Mais de 200 mil fiéis participaram da Vigília de Pentecostes na Praça de São Pedro, no Vaticano

“Não
encontramos a fé no abstrato, mas é sempre um pessoa que prega, que nos
diz quem é Jesus, que dá a fé”, disse o Papa (Foto: L’Osservatore
Romano)
A Vigília Pentecostes realizada na tarde
de sábado, 18, na Praça São Pedro, no Vaticano, superou as expectativas
e reuniu cerca de 200 mil pessoas.
Depois de horas de festa, música e
testemunhos, chegou o momento tão aguardado: a presença do Papa
Francisco, que depois de percorrer a Praça por meia-hora para saudar os
presentes, respondeu a quatro perguntas sobre vários temas.
A primeira dizia respeito a como
alcançar a certeza da fé. Como fez em outras ocasiões, Francisco contou a
sua experiência em família e do anúncio que recebeu de sua avó paterna.
“O primeiro anúncio é feito em casa”, recordou, citando a importância
das mães e das avós na transmissão da fé: “Não encontramos a fé no
abstrato, mas é sempre um pessoa que prega, que nos diz quem é Jesus,
que dá a fé…”.
O Papa descreveu o dia em que sentiu o
chamado para se tornar sacerdote. Era o dia 21 de setembro de 1953, aos
17 anos, “Dia do estudante” na Argentina. Antes de ir a uma festa,
passou em frente a uma paróquia e sentiu a necessidade de se confessar.
Depois dessa experiência, “algo mudou”, “eu não era mais o mesmo”. “A
verdade era que alguém me esperava. O Senhor sempre nos espera!” Estudar
a fé é importante, disse, mas mais importante é o encontro com Jesus.
O anúncio da fé foi o tema da segunda
pergunta, à qual o Pontífice respondeu com três palavras: Jesus, que é o
fulcro da mensagem; a oração e o testemunho.
“Gostaria de fazer uma pequena
observação, mas fraternalmente, entre nós: Todos vocês gritaram
‘Francisco, Papa Francisco’… Mas Jesus, onde estava? Eu gostaria que
vocês gritassem ‘Jesus, Jesus é o Senhor e está no meio de nós!’ A
partir de agora, nada de ‘Francisco’: é Jesus, eh?”
A terceira pergunta foi sobre como viver
uma Igreja pobre e para os pobres. O Papa recordou mais uma vez que é a
Igreja não é um movimento político nem uma ONG. “O valor da Igreja
fundamentalmente é viver o Evangelho e testemunhar a nossa fé. A crise
não é somente econômica ou cultural, mas é a crise do homem. O homem é a
imagem de Deus, por isso é uma crise profunda.”
Nesses momentos, advertiu, existe a
tentação de nos fechar nos nossos problemas, no nosso pequeno, na nossa
comunidade. Mas a Igreja deve sair de si mesma rumo às periferias
existenciais. “Hoje vivemos a cultura do descartável. Pensar que hoje as
crianças que não têm o que comer não fazem notícia. Isto é grave. Isto é
grave. Não podemos ficar tranquilos. Não podemos ser aqueles cristãos
bem educados, que falam de coisas teológicas enquanto tomam chá,
tranquilos: não. Devemos nos tornar cristãos corajosos e ir em busca
daqueles que são a carne de Cristo. Quando damos esmola, olhamos nos
olhos de quem a pede? Tocamos a sua mão ou lançamos a moeda? A pobreza,
para nós cristãos, não é uma categoria sociológica ou filosófica ou
cultural: é uma categoria teologal.”
O Pontífice contou a história de um
rabino do século XII que narra a construção da Torre de Babel, onde os
tijolos eram mais importantes do que os construtores. Quando um tijolo
se quebrava, era um drama e o operário era punido. Mas se um operário se
machucava, isso não era um problema. “Isso acontece hoje: se os
investimentos nos bancos caem, é uma tragédia. Mas se as pessoas morrem
de fome, não têm o que comer ou não têm saúde, não é um problema! Esta é
a nossa crise de hoje! E o testemunho de uma Igreja pobre para os
pobres vai contra esta mentalidade.”
Enfim, a quarta e última pergunta: como ajudar nossos irmãos que sofrem por testemunhar Cristo?
Para anunciar o Evangelho, respondeu,
são necessárias duas virtudes: a coragem e a paciência. Os que sofrem
estão na Igreja da paciência. “Deve-se precisar que muitas vezes esses
conflitos não têm uma origem religiosa; frequentemente têm outras causas
de tipo social e político, e infelizmente as pertenças religiosas são
usadas como gasolina no fogo. Todo homem e toda mulher devem ser livres
na sua confissão religiosa, qualquer que seja. Por que? Porque aquele
homem e aquela mulher são filhos de Deus.”
Fonte: Radio Vaticano
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