quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sínodo 2012: «Tsunami secular» ameaça campo da evangelização

Lusa
O relator-mor do Sínodo dos Bispos de 2012 diz que a sociedade atual está a ser percorrida por um “tsunami de influência secular” que ameaça destruir o campo de evangelização.

Em declarações reproduzidas esta segunda-feira pela Rádio Vaticano, relativas ao segundo dia de trabalhos da 13ª assembleia geral ordinária sinodal, o cardeal Donald Wuerl alerta para ameaças como o “individualismo”, o “racionalismo” e a “redução drástica na prática da fé” no meio das comunidades.

Para o arcebispo de Washington, a Igreja Católica tem vindo a deparar-se com uma barreira “intelectual e ideológica” que dificulta o anúncio da mensagem de Cristo, já que estão em questão conceitos como o “bem comum” e a “distinção entre bem a mal”.

Se os missionários do passado foram obrigados a percorrer “grandes distâncias geográficas” para levar o Evangelho aos outros, os missionários do presente estão a ser confrontados com “distâncias ideológicas igualmente imensas”, sem sequer saírem do seu bairro, aponta o prelado norte-americano.

No entanto, aquele responsável sustenta que esta mudança foi também favorecida pela atuação da hierarquia católica.

Reportando-se mais concretamente à situação no seu país, o relator-mor recuou às décadas de 70 e 80 do século XX, um período marcado pela “escassez catequética” e por algumas “aberrações” cometidas “na prática da liturgia”.

O prelado norte-americano lembrou também os casos de pedofilia que envolveram sacerdotes e religiosos, considerando que “os pecados de poucos” alimentaram a desconfiança nas estruturas da Igreja.

Apesar do cenário negativo, o cardeal Donald Wuerl considera que ainda é possível dar um novo rumo à relação com Deus, sobretudo através da família, “primeiro elemento constitutivo da comunidade” e “modelo-lugar da nova evangelização”.

Para isso, os cristãos precisam de “superar a síndrome do embaraço” de anunciar Jesus e ao mesmo tempo privilegiar o testemunho, porque evangelizar significa “oferecer a experiência do amor de Cristo” e não “dar uma tese filosófica de comportamento”, aponta o relator-mor.

O Papa inaugurou este domingo a 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que se vai prolongar até ao próximo dia 28.

A iniciativa é dedicada ao tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, contando com a maior presença de participantes na história destes eventos: 262 cardeais, arcebispos e bispos, a que se juntam peritos e outros convidados, incluindo representantes de outras 15 Igrejas cristãs.

Entre os presentes incluem-se dois representantes da Conferência Episcopal Portuguesa: D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego.

Sínodo dos Bispos, criado pelo Papa Paulo VI em 1965, pode ser definido em termos gerais como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo.

Fonte: Agência Ecclesia

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