A agressividade é uma força de sobrevivência da pessoa. Esta afirmação traz consigo muitas implicações, pois normalmente temos da agressividade uma ideia negativa, como se ela fosse uma força a ser evitada e não vivida.
A agressividade em si mesma não é nem boa nem má, é
simplesmente uma energia e força interior da pessoa que a impele a
sobreviver. É, portanto, necessária e desejável. Por isso, todos devemos
exercitá-la para usá-la para o bem próprio e comum ao invés de usá-la
para a própria destruição e dos outros.
Um exemplo que parece aclarar o
que dizemos é a gana que tem um jogador de futebol para fazer gols e
levar seu time à vitória. Essa gana interior faz parte da agressividade.
Esse é um exemplo de agressividade bem conduzida. Ao contrário, o
torcedor que destrói o estádio porque seu time foi derrotado, é um
exemplo de agressividade mal conduzida. E assim podemos também entender
que a agressividade em si não é nem boa nem má, e por isso mesmo, não
constitui em si pecado.
O que torna a agressividade boa ou má é a
qualificação do ato da pessoa. Se a usa para uma boa ação é boa, se usa
para a própria destruição ou para a destruição alheia é má e gera uma
ação de pecado.
A agressividade pode e deve ser usada a favor de si mesmo. Não existe
autoconhecimento sem agressividade. Isso porque nem sempre os
sentimentos que querem conviver conosco são sentimentos gratos. Algumas
vezes são detestáveis. E para acolhê-los necessitamos da agressividade.
A
agressividade é uma prerrogativa do amor concreto. Só é capaz de amar a
si mesmo quem é capaz de se conhecer. E só é capaz de se olhar quem
assume com coragem a convivência com os próprios sentimentos, de
tratá-los pelo nome, de convidá-los a entrar para sentar a fim de
estabelecer uma prosa. A coragem de manter uma casa com portas abertas e
janelas escancaradas só tem quem usa sua agressividade. Existem alguns
sintomas de rejeição da agressividade e de seu uso contra si mesmo: a
depressão e o suicídio. A depressão que não é biológica pode ser
resultado de uma agressividade rejeitada e recalcada. E o suicídio é a
manifestação mais grave da agressividade contra si mesmo.
Podemos afirmar com serenidade que Jesus não teria enfrentado a cruz e
doado sua vida pela nossa salvação se não tivesse usado de maneira
positiva a sua agressividade. Foi sua agressividade que o levou a fazer a
vontade do Pai enfrentando a tristeza profunda de perder a própria
vida, como ele mesmo diz no Jardim das Oliveiras. Por isso afirmo outra
vez que a agressividade é uma prerrogativa do amor.
Os desdobramentos em
que o amor se manifesta, os gestos concretos em que se expressa só são
possíveis pela agressividade, pois o eu mais profundo teme perder-se.
Mas pra nós cristãos é quando sabemos perder, que ganhamos tudo.
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