sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Do ponto de vista cristão: O que produziu Oscar Niemeyer?

Não se pode dizer com certeza onde alguém que acaba de morrer foi passar a eternidade. É certo que, imediatamente após a sua morte, vem o julgamento particular, e ali é decidido o destino da pessoa: se a glória no Céu, ou a infâmia, no inferno. Mas da sentença, dada em um plano que ainda não nos é acessível, só Deus e o julgado têm plena consciência.
Por isso, é um erro afirmar categoricamente que o arquiteto Oscar Niemeyer, que faleceu no último dia 5, foi para o inferno. É possível dizer que, por sua obstinação ateísta e sua militância no comunismo, o seu destino bastante provável seria este, a perdição eterna. Mas a certeza absoluta deste fato só Deus possui. Além disto, embora raros, arrependimentos e conversões em leito de morte acontecem. Resta confiar a alma de Niemeyer à justiça e à misericórdia de Deus, como recomenda o Catecismo:
“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.”
(Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1861)
NiemeyerÀ parte isto, é preciso deplorar o grande mal feito por Niemeyer ao pensamento e à arquitetura sacra brasileira. Como “humanista” – que foi o adjetivo usado pela Unesco para homenagear Niemeyer -, foi entusiasta dos grandes regimes socialistas, repressores e genocidas. Em entrevista concedida, em 2007, ao Diário do Nordeste, declarou:
“Stalin era fantástico. A Alemanha acabou por fazer dele uma imagem de que era um monstro, um bandido. Ele não mandou matar os militares soviéticos na guerra. Eles foram julgados, tinham lutado pelos alemães. Era preciso. Estava defendendo a revolução, que é mais importante. Os homens passam, a revolução está aí.”
“Em 1994, Michael Ignatieff – então jornalista político, mas depois presidente do Partido Liberal do Canadá – entrevistou Hobsbawm para a BBC. Segundo o historiador, o Grande Terror de Stalin teria valido a pena caso tivesse resultado na revolução mundial. Ignatieff replicou essa afirmação com a seguinte pergunta: ‘Então a morte de 15, 20 milhões de pessoas estaria justificada caso fizesse nascer o amanhã radiante?’ Hobsbawm respondeu com uma só palavra: ‘Sim’.”
Tanto para Hobsbawm quanto para Niemeyer, “a revolução (…) é mais importante”. Que a própria humanidade inclusive! Porque, em nome daquela, esta foi terrivelmente sacrificada, e não se ouviu da boca destes dois pensadores uma palavra de protesto sequer. Resta perguntar, com Reinaldo Azevedo, que humanismo é este, que descaracteriza a dignidade da vida humana e age com indiferença – ou mesmo com elogios – diante das imensas crueldades perpetradas pelos líderes comunistas para implantar suas fantasias tirânicas e virulentas. Definitivamente, não dá pra exaltar o adepto de uma ideologia dessas.
Quanto à obra arquitetônica de Niemeyer, limito-me a reproduzir os comentários de Dom Antônio Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, em seu blog “Encontro com o bispo”:
Dom Antônio Rossi Keller“A meu ver, a intenção do marxista Niemeyer era clara: a ressignificação do sagrado… golpe do marxismo soviético, com seus imensos prédios cheios de… vazio. Expressão de uma alma sem fé: vazio, espaços vazios. Na verdade, a meu ver, era como que um grito de uma alma que teve na infância marcas católicas, mas que, infelizmente perdeu-se em uma ideologia falida. A arquitetura sagrada cristã tem alma, tem quem a habite: é casa de Deus e casa do homem. É lugar de encontro: vê-se, toca-se, sente-se o odor do eterno. Tem Presença, é habitada. Tudo aponta para a eternidade, de certa forma, já presente. A torre é como um dedo apontado para cima, para lembrar o homem que há um Deus e um céu. A abóbada é representativa do céu definitivo. O Átrio representa as portas da eternidade, acolhedoras, abertas. A nave mostra a necessidade do caminho, do estar no mundo, etc. Niemeyer nunca poderia expressar isto em sua arquitetura, não porque não fosse capaz. Mas porque não tinha o dom da fé. Portanto sua arquitetura, a meu ver é cheia de… vazio: bonita, elegante, até digna. Mas, infelizmente, vazia.”
É isto o que produziu Niemeyer: uma arquitetura sacra “vazia”, porque produzida sem “o dom da fé” e contaminada por “uma ideologia falida”.
Igitur ex fructibus eorum cognoscetis eos – “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7, 20), diz Jesus. Os frutos, aqui, não são dos melhores… Que Deus tenha misericórdia de sua alma. Requiescat in pace.

Fonte: Eclesia Una

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