pode-se
dizer — o perfil do matrimônio encontra-se espiritualmente na
virgindade. E se se tratar de maternidade física, não deverá,
porventura, também ela ser uma maternidade espiritual para responder à
verdade global do homem que é uma unidade de corpo e de espírito?
Existem, por conseguinte, muitas razões para ver nestes dois caminhos
diversos — duas vocações diversas de vida da mulher — uma profunda
complementaridade e até uma profunda união no interior do ser da pessoa.
(Fonte: www.vatican.va)
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